Opinião
Irão: o inimigo público de Trump
O Irão está na mira da administração Trump, como começa a ser visível. Mas até que ponto isso não irá pôr em causa a luta contra o Daesh?
As reacções de Donald Trump e de Michael Flynn contra os testes de mísseis do Irão na semana passada são o primeiro sinal da nova política americana para o Médio Oriente. Até agora apenas se tinha a certeza de que a derrota do Estado Islâmico, ou Daesh, era a principal prioridade da nova administração. E presumia-se que a Casa Branca e o Kremlin iam tentar estabelecer uma acção coordenada contra o Daesh. Além disso já ficou evidente que os EUA já estabeleceram ligações com Israel, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos sobre a situação no Médio Oriente. O Irão está claramente fora da equação de Trump, voltando-se a uma política americana que só começou a vacilar com os acordos sobre o nuclear iraniano. Ou seja, Teerão é o "inimigo público" de Washington. Não deixa de ser interessante para se perceber melhor este agravamento das relações entre os EUA e o Irão que as forças aradas americanas tenham feito exercícios militares navais durante três dias junto às águas iranianas, simulando ataques deste possível inimigo, no início de Fevereiro. Mais determinante ainda para se perceber a situação: antes da declaração de Michael Flynn sobre o Irão, este consultou o secretário da Defesa, James Mattis, que telefonou de imediato ao príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman.
Quem ficou encerrada no seu labirinto foi a ONU (e, claro, António Guterres, como secretário-geral), já que a declaração de Flynn não esperou por qualquer relatório da ONU sobre os testes de mísseis pelo Irão. Flynn disse logo que estes eram feitos como "desafio" à resolução 2231 da ONU, ultrapassando quando decisão do Conselho de Segurança, e mostrando que os EUA acham que podem actuar unilateralmente. Ao definir o Irão como centro do terrorismo (dizendo mesmo que ele é a "fonte" do conflito no Iémen, o que não é claro), os EUA tentam afastar o Irão do futuro do Médio Oriente. Mas o problema é que para combater o Daesh o Irão (e os seus aliados xiitas) é fulcral, sobretudo na estratégia russa, como se tem visto na Síria. As conversações de Astana mostraram isso (incluíam também a Turquia): o Irão é fulcral para a Rússia. Ou seja, até que ponto esta estratégia de Trump vai contra uma possível coligação dos EUA e da Rússia frente ao Daesh?
Japão: aumento da capacidade militar
A chegada de Trump ao poder fez com que se tornasse menos clara a posição dos EUA em termos geopolíticos nos mares da China. E isso está a fazer com os habituais aliados dos EUA na região estejam a reflectir sobre o seu futuro. O secretário da Defesa, James Mattis, visitou Tóquio e encontrou-se com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, e este referiu que o Japão vai desenvolver esforços para aumentar as suas capacidades militares, quer em qualidade como em quantidade. De acordo com as últimas informações disponíveis, o Japão vai aumentar a sua despesa militar a médio e longo prazo em resposta à cada vez maior afirmação da China na região.
O Japão está a estudar a possibilidade de trabalhar em conjunto com os EUA para desenvolver armamento, incluindo caças. As duas partes sublinharam que a aliança entre ambos os países é importante para manter a paz e a estabilidade na região da Ásia-Pacífico sobretudo face à tensão criada pelo arsenal nuclear da Coreia do Norte e também pela crescente presença militar da China nas águas dos mares que são uma das maiores zonas de transporte marítimo comercial do mundo. O Japão está a preparar o seu plano de estratégia militar para o período entre 2019 e 2023 e um dos temas em cima da mesa é o crescimento da percentagem dedicada à defesa no OE do país. Recorde-se que desde a II Guerra Mundial o Japão tem apenas forças de autodefesa, mas desde que Abe é primeiro ministro tem-se visto um reforço e alargamento das suas capacidades. Entre os sectores que poderão beneficiar do aumento do orçamento militar estará um novo sistema antimísseis. Além disso, em conjunto com os EUA, o Japão deverá focar-se na construção de caças e drones. Uma nova estratégia para o futuro.
Turquia: mais turistas russos
Ao mesmo tempo que foi anunciado que a ocupação hoteleira na Turquia foi a mais baixa da Europa em 2016, com apenas 50,8% de ocupação de quartos, abriu as portas em Istambul a EMITT (feira de turismo no Mediterrâneo oriental). O sector turco do turismo está confiante de que 2017 corra melhor com um aumento significativo da chegada de turistas da Rússia, Ucrânia, e Holanda. A Rússia é mesmo vista como a salvadora do turismo turco. Os primeiros dados de 2017 mostram já um aumento significativo de reservas vindas da Rússia, sendo o dobro das de 2015.
China: investe em Angola
Empresários da China vão investir em Angola nos sectores educativo, sanitário e agro-industrial nos próximos anos, anunciou o presidente da Câmara de Comércio Angola/China (CAC). Arnaldo Calado disse que os empresários chineses têm agora a atenção virada para aqueles sectores, considerados fundamentais para o desenvolvimento da economia, depois de no passado terem estado concentrados nos sectores de construção, comércio e prestação de serviços.
Macau: receitas de jogo sobem
Os casinos de Macau fecharam em Janeiro com receitas de 19,255 mil milhões de patacas, uma subida de 3,1 por cento face ao período homólogo de 2016. Este é o sexto mês consecutivo em que as receitas dos casinos denotam uma subida, após 26 meses de quedas anuais homólogas da principal indústria do território. Os casinos de Macau fecharam 2016 com receitas de 223,210 mil milhões de patacas, uma queda de 3,3 por cento face ao conjunto de 2015. Os resultados de Janeiro foram anunciados poucos dias depois de o presidente executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Ambrose So, ter dito que espera que o Ano do Galo traga "crescimento renovado e prosperidade".