Opinião
A esquina do Rio
Mais de 40 anos de regime democrático não chegaram ainda para que a política não seja entendida como uma espécie de campeonato de futebol, em que os partidos são os clubes.
Back to basics
Não é boa ideia alguém ter ciência superior e moral inferior.
Arthur C. Clarke
Fanatismos
Mais de 40 anos de regime democrático não chegaram ainda para que a política não seja entendida como uma espécie de campeonato de futebol, em que os partidos são os clubes. Existe em relação aos partidos um fanatismo, que não tem que ver com razões ideológicas, tem que ver com a noção de ter de se defender sempre a agremiação, mesmo que os erros sejam tremendos, que o ideário e a prática de hoje não tenham nada que ver com o que os seus fundadores enunciaram. Na realidade, a política não é um jogo de futebol. Claro que pode ser uma paixão, mas convém que seja racional - se for tão irracional como um autogolo, não vale a pena sequer dar-lhe atenção. Quando olho para o que se passa à volta tenho a sensação de que vivemos, na política portuguesa, num ponto difuso entre duas séries de televisão - os jogos, traições e manobras de "House Of Cards" e as alianças inesperadas de "Borgen". Em honra da produção audiovisual portuguesa às vezes "Madre Paula" também dá um ar da sua graça - quando o poder seduz e paga o que for preciso para fazer o que quer e ter o seu momento de prazer. O problema é que no meio de tudo isto há pessoas que são arrastadas por manobras que não têm que ver com os seus interesses, mas com jogos de poder. Penso que é o que se passa na Autoeuropa. Depois da saída de António Chora, que era do BE, o PCP apressou-se a ocupar o terreno. Em plena negociação, na geringonça, do Orçamento do Estado, o PCP usou os seus sindicatos para mostrar que ainda tem poder, com o claro objectivo de evidenciar que podia impor condições com mais eficácia do que o Bloco. A incógnita disto tudo é perceber como vai Costa terminar este episódio de "Borgen". Vai para o Convento de Odivelas fugir à realidade ou procurará uma manobra de diversão para entalar os que lhe estão próximos, como faz Frank Underwood?
Dixit
"Orgulho-me de ter sido membro de uma CT que começou numa fábrica com 144 pessoas. Saí de lá com 4 mil, contrariamente a muitos sindicatos que entraram com 11 mil trabalhadores e saíram com ninguém, como na Lisnave, CUF ou Quimigal. Tenho muito orgulho no meu trabalho."
António Chora
Coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa entre 1996 e 2016
Semanada
• O relatório de acesso à saúde de 2016 revela que no final do ano passado havia 211 mil pessoas à espera de cirurgia e que o tempo de espera médio foi de 3,3 meses, o maior desde 2011 • O Estado e várias entidades públicas têm cerca de 4.000 imóveis por registar • desde Janeiro houve 12.340 incêndios em todo o país, mais 3.600 que em 2016 e ao todo já arderam mais 72 mil hectares que no ano passado • quase 40 por cento dos incêndios que deflagraram entre 22 e 28 de Agosto começaram à noite • falta de qualidade da comida, distribuição fora de horas e escassez de alimentos são as principais acusações dirigidas pelos bombeiros à forma como têm sido tratados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil, que é a responsável por assegurar a alimentação no teatro de operações • a Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) tinha registados 2.920 órgãos de comunicação no final de 2016, menos 144 do que no final de 2015 • há 652 jornais e revistas, 289 empresas jornalísticas l actualmente existem registados 43 serviços de rádio exclusivamente por "streaming" e seis de televisão online • de acordo com os resultados do primeiro semestre de 2017 do Bareme Rádio da Marktest, um em cada seis portugueses ouviu rádio pela internet nos primeiros seis meses do ano.
Folhear
A Photo España é o maior evento fotográfico da Península Ibérica e promove a realização de numerosas exposições em diversas cidades num período alargado - três meses, do início de Junho a final de Agosto. A Photo España é produzida por uma associação, La Fábrica, dirigida por Alberto Anaut, um jornalista que entre meados dos anos 1970 e meados dos anos 1990 passou por alguns dos maiores jornais e revistas espanhóis. Em 1994 fundou a associação La Fábrica que, em 1995, começou a editar a revista Matador e em 1998 criou a Photo España. Passemos à revista: é editada uma vez por ano, tem 3.000 exemplares destinados aos sócios do clube Matador e outros 4.000 que são distribuídos em pontos de venda seleccionados. A Matador custa 70 euros, pode ser encomendada online e é um objecto impresso absolutamente precioso - uma qualidade gráfica impressionante, grande formato (40x30, 184 páginas). Uma escolha criteriosa de colaboradores, um tema por edição. O deste ano, cuja capa se reproduz, é "O Futuro". A revista conta ter uma vida útil de 28 edições e terminará em 2022, se tudo correr como previsto. Entre os colaboradores estão médicos, arquitectos, futuristas, ambientalistas, cientistas, fotógrafos (como Joan Fontcuberta ou Edgar Martins), gestores culturais, músicos, artistas (como Ai Weiwei) ou biólogos (como Ana Patricia Gomes). Falta dizer que o Club Matador inclui um restaurante e tem um blog (http://clubmatador.com/en/blog/). Espreitem se puderem.
Gosto
Vai haver uma série de selos de correio em Portugal baseados na saga "Star Wars".
Não gosto
Que o Governo se ponha a recomendar o que uma editora de livros deve ou não publicar.
Ouvir
Randy Newman, 73 anos, é um compositor, produtor e intérprete norte-americano que se tornou conhecido pela sua voz e pela forma de cantar, pela ironia das suas canções e pelas numerosas bandas sonoras de filmes que compôs ao longo da vida. O seu disco de maior sucesso "Trouble In Paradise", data de 1983 e tem uma das suas canções mais populares - "I Love L.A.". Nos filmes pôs a sua assinatura nas bandas sonoras de "Ragtime" e em sete produções da Disney/Pixar, entre elas a série de "Toy Story" e ainda no filme de animação "O Sapo e a Princesa", também da Disney. Paralelamente nunca deixou de fazer canções acutilantes sobre temas actuais, com forte cariz social e político. Em 2016, divulgou uma canção sobre Donald Trump intitulada "What a Dick" que fazia comparações entre o tamanho do órgão sexual de Trump e o do próprio cantor ("My dick's bigger than your dick"…) e anunciou que ela estaria no seu próximo disco - "Dark Matter", agora publicado. Acabou por não a incluir e em vez da canção sobre Trump há no entanto uma outra, que data igualmente de 2016, "Putin", que ao som de música tradicional russa, ironiza sobre o Presidente Putin . "Dark Matter" é um disco povoado de reflexões - muitas delas enunciadas na faixa de abertura, "The Great Debate", onde ao longo de oito minutos, numa miniopereta, se degladiam opiniões entre personagens que vão do fundamentalismo religioso aos que não acreditam nas transformações climáticas. Nos nove temas do disco destaca-se a capacidade de arranjos orquestrais de Newman, mas também a sua maneira de fazer canções marcantes, como, além das já citadas, em "Sonny Boy" , "Wandering Boy" e "She Chose Me". E não posso deixar de destacar os arranjos de "Lost Without You" e sobretudo a epopeia musical que é "On The Beach". CD Nonesuch/ Warner.
Arco da velha
Uma operadora de telecomunicações aplicou uma penalização de 139 euros pelo cancelamento do contrato de uma vítima mortal do incêndio de Pedrógão Grande.
Ver
Setembro está aí e já se anuncia o reinício da actividade de diversas galerias. Até lá, aqui ficam algumas sugestões. Começo pelo Centro de Arte Manuel de Brito, em Algés, onde até 17 de Setembro podem ser vistas três exposições: "O Legado de Mário Henrique Leiria", "Os artistas surrealistas na colecção de Manuel de Brito" com obras de, entre outros, António Dacosta, Cruzeiro Seixas, António Quadros, Cesariny e Vespeira (na imagem); e "O Afecto", que agrupa obras oferecidas a Manuel de Brito por nomes como Sonia Delaunay, Árpád Szenes, Vieira da Silva ou Júlio Pomar. Para as três montras do British Bar, ao Cais de Sodré, Pedro Cabrita Reis escolheu para este novo ciclo obras de Miguel Palma, Rosa Ramalho e Pedro Gomes, que ali ficarão até final de Setembro. Na Galeria Zé dos Bois (Rua da Barroca 59, Bairro Alto), está até 23 de Setembro a exposição Cartazes Cubanos do período entre 1960-1980. Na Galeria Pedro Cera (Rua do Patrocínio 67E) está a colectiva "Where and When", com trabalhos de Ana Jotta, Daniel Gustav Cramer, Gil Heitor Cortesão, Luis Paulo Costa e Paulo Brighenti. E finalmente, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Chiado (Rua Serpa Pinto 4), sugiro duas exposições feitas a partir do acervo da instituição: "Vanguardas e neovanguardas na arte portuguesa dos séculos XX e XXI" e "A Sedução da Modernidade", que aborda a influência da literatura na criação artística portuguesa em meados do século XIX.
Provar
Habituados que estamos aos supermercados por vezes esquecemo-nos do encanto dos antigos mercados tradicionais. Num destes fins-de-semana fui a Setúbal, ao belo edifício do Mercado do Livramento, na Avenida Luísa Todi. Logo à entrada uma placa avisa-nos de que o jornal norte-americano USA Today considerou este local como um dos melhores mercados do mundo. Nesta praça, o peixe é rei - ou não fosse Setúbal terra de pescadores. Os balcões de pedra cheios da colheita do mar são uma tentação: chocos, lulas, pregados, garoupas, cantaril e, claro, atum acabado de pescar, de fazer inveja aos japoneses que por ele pagam fortunas. Pedir para cortar bifes de lombo de atum, grossos, e depois braseá-los em casa é uma experiência que não tem comparação possível com o que se consegue em supermercados - fresco ou congelado. Mas os encantos não se esgotam no peixe nem no marisco. As bancadas de legumes e frescos têm molhos de rabanetes com rama, as alfaces são viçosas e fresquíssimas, com uma textura e paladar que também não se compara com o que se vende em sacos de plástico. Em pequenas bancas descobrem-se temperos, sementes comestíveis, um mundo de sabores. E, claro, há bancadas de pães e de doces, que adequadamente convivem com as de queijos e fumados. E o preço? Comparando peça a peça o que se comprou, gasta-se menos no mercado do que num supermercado mesmo em dia de promoções e a frescura e o sabor são outra conversa.
Não é boa ideia alguém ter ciência superior e moral inferior.
Arthur C. Clarke
Fanatismos
Mais de 40 anos de regime democrático não chegaram ainda para que a política não seja entendida como uma espécie de campeonato de futebol, em que os partidos são os clubes. Existe em relação aos partidos um fanatismo, que não tem que ver com razões ideológicas, tem que ver com a noção de ter de se defender sempre a agremiação, mesmo que os erros sejam tremendos, que o ideário e a prática de hoje não tenham nada que ver com o que os seus fundadores enunciaram. Na realidade, a política não é um jogo de futebol. Claro que pode ser uma paixão, mas convém que seja racional - se for tão irracional como um autogolo, não vale a pena sequer dar-lhe atenção. Quando olho para o que se passa à volta tenho a sensação de que vivemos, na política portuguesa, num ponto difuso entre duas séries de televisão - os jogos, traições e manobras de "House Of Cards" e as alianças inesperadas de "Borgen". Em honra da produção audiovisual portuguesa às vezes "Madre Paula" também dá um ar da sua graça - quando o poder seduz e paga o que for preciso para fazer o que quer e ter o seu momento de prazer. O problema é que no meio de tudo isto há pessoas que são arrastadas por manobras que não têm que ver com os seus interesses, mas com jogos de poder. Penso que é o que se passa na Autoeuropa. Depois da saída de António Chora, que era do BE, o PCP apressou-se a ocupar o terreno. Em plena negociação, na geringonça, do Orçamento do Estado, o PCP usou os seus sindicatos para mostrar que ainda tem poder, com o claro objectivo de evidenciar que podia impor condições com mais eficácia do que o Bloco. A incógnita disto tudo é perceber como vai Costa terminar este episódio de "Borgen". Vai para o Convento de Odivelas fugir à realidade ou procurará uma manobra de diversão para entalar os que lhe estão próximos, como faz Frank Underwood?
"Orgulho-me de ter sido membro de uma CT que começou numa fábrica com 144 pessoas. Saí de lá com 4 mil, contrariamente a muitos sindicatos que entraram com 11 mil trabalhadores e saíram com ninguém, como na Lisnave, CUF ou Quimigal. Tenho muito orgulho no meu trabalho."
António Chora
Coordenador da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa entre 1996 e 2016
Semanada
• O relatório de acesso à saúde de 2016 revela que no final do ano passado havia 211 mil pessoas à espera de cirurgia e que o tempo de espera médio foi de 3,3 meses, o maior desde 2011 • O Estado e várias entidades públicas têm cerca de 4.000 imóveis por registar • desde Janeiro houve 12.340 incêndios em todo o país, mais 3.600 que em 2016 e ao todo já arderam mais 72 mil hectares que no ano passado • quase 40 por cento dos incêndios que deflagraram entre 22 e 28 de Agosto começaram à noite • falta de qualidade da comida, distribuição fora de horas e escassez de alimentos são as principais acusações dirigidas pelos bombeiros à forma como têm sido tratados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil, que é a responsável por assegurar a alimentação no teatro de operações • a Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) tinha registados 2.920 órgãos de comunicação no final de 2016, menos 144 do que no final de 2015 • há 652 jornais e revistas, 289 empresas jornalísticas l actualmente existem registados 43 serviços de rádio exclusivamente por "streaming" e seis de televisão online • de acordo com os resultados do primeiro semestre de 2017 do Bareme Rádio da Marktest, um em cada seis portugueses ouviu rádio pela internet nos primeiros seis meses do ano.
Folhear
A Photo España é o maior evento fotográfico da Península Ibérica e promove a realização de numerosas exposições em diversas cidades num período alargado - três meses, do início de Junho a final de Agosto. A Photo España é produzida por uma associação, La Fábrica, dirigida por Alberto Anaut, um jornalista que entre meados dos anos 1970 e meados dos anos 1990 passou por alguns dos maiores jornais e revistas espanhóis. Em 1994 fundou a associação La Fábrica que, em 1995, começou a editar a revista Matador e em 1998 criou a Photo España. Passemos à revista: é editada uma vez por ano, tem 3.000 exemplares destinados aos sócios do clube Matador e outros 4.000 que são distribuídos em pontos de venda seleccionados. A Matador custa 70 euros, pode ser encomendada online e é um objecto impresso absolutamente precioso - uma qualidade gráfica impressionante, grande formato (40x30, 184 páginas). Uma escolha criteriosa de colaboradores, um tema por edição. O deste ano, cuja capa se reproduz, é "O Futuro". A revista conta ter uma vida útil de 28 edições e terminará em 2022, se tudo correr como previsto. Entre os colaboradores estão médicos, arquitectos, futuristas, ambientalistas, cientistas, fotógrafos (como Joan Fontcuberta ou Edgar Martins), gestores culturais, músicos, artistas (como Ai Weiwei) ou biólogos (como Ana Patricia Gomes). Falta dizer que o Club Matador inclui um restaurante e tem um blog (http://clubmatador.com/en/blog/). Espreitem se puderem.
Gosto
Vai haver uma série de selos de correio em Portugal baseados na saga "Star Wars".
Não gosto
Que o Governo se ponha a recomendar o que uma editora de livros deve ou não publicar.
Ouvir
Randy Newman, 73 anos, é um compositor, produtor e intérprete norte-americano que se tornou conhecido pela sua voz e pela forma de cantar, pela ironia das suas canções e pelas numerosas bandas sonoras de filmes que compôs ao longo da vida. O seu disco de maior sucesso "Trouble In Paradise", data de 1983 e tem uma das suas canções mais populares - "I Love L.A.". Nos filmes pôs a sua assinatura nas bandas sonoras de "Ragtime" e em sete produções da Disney/Pixar, entre elas a série de "Toy Story" e ainda no filme de animação "O Sapo e a Princesa", também da Disney. Paralelamente nunca deixou de fazer canções acutilantes sobre temas actuais, com forte cariz social e político. Em 2016, divulgou uma canção sobre Donald Trump intitulada "What a Dick" que fazia comparações entre o tamanho do órgão sexual de Trump e o do próprio cantor ("My dick's bigger than your dick"…) e anunciou que ela estaria no seu próximo disco - "Dark Matter", agora publicado. Acabou por não a incluir e em vez da canção sobre Trump há no entanto uma outra, que data igualmente de 2016, "Putin", que ao som de música tradicional russa, ironiza sobre o Presidente Putin . "Dark Matter" é um disco povoado de reflexões - muitas delas enunciadas na faixa de abertura, "The Great Debate", onde ao longo de oito minutos, numa miniopereta, se degladiam opiniões entre personagens que vão do fundamentalismo religioso aos que não acreditam nas transformações climáticas. Nos nove temas do disco destaca-se a capacidade de arranjos orquestrais de Newman, mas também a sua maneira de fazer canções marcantes, como, além das já citadas, em "Sonny Boy" , "Wandering Boy" e "She Chose Me". E não posso deixar de destacar os arranjos de "Lost Without You" e sobretudo a epopeia musical que é "On The Beach". CD Nonesuch/ Warner.
Arco da velha
Uma operadora de telecomunicações aplicou uma penalização de 139 euros pelo cancelamento do contrato de uma vítima mortal do incêndio de Pedrógão Grande.
Ver
Setembro está aí e já se anuncia o reinício da actividade de diversas galerias. Até lá, aqui ficam algumas sugestões. Começo pelo Centro de Arte Manuel de Brito, em Algés, onde até 17 de Setembro podem ser vistas três exposições: "O Legado de Mário Henrique Leiria", "Os artistas surrealistas na colecção de Manuel de Brito" com obras de, entre outros, António Dacosta, Cruzeiro Seixas, António Quadros, Cesariny e Vespeira (na imagem); e "O Afecto", que agrupa obras oferecidas a Manuel de Brito por nomes como Sonia Delaunay, Árpád Szenes, Vieira da Silva ou Júlio Pomar. Para as três montras do British Bar, ao Cais de Sodré, Pedro Cabrita Reis escolheu para este novo ciclo obras de Miguel Palma, Rosa Ramalho e Pedro Gomes, que ali ficarão até final de Setembro. Na Galeria Zé dos Bois (Rua da Barroca 59, Bairro Alto), está até 23 de Setembro a exposição Cartazes Cubanos do período entre 1960-1980. Na Galeria Pedro Cera (Rua do Patrocínio 67E) está a colectiva "Where and When", com trabalhos de Ana Jotta, Daniel Gustav Cramer, Gil Heitor Cortesão, Luis Paulo Costa e Paulo Brighenti. E finalmente, no Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Chiado (Rua Serpa Pinto 4), sugiro duas exposições feitas a partir do acervo da instituição: "Vanguardas e neovanguardas na arte portuguesa dos séculos XX e XXI" e "A Sedução da Modernidade", que aborda a influência da literatura na criação artística portuguesa em meados do século XIX.
Provar
Habituados que estamos aos supermercados por vezes esquecemo-nos do encanto dos antigos mercados tradicionais. Num destes fins-de-semana fui a Setúbal, ao belo edifício do Mercado do Livramento, na Avenida Luísa Todi. Logo à entrada uma placa avisa-nos de que o jornal norte-americano USA Today considerou este local como um dos melhores mercados do mundo. Nesta praça, o peixe é rei - ou não fosse Setúbal terra de pescadores. Os balcões de pedra cheios da colheita do mar são uma tentação: chocos, lulas, pregados, garoupas, cantaril e, claro, atum acabado de pescar, de fazer inveja aos japoneses que por ele pagam fortunas. Pedir para cortar bifes de lombo de atum, grossos, e depois braseá-los em casa é uma experiência que não tem comparação possível com o que se consegue em supermercados - fresco ou congelado. Mas os encantos não se esgotam no peixe nem no marisco. As bancadas de legumes e frescos têm molhos de rabanetes com rama, as alfaces são viçosas e fresquíssimas, com uma textura e paladar que também não se compara com o que se vende em sacos de plástico. Em pequenas bancas descobrem-se temperos, sementes comestíveis, um mundo de sabores. E, claro, há bancadas de pães e de doces, que adequadamente convivem com as de queijos e fumados. E o preço? Comparando peça a peça o que se comprou, gasta-se menos no mercado do que num supermercado mesmo em dia de promoções e a frescura e o sabor são outra conversa.
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