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Um país espantoso

Toda a política nacional é um espanto. O PSD, nestes dias de turbulência cultural, inaugurou a sua nova era. Recuperou, como estratégia política, a ideia dos planos quinquenais soviéticos.

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O lírico secretário de Estado da Cultura, Miguel Honrado, desmentiu o primeiro-ministro ("Não percebo porque (Costa) terá ficado surpreendido. Temos tido uma relação muito concreta e directa com o primeiro-ministro neste processo"). Tudo no meio de um discurso bafiento e inútil que tentou esconder a incompetência do Ministério onde, dizem, é o operacional do ministro calado. Porque este, quando fala, parece o Hortelão dos desenhos animados: dispara sobre si próprio. Como quando abriu hipóteses às sempre necessárias "excepções" para disfarçar o dislate da DG Artes. Mas, enfim, é a direcção da Cultura que temos. Mas quando Honrado se admira por António Costa ter ficado "espantado", ou seja, que é um espectador distraído, o espanto contagia-se. Ficamos espantados como é que ainda é secretário de Estado e não foi demitido por Costa.

 

Talvez estejamos a ser piegas. Toda a política nacional é um espanto. O PSD, nestes dias de turbulência cultural, inaugurou a sua nova era. Recuperou, como estratégia política, a ideia dos planos quinquenais soviéticos. Segundo transpirou do seu conclave no Porto, há agora três áreas de "ataque prioritário" ao Governo: os incêndios, o Montepio e a saúde. Tudo ideias inovadoras, como se vê. Entanto, se não houver muitos incêndios em 2018 e dirigentes do PSD aceitarem fazer parte das estruturas do Montepio, percebe-se desde já o sucesso dessa artilharia. O resto parece ser assunto para as redes sociais. Sobre a "opção cultural" do Governo, o PSD disse zero. Não é nada que espante: enquanto presidente da CMP, Rui Rio sempre encarou a cultura como um aperitivo dispensável. Por isso esse tema não faz parte da estratégia da brigada ligeira com que Rio instruiu o PSD. O que custa é que, quando se esperava que o PSD abrisse espaços de debate nacional sobre temas estruturantes da sociedade portuguesa, afinal vai dedicar-se a tocar a mesma tecla do piano. É um dó. Ou mesmo um dó maior.

 

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