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28 de Novembro de 2016 às 21:07

Turquia e Europa: que futuro?

A Turquia e a União Europeia vão-se afastando cada vez mais. O velho sonho da integração vai-se desvanecendo e só a questão dos emigrantes faz com que exista algum acordo. Até quando?

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Os caminhos entre a União Europeia e a Turquia nunca foram paralelos. Têm passado por períodos de acalmia e alguma sedução e por outros de completo afastamento. Agora vive-se um desses momentos azedos. A votação do Parlamento Europeu a favor de um "congelamento" das relações com Ancara por causa das "perseguições" à oposição no país motivou palavras duras do Presidente Erdogan, ameaçando abrir as fronteiras e deitar por terra o acordo feito para que, em troca de muito dinheiro e uma possível possibilidade de os cidadãos turcos entrarem na UE sem vistos, a Turquia retinha a grande vaga de migrantes africanos rumo à Europa. Sabe-se que muitos dos líderes europeus nunca foram entusiastas da entrada da Turquia na União Europeia e muitas vezes foram atrasando ou criando novas condições para que este país que faz a ponte entre Ocidente e Oriente entrasse no "clube europeu". O certo é que parece agora claro que Bruxelas e Ancara têm queixas uma da outra e não vislumbram qualquer futuro em conjunto. O "negócio" dos emigrantes é outra coisa. Os europeus cometeram um erro quando travaram as ambições europeias de Erdogan (quando este foi eleito), o que levou à progressiva radicalização deste. E aquando da tentativa de golpe de Estado de há meses comportaram-se como se tivessem preferido que ele tivesse ido avante e Erdogan fosse afastado. Este não esqueceu.

 

É por isso que o movimento que liderou desde 2002 e que tinha como uma das principais promessas integrar a Turquia na Europa acabou em pedaços. Não admira porque a Turquia, com os seus interesses muito próprios no Médio Oriente e na Ásia Central, olha cada vez mais para leste. Erdogan prefere neste momento muito mais uma aliança com o Pacto de Xangai (com China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão) do que com a UE, que tudo trava ao sistematicamente protelar de negociações em nome da "democracia" e dos "direitos humanos". O certo é que a Turquia alberga 3,5 milhões de emigrantes que desejam chegar à Europa. Mas há outras variáveis: Martin Schultz vai regressar a Berlim para combater eleitoralmente Angela Merkel e nada como surgir como o defensor das "liberdades" contra a "tirania". A Europa continua sem perceber totalmente a política turca.

 

Médio Oriente: as alianças de Donald Trump 

 

Donald Trump deverá impor uma alteração da política externa americana. Mas as certezas são poucas. Muitas das declarações do Presidente eleito são contraditórias e não parece haver um consenso entre alguns dos seus colaboradores mais próximos e o Pentágono, por exemplo. Seja na Europa, na Ásia ou no Médio Oriente, há muitas dúvidas sobre o caminho de Trump. Jamal Khashoggi, um dos mais conhecidos comentadores da Arábia Saudita, fez há dias uma conferência em Washington onde mostrava o nervosismo saudita. Segundo ele, as mensagens de Trump são contraditórias, especialmente no que tem que ver com o Irão. A Arábia Saudita, apesar de preocupada com as acções do Daesh, está muito mais apreensiva com a presença iraniana na Síria e no Iraque. Trump é, de forma audível, anti-iraniano, mas apoia Bashar al-Assad na Síria, que depende muito do apoio militar iraniano e do russo.

 

Ou seja, para Khashoggi, Riade tem razões para estar preocupada e pronta para algumas surpresas. E deve criar uma aliança sunita entre diferentes países para contrariar um Trump que poderá tornar-se anti-sunita. O Médio Oriente conhece os ziguezagues americanos na zona: depois de George W. Bush teve um Barack Obama que há sete anos, na Universidade do Cairo, trazia nova esperança aos povos locais. Mas agora a ansiedade regressou. Muitos comentadores perguntam-se o que irá fazer um homem que não sabe a diferença entre sunitas e xiitas. A aparente aposta isolacionista de Trump, num mundo globalizado, é outra fonte de problemas. Ao adoptar a estratégia anacronista de Thomas Jefferson no século XIX (e depois seguida pelo Presidente James Monroe), Trump poderá virar o tabuleiro geopolítico do avesso.  A visão hostil, no conjunto, de Trump ao Islão é outro tema que não deixa a elite do Médio Oriente muito sossegada. Ou seja, as dúvidas são inquietantes. 

 

Macau: mais visitantes

 

Macau recebeu mais de 25,54 milhões de visitantes entre Janeiro e Outubro, um acréscimo de 0,2% quando comparado com o número registado no período homólogo de 2015. O número de visitantes da China continental (16,96 milhões) e de Hong Kong (5,30 milhões) nos primeiros 10 meses do ano baixou 0,4% e 2,2%, respectivamente, em termos homólogos, ao passo que o de visitantes da Coreia do Sul (529,57 mil) e de Taiwan (896,34 mil) subiu 16,8% e 9,5%.

 

S. Tomé e Príncipe: aposta chinesa

 

O maior centro comercial de São Tomé e Príncipe, um investimento de um grupo privado da República Popular da China, foi inaugurado em São Tomé. Localizado no centro da capital de São Tomé e Príncipe, o novo centro comercial de cinco pisos tem quase uma centena de lojas. Este centro comercial é o maior projecto de investidores da China em São Tomé e Príncipe desde o corte de relações diplomáticas, na sequência do estabelecimento de relações com Taiwan, em Maio de 1997.

 

China: turismo em Cabo Verde

 

O grupo Bucan Construções e Imobiliária e a Cabo Verde Management assinaram um contrato de obra com a China National Complete Plant Import & Export Corporation para a construção de um estabelecimento hoteleiro na ilha de Santa Maria. O hotel, que será gerido pela cadeia hoteleira espanhola Barceló Hotels & Resorts, terá 1.150 quartos e será construído em duas fases, a primeira das quais a começar em Abril de 2017, indo custar 122 milhões de euros. Este novo hotel do grupo Bucan vai situar-se na área turística de Lacacão, na Zona de Desenvolvimento Turístico Integrado (ZDTI) de Santa Mónica. A associação com o grupo chinês deverá permitir a deslocação a Cabo Verde de maior número de turistas chineses. 

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