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Da guerra comercial à das estrelas

As empresas europeias, de aviação e de petróleo, estão a debandar do Irão para não serem sancionadas pelos EUA, mas até onde isto levará? 

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O discurso de Donald Trump baseia-se em guerras: a guerra comercial e a guerra das estrelas, como prova a sua vontade de criar um novo ramo, espacial, do exército americano. Não compreendendo o mundo sem conflitos, onde tem de haver um vencedor e um perdedor, a sua estratégia baseia-se neste equívoco.

 

O seu conflito comercial com a China ameaça o equilíbrio mundial, mas também unir todos os seus antigos aliados à volta de Pequim e dos interesses globais desta. A guerra de tarifas com a China poderá ter como desenlace uma possibilidade real de o Japão e a Europa ganharem quota de mercado no crescente mercado automóvel chinês e deslocar parte da inovação para os automóveis eléctricos, contrariando as apostas nas energias fósseis por parte dos EUA.

 

Com a guerra com a Turquia passa-se o mesmo: em auxílio de Ancara vieram o Qatar e os chineses, ambos com empréstimos de biliões de dólares. Na China, comenta-se que esta crise é uma excelente oportunidade para integrar a Turquia no contexto da "Uma Faixa, uma Rota".

 

A pressão ensurdecedora de Trump sobre Angela Merkel para não acordar a construção do gasoduto Nord Stream II teve como consequência o encontro entre Merkel e Putin, que incluiu um acordo para a reconstrução da Síria. Só o bloqueio americano ao Irão parece encolher a Europa (por causa das suas empresas no mercado americano) para que a ruptura seja maior. Mas se as empresas europeias vão deixar de segurar as cargas de petróleo iraniano, as seguradoras chinesas já disseram que as substituem. A Índia fez a mesma oferta. Mais do que isso: o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, veio defender um novo sistema internacional de pagamentos, um novo sistema interbancário de transferências e um Fundo Monetário Europeu, para proteger os negócios e as empresas europeias das sanções americanas. Até agora nenhum governante europeu tinha proposto algo tão radical como isto. As empresas europeias, de aviação e de petróleo, estão a debandar do Irão para não serem sancionadas pelos EUA, mas até onde isto levará?

 

Questões tácticas podem aproximar a China da Europa e do Japão. E aquela pode muito bem abrir parte do seu mercado para pressionar os americanos. Empresas como a BMW, a BASF e a Siemens já anunciaram a possibilidade de criação de "joint-ventures" na China e a deslocação e fábricas para lá. A Toyota e a Nissan já declararam que vão aumentar a sua capacidade de produção na China. A General Motors poderá ser a vítima maior desta guerra.  

 

Arábia Saudita: quando será o IPO da Saudi Aramco?

 

É o maior tesouro da Arábia Saudita. E sabe-se que é muito apetecível. Tanto assim é que, diz-se, a maior aproximação de Washington a Riade tem que ver com a tentativa de que a oferta pública de venda de acções (IPO) da petrolífera saudita seja feita nos EUA. Fala-se que o valor a colocar em bolsa será de 2 triliões de dólares. Mas nos últimos tempos têm sido demasiadas vozes a dizer que o IPO poderá ser cancelado. As últimas informações dão como certo o afastamento dos conselheiros financeiros da operação. Mas o ministro da energia saudita, Khalid al-Falih (que também é "chairman" da Saudi Aramco) reafirmou a ideia de que a entrada em bolsa irá em frente, mas recusou-se a dizer quando isso aconteceria. Garantiu que o governo da Arábia Saudita está à espera das melhores condições de mercado. Isto não pode ser dissociado da pressão extrema dos EUA sobre o Irão, que, de acordo com um conselheiro de Trump, começa por tentar reduzir a zero as exportações petrolíferas de Teerão.

 

Londres também está bastante interessada em garantir para a City o local da colocação das acções da Aramco em bolsa, concorrendo com Nova Iorque e Hong Kong. Há muitas dúvidas sobre o potencial de valorização da empresa. Quando o príncipe Mohammed bin Salman anunciou, em 2016, os planos para vender 5% da Aramco, o valor avançado foi de 2 triliões de dólares. Muitos analistas questionam se esse valor é realista e isso terá causado opiniões divergentes dentro da equipa que preparou o IPO. Esta iniciativa é considerada uma parte vital da transformação económica da Arábia Saudita, o projecto Vision 2030, que pretende uma menor dependência do petróleo na economia saudita.

 

China/Angola: acordo militar

 

Angola e China vão criar uma "joint- venture" na área da indústria militar com vista ao reequipamento e requalificação das infra-estruturas das Forças Armadas angolanas . O anúncio foi feito por Xu Zhanbin vice-chefe da Administração Estatal de Ciências, Tecnologia e Indústria de Defesa Nacional da China no final da 5.ª reunião do comité conjunto de cooperação da ciência, tecnologia e indústria de defesa Angola-China realizada quinta-feira em Luanda. Xu Zhanbin lembrou que os dois países  iniciaram em Janeiro de 1983 o aprofundamento da cooperação no domínio político, económico e da defesa. 

 

Macau: mais turistas

 

Macau recebeu nos sete primeiros meses do ano cerca de 20 milhões de visitantes, na sua grande maioria da China Continental, o que representa um aumento de 7,4% em relação ao mesmo período de 2017. Dos 19.848.487 visitantes, cerca de 13,8 milhões eram provenientes da China continental, o que representa um aumento de 12,3% em relação aos primeiros sete meses de 2017. Entre Janeiro e Junho, Macau recebeu cerca de 627 mil visitantes de Taiwan, 3,5 milhões de Hong Kong, 483 mil da República da Coreia e 114 mil dos EUA. Em Julho, Macau recebeu 3 milhões de visitantes o que representou um crescimento de 16,6% em relação a igual mês de 2017. A maioria das entradas dos visitantes, cerca de 1,8 milhões, foi feita por via terrestre através das Portas do Cerco e da Ponte Lótus que liga Macau à ilha de Hengqin.

 

Timor-Leste: aposta no mar

 

O Presidente de Timor-Leste, Francisco Guterres Lu-Olo, defendeu que o país deve apostar cada vez mais no mar e na sua exploração uma vez que se trata de um importante recurso económico. O Presidente, que falava na abertura da 1.ª Conferência Internacional sobre os Assuntos do Mar, que teve como tema "Timor-Leste: O Século do Mar", considerou que o mar é um desígnio nacional e defendeu que devem ser desenvolvidas políticas nesse sentido. O Presidente rejeitou a ideia de que Timor-Leste é um pequeno país, dado que a sua plataforma continental é "bastante grande". Por isso, deve ser visto "como um país de articulação transoceânica, que se situa numa das quatro rotas comerciais marítimas mais utilizadas na ligação entre os oceanos Índico e Pacífico, facto que acentua o seu potencial geoestratégico".


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