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O mistério da Educação

Mário Nogueira é o carcereiro oficial de quem pensa dirigir o Ministério da Educação. Não é um acaso: sabe o seu poder. E é isso que lhe permite manter reféns da Fenprof pais e alunos.

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Há muitos anos que Mário Nogueira é o ministro da Educação de Portugal. Sobreviveu a todos os Governos e a todos os secretários de Estado que com ele conviveram: Maria de Lurdes Rodrigues, Nuno Crato e, agora, Tiago Brandão Rodrigues. Não tendo conseguido ser secretário-geral da CGTP ainda sonha um pouco em vir a ser o líder do PCP. É uma legítima esperança. Mas apesar da dinâmica revolucionária de objecto voador não identificado chamado Stop (um sindicato que parece ter nascido para fazer greves sem fim) e do desafio que ele representa, Mário Nogueira é o carcereiro oficial de quem pensa dirigir o Ministério da Educação. Não é um acaso: sabe o seu poder. E é isso que lhe permite manter reféns da Fenprof pais e alunos, que desesperam para saber se terão notas de avaliação e se se poderão inscrever no ano seguinte. A questão não tem a ver com a qualidade das escolas ou com a forma degradante como os professores têm sido tratados há muito tempo pelos governos e pela sociedade. Tem apenas a ver com dinheiro. E com eleições.

 

Mário Nogueira sabe que os funcionários públicos são um capital eleitoral que nenhum governo pode desprezar. Passos Coelho fez isso e naufragou. Os professores são cerca de 130 mil entre mais de 650 mil funcionários públicos. São muitos votos. Mas, para conquistar a sua simpatia (e a dos sindicatos) é preciso muito dinheiro. Fazer a reposição total das carreiras é uma ficção científica digna de "Da Terra à Lua" de Júlio Verne. Não há dinheiro. Talvez por isso Mário Centeno teve de sair do seu silêncio e dar uma entrevista ao "Público": "Temos um orçamento que é para todos os portugueses e que tem de ser sustentável." Porque Centeno sabe que, no PS, não falta quem ache que, para garantir uma maioria nas eleições de 2019, é preciso acenar com uma cenoura aos potenciais eleitores. É esse o trunfo maior de Mário Nogueira. Num país pobre mas onde se julga que há uma fábrica de dinheiro em São Bento, todos sabem quem mereciam mais e melhores remunerações. Só que o dinheiro é finito.

 

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