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06 de Setembro de 2017 às 20:40

Mais vulnerabilidades...

Vulnerabilidade é uma palavra que nos habituamos a ver associada ao sistema financeiro e que, em grande medida, revela as fragilidades e o risco sistémico inerentes ao sector bancário.

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A FRASE...

 

"Ministro da Economia esteve com o presidente da Volkswagen em Milão. Caldeira Cabral mostra-se convicto de que o grupo vai continuar a apostar na fábrica portuguesa."

Lusa, 3 de Setembro de 2017

 

A ANÁLISE...

 

Em síntese, é sinónimo de um equilíbrio frágil que, se não devidamente acautelado, é susceptível de gerar uma onda de choque que, iniciada na esfera financeira, se propaga à economia real, impactando negativamente sobre o PIB e o emprego.

 

Entretanto, a recente greve da Autoeuropa vem revelar outras vulnerabilidades da economia portuguesa e que resultam, exactamente, da fragilidade da sua estrutura industrial. A desproporção de uma empresa face ao resto do tecido produtivo - atomizado e de pequena dimensão -, que se desenvolve na sua dependência, mostra que também aqui deveriam residir preocupações de risco sistémico.

 

Na área industrial, o dinamismo da Autoeuropa - i.e., os aumentos e as diminuições das encomendas - contagia de forma directa todo o universo empresarial que dela se alimenta para sobreviver. Não há capacidade endógena de resposta a choques e perdas potenciais como o anunciado pela greve da Autoeuropa. Na falta de projectos estruturantes e de uma base industrial coesa, continuamos dependentes dos humores do investimento estrangeiro, para construir um ecossistema que alimente o tecido de PME.

 

No turismo, o forte crescimento e a proliferação de muitos pequenos negócios são uma manifestação do mesmo fenómeno, com a diferença de que a dependência se verifica face a um movimento de grande amplitude na procura que, da mesma forma que veio, também pode ir. Malogradamente, se tal acontecer, os efeitos virão de novo em cascata, como mais uma manifestação das nossas fragilidades.

 

É sobre estas vulnerabilidades e como as mitigar que a política industrial se deveria preocupar, se o objectivo for realizar o bem-estar social e um crescimento económico sustentável, e não sucumbir à captura pelas realizações estatísticas de curto prazo.

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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