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Turquia, um ano depois do golpe

Passou agora um ano sobre a tentativa de golpe de Estado na Turquia. Desde então, Erdogan reforçou o seu poder e os apoiantes de Gülen foram afastados. Que nova Turquia é esta?

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Os golpes passam, mas as suas feridas não cicatrizam facilmente. É o que sucede na Turquia, um ano depois da tentativa de golpe de Estado de 15 de Julho de 2016 que acabou por se transformar numa oportunidade para o Presidente Erdogan reforçar os seus poderes. Desde o início que o governo turco identificou como fonte ideológica do golpe o clérigo islamita Fethullah Gülen, radicado há muito nos Estados Unidos. A tentativa de golpe foi um dos maiores desafios com que a Turquia se defrontou na sua história recente e foi claramente posto em causa pelos milhares de pessoas que, desde a primeira hora, vieram para as ruas contra a tentativa de alguns generais e militares. Ao mesmo tempo, nesses dias, gerou-se uma unanimidade parlamentar raramente vista: os quatro principais partidos do país criticaram os bombardeamentos das forças golpistas. A repressão que se seguiu levou a uma verdadeira limpeza nas estruturas do Estado, já que o grupo de Gülen apostara há muito na utilização de quadros bem preparados que subiram nas diferentes instâncias do Estado turco, sobretudo nos sectores de inteligência.

 

É certo que este espírito de condenação unânime do golpe não se manteve, como provou o plebiscito para o reforço dos poderes presidenciais de Erdogan que dividiu o eleitorado turco quase a meio (sobretudo entre o leitorado urbano e o rural). No meio, claro, surgem as outras questões: a luta contra o Daesh, o problema dos refugiados e migrantes para a Europa, em que a Turquia tem servido como tampão, a guerra na Síria, a ameaça de um estado curdo às suas portas e o interesse regional da Turquia, como se tem visto na crise do Qatar. Ao mesmo tempo, a Turquia faz parte da NATO, num quadro de grande complexidade política e militar no Médio Oriente. Enquanto a Turquia tem pedido inúmeras vezes a expatriação de Gülen aos EUA. As críticas à extensão da repressão (entre presos e demitidos de funções no Estado, alguns sem ligações a Gülen) têm feito parte da pressão interna e externa sobre Erdogan, que tem levado a constante críticas do governo face aos principais partidos da oposição, CHP e HDP.

 

Dorida pela fraca reacção inicial da UE e dos EUA face à tentativa de golpe, Erdogan não tem poupado críticas aos seus detractores. E isso é muito visível nos EUA onde, curiosamente, Gülen é muitas vezes visto como um islamita moderado e amigo dos americanos. A difícil entrada para a UE, o aumento de conflitualidade com a Alemanha, o conflito entre o Qatar e Arábia Saudita, a guerra na Síria e as próprias relações com a Rússia colocaram de novo a Turquia no centro do tabuleiro do Médio Oriente. Mas para ganhar maior peso a Turquia começa a precisar de mostrar que busca a unidade nacional.  

 

China: Portugal como modelo para a Fosun

 

A Fosun entrou em força em Portugal nos últimos anos. E foi crescendo a sua influência no país. A empresa, que em Portugal detém a Fidelidade, a Espírito Santo Saúde e parte do capital do BCP, foi sempre muito ligada à figura do seu líder, Guo Guangchang, que se tornou um dos mais poderosos empresários chineses. A entrada em Portugal aliou-se, de resto, a uma forte aposta no mercado europeu. A entrada da Fosun no nosso país parece estar a servir para que o grupo chinês esteja aqui a construir um laboratório para a sua actuação noutros mercados. É o que se depreende das declarações há dias do seu fundador e presidente ao diário South China Morning Post de Hong Kong. Segundo ele, o grupo Fosun irá utilizar os países de língua portuguesa para testar um modelo de negócio combinando cuidados de saúde com serviços financeiros, na sequência das aquisições efectuadas em Portugal.

 

Recorde-se que as compras do grupo em Portugal se iniciaram em 2014 com a compra por 1,04 mil milhões de euros da Fidelidade, a maior companhia de seguros do país, seguida nesse mesmo ano pela compra da Espírito Santo Saúde e que culminaram com um investimento de 174,6 milhões de euros em Novembro de 2016 na compra de uma participação do Banco Comercial Português. "A primeira compra foi um mero acaso, tendo a Fidelidade sido identificada pelo departamento de busca de possíveis investimentos", disse Guo Guangchang ao SCMP, para acrescentar que a partir desse momento "decidimos delinear uma estratégia no sentido de verticalizar as operações em Portugal." Guo adiantou que controlar uma companhia de seguros, um banco e um hospital permite ao grupo criar o que designou por um "ecossistema de negócios inter-relacionados que criam sinergias mútuas." Mais: "Os segurados da Fidelidade podem receber cuidados médicos na Santo Saúde (actualmente Luz Saúde), enquanto o BCP pode fornecer serviços de financiamento pelo que estas unidades de negócio podem enviar clientes de umas para as outras e crescer de uma forma conjunta", disse Guo ao SCMP. O grupo Fosun pretende agora reproduzir o modelo de negócio criado em Portugal nos países de língua portuguesa, incluindo Brasil, Moçambique e Angola em África, Timor-Leste na Ásia, bem como em Macau.

 

China/Portugal: cooperação e voos directos

 

A China e Portugal acordaram em Lisboa promover a cooperação económica e comercial e o intercâmbio bilateral no âmbito da iniciativa "Uma Faixa e Uma Rota", que pretende revitalizar as ligações históricas que ligaram o Oriente ao Ocidente. Foi também anunciado o início dos voos da Beijing Capital Airlines, do grupo Hainan Airlines (HNA), entre Lisboa e Pequim, a partir do dia 26 de Julho. Na cerimónia, António Costa referiu que o porto de Sines, pela sua posição na Europa, pode ser uma peça fundamental da iniciativa chinesa da Rota Marítima da Seda do Século XXI.

 

Emirates: fim da cooperação com Angola

 

A Emirates pôs termo, com efeito imediato, ao contrato de concessão para a gestão da companhia aérea angolana TAAG devido às "dificuldades constantes em proceder à repatriação das receitas obtidas no país", segundo a companhia aérea. O contrato foi assinado em Setembro de 2014, tendo a Emirates nomeado uma equipa de gestão que tinha por missão fazer com que a companhia aérea de bandeira de Angola regressasse aos lucros através de uma força de trabalho mais reduzida e do redimensionamento da rede de ligações aéreas. A Emirates informou  a redução de cinco para três do número de frequências semanais para Luanda. 

 

São Tomé: mais investimento chinês

 

O presidente de São Tomé e Príncipe, Evaristo Carvalho, disse em São Tomé que a "China representa para o país uma oportunidade excelente para a obtenção de uma nova fonte de financiamento" para o desenvolvimento da sua economia. O chefe do Estado, ao discursar numa sessão comemorativa do quadragésimo segundo aniversário da independência, referiu-se à importância económica do restabelecimento, em Dezembro de 2016, das relações diplomáticas com a República Popular da China em detrimento de Taiwan. "A China representa uma nova fonte de financiamento, que certamente nos permitirá concretizar projectos estruturantes, nomeadamente a construção do porto em águas profundas e um aeroporto de referência internacional para o desenvolvimento da economia", disse o Presidente. 

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