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Disneylândia em Washington 

Trump é cada vez mais uma ameaça para o convívio entre nações, num mundo em que muitas questões (das ambientais às dos direitos humanos) requeriam uns EUA activos e sóbrios.

Art Buchwald foi um fabuloso cronista americano que, durante anos, foi publicado em Portugal nas páginas de O Século e de O Dia. Aprendi muito com a sua ironia sublime. Nestes dias reli algumas das suas notáveis prosas. E, numa delas, ele mostrava a sua perplexidade com a irrealidade que o circundava: "Não é um tempo fácil para os humoristas porque o governo é muito mais divertido do que nós." Art Buchwald não viu a ascensão de Donald Trump nem a sua forma de tentar transformar um Estado e um governo federal numa empresa privada unipessoal em que ele é o CEO. A demissão do secretário de Estado, Rex Tillerson, anunciada no Twitter, é apenas o último episódio da destruição de Washington e da transformação dos EUA numa Disneylândia.

 

Trump está convencido de que um governo e um Estado se gerem, interna e externamente, como uma empresa. Cada vez mais a Casa Branca é um forte do tempo da "última fronteira". De lá vão voando as últimas "pombas" (como cantaria Prince), como é o caso de Tillerson, que ainda acreditavam que, apesar de Trump, era possível suavizar a postura de Hulk do homem. Não é. Desse grupo de "pombas" já só parecem restar os generais Matthis e McMaster. Resta saber se sobrevivem ao vendaval. Mais sombrio é a relativização por Trump do departamento de Estado em favor da comunidade dos serviços secretos, no caso da CIA. Ou seja, para ele as lógicas diplomáticas são irrelevantes. Nada substitui a análise secreta e a decisão unipolar. Trump é cada vez mais uma ameaça para o convívio entre nações, num mundo em que muitas questões (das ambientais às dos direitos humanos) requeriam uns EUA activos e sóbrios.

 

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