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07 de Dezembro de 2020 às 18:29

Ainda a polémica em torno de Mamadou Bá

Todos os muitos que se pronunciaram publicamente nas colunas dos jornais sobre as declarações de Mamadou Bá são brancos.

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Ainda a propósito da polémica em torno da intervenção de Mamadou Bá em conferência internacional é interessante notar três factos que moldaram essa discussão e que traçam um perfil sobre a generalidade da comunicação social portuguesa.

 

Primeiro os personagens. Todos os muitos que se pronunciaram publicamente nas colunas dos jornais sobre as declarações de Mamadou Bá são brancos.

 

Segundo a temática. Na sua esmagadora maioria, embora com motivações e argumentos diferentes, todos se manifestaram apenas sobre um único fragmento de uma frase da longa intervenção de Mamadou Bá.

 

Terceiro o contraditório. Nenhum dos múltiplos jornais e revistas que publicaram comentários, muitas vezes injuriosos, sobre o fragmento da frase de Mamadou Bá, publicou ou ouviu Mamadou Bá para que pudesse esclarecer o seu pensamento, defender-se dos ataques, ou simplesmente dizer o que pensa das críticas públicas a que foi sujeito.

 

Estes três factos em conjunto mostram em que direção corre a liberdade de imprensa em Portugal e o estranho sentido que hoje se dá em certas redações à ideia de contraditório e de pluralismo.

 

Numa época em que o racismo está a ser combatido por todo o mundo, numa sociedade tão diversa como sempre foi a portuguesa, este tipo de atuação só pode ser motivo de reflexão por parte das direções de informação, dos jornalistas e da generalidade dos que contribuem com a sua opinião nos diversos órgãos de comunicação social.

 

Uma reflexão séria sobre os caminhos e os desafios do jornalismo de qualidade no mundo atual. Uma leitura atenta de jornais americanos e ingleses de referência pode ajudar a perceber caminhos alternativos.

 

É preciso ouvir mais as comunidades étnicas e evitar que a opinião publicada seja unilateral e, por isso, enviesada.

 

Sem dúvida que ouve louváveis exceções, sendo o Jornal de Negócios, que publicou também opinião favorável a Mamadou Bá, uma delas, mas infelizmente quase a única. E como sabemos uma andorinha não faz a Primavera.

 

Economista

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