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It's a Sinn!

Os irmãos Grimm criaram algumas das fábulas mais conhecidas da cultura alemã. Numa delas, "O Ganso de Ouro", uma fada usa a sua varinha mágica para que o ganso de um velho solitário passe a dar ovos de ouro. Mais tarde este, já rico, pensou que o ganso deveria ter dentro dele milhares de ovos de ouro. Matou-o e aí descobriu que o ganso era igual aos outros. Desesperado, pediu à fada para voltar. Mas ela não voltou.

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O euro foi o ovo de ouro da Europa que queria criar um instrumento político unificador e a paz no continente. Satisfeita, a Alemanha, para quem o euro já cumpriu o seu dever cívico, começa a pensar que toda esta Europa unida pelo euro é um fardo que lhe faz doer as costas.

 

É assim que se compreende melhor as palavras do líder de uma das facções do pensamento alemão actual, Hans-Werner Sinn, que julga que, garantidos os mercados e conseguida a destruição da indústria dos países do sul depois de os ter comprado com o dinheiro fácil como Mefistófeles, os pode agora dispensar. Para ele o ganso de ouro já deu todos os seus ovos e países como Portugal, ou empobrecem drasticamente (à custa de uma desvalorização interna insuportável) ou são democraticamente chutados do euro.

 

Sinn, claro, confunde o sangue assim derramado com ketchup. Como se não fosse para combater a pobreza e para se criar uma verdadeira solidariedade que nasceu também o sonho europeu. O que Sinn diz é um pecado capital disfarçado de expiação: para ele só a dor iliba a culpa dos sulistas. "It's a sin", cantariam os Pet Shop Boys. Mas Sinn, no alto da sua avara sapiência, mostra que alguma Alemanha já esqueceu os irmãos Grimm. Ao matar o ganso europeu, o euro deixará de dar ovos de ouro.

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