Opinião
Corrupção na Indústria automóvel: Carlos Ghosn preso no Japão
Muito se tem escrito sobre a fraude e a corrupção, fruto da desregulamentação, na área financeira mas outros setores económicos não estão imunes a este pernicioso fenómeno.
Na sexta-feira passada, dia 21 de Dezembro, Carlos Ghosn, antigo presidente da Renault e da Nissan foi novamente preso pelas autoridades nipónicas por sérias suspeitas de corrupção e fraude. Assim terá que ficar em prisão preventiva, segundo as leis japonesas, pelo menos mais 10 dias.
Carlos Ghosn foi durante anos aclamado como um gestor talentoso, que subiu a pulso na Michelin, e que como dirigente no setor automóvel teria sido responsável pela reviravolta de empresas que pareciam condenadas. Em 2002 a revista Fortune consagrou-o como Homem de Negócios do ano da Ásia. Em Novembro passado foi preso no aeroporto de Haneda em Tokyo.
Ao terminar esta semana o período máximo de detenção provisória Ghosn seria posto em liberdade, mas com esta segunda prisão vai manter-se na cadeia.
O seu braço direito na Administração da Renault-Nissan, Greg Kelly, também se encontra preso no Japão com acusações similares.
A acusação é relativa a acontecimentos ocorridos em 2008 quando a Nissan sofreu prejuízos avultados na ordem dos 16 milhões de dólares, que se julga agora fictícios, e sobre as saídas de fundos da empresa efetuadas entre 2009 e 2012 totalizando 14,7 milhões de dólares e que teriam sido usados para fins pessoais, nomeadamente para a compra de imobiliário pessoal – recorde-se que Ghosn é dono de várias mansões no Brasil, nos Estados Unidos e em França.
Outra acusação que Carlos Ghosn enfrenta é a da entrega declarações fiscais sobre os seus rendimentos pessoais fraudulentas escondendo rendimentos que assim não foram tributados. Fraude fiscal e desbaratamento de bens da empresa são as outras duas acusações.
O combate à corrupção e à fraude para ser bem-sucedido deve centrar-se nos casos em que os valores envolvidos são mais avultados e em que a exposição mediática e a visibilidade publica são maiores por forma a dissuadir potenciais corruptos de levar por diante os seus intentos criminosos. Só provando, com casos julgados de forma célere e com condenações adequadas, que o crime não compensa é que se trava a proliferação a todos os níveis da corrupção.
Economista
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