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China/EUA: a guerra comercial

A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China promete não ter um resultado de soma zero. As duas economias estão demasiado interligadas para que exista um vencedor.

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A guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, fomentada pela estratégia de "América Primeiro" de Donald Trump, parece ir causar mais vítimas do que vencedores. Um dos produtos que poderá sofrer danos colaterais da anunciada carga fiscal sobre 200 mil milhões de dólares de importações da China será o iPhone. Feito, na generalidade dos casos, na China, tem um custo de produção muito reduzido. Mas quando chega aos EUA apresenta um custo de 240 dólares, o que contribui de forma brutal para o défice comercial americano. Estimativas referem que o iPhone contribuiu, no ano passado, para um défice de 15,7 mil milhões de dólares. Ou seja, estas acções de Trump prometem resultados devastadores no consumidor americano.

 

Há outros casos interessantes: os sapatos de Ivanka Trump são desenhados nos EUA mas produzidos na China, o que indica o grau de complementaridade das duas economias. A promessa de que os empregos voltariam aos EUA é duvidosa: as empresas tenderão a recolocar as suas fábricas em países de mão-de-obra barata. Mas mesmo que as fábricas voltem, os empregos serão diminutos, porque será feita uma aposta na robotização. Por outro lado a China é hoje fundamental na cadeia de produção de componentes (algo que é vital para a Boeing e para a General Motors). O volte-face de Trump sobre a tentativa de banir as vendas da tecnológica chinesa ZTE mostra isso: ela absorve 60% de empresas americanas como a Qualcomm, SanDisk e Skyworks. Que teriam de despedir trabalhadores.

 

A China, que está a aumentar a sua influência no Pacífico graças à política de alienação de aliados seguida por Trump, está a denotar alguma irritação. Não avançará para medidas drásticas, como colocar a sua grande percentagem de obrigações do Tesouro americano no mercado, mas tem argumentos. Tem replicado com medidas que afectam sectores da economia americana, sobretudo nas regiões onde Trump é maioritário. Por outro lado a China está a desenvolver uma aproximação à Europa que possa contrabalançar a fricção entre Bruxelas e Pequim com Washington. O Deutsche Bank teve agora direito a uma licença para operar com obrigações na bolsa de Xangai e a BMW poderá vir a poder controlar uma parceria para a produção de automóveis na China. A luta vai continuar.

 

Líbia: um país sem Estado

 

A crise migratória fez com que muitas vozes da União Europeia pedissem que a Líbia, a troco de dinheiro, funcionasse como centro de controlo daqueles que buscam do outro lado do Mediterrâneo o seu destino. Só que olhando para a Líbia de hoje, resultado da desastrosa política americana e europeia que redundou na queda de Kadhafi, verifica-se que é um país sem Estado, refém de senhores da guerra. Uma das grandes "esperanças" do Ocidente é o marechal Khalifa Haftar, que nos últimos dias fez uma série de acções que causaram o bloqueio das exportações de petróleo e puseram em causa o "status quo" doméstico. Depois de uma tentativa falhada das forças do radical Ibrahim Jadhran para capturar vários portos de exportação petrolífera na região do Crescente Petrolífero do país, Haftar anunciou que todos os portos do leste sob sua administração passariam a ser geridos pela ilegal National Oil Corporation de Bengazi em vez de o ser pela NOC de Tripoli, que é reconhecida pela ONU. Haftar está contra o governo de Tripoli, reconhecido pelas instâncias internacionais, e justificou a sua atitude como uma forma de luta contra a corrupção e a distribuição de receitas do Banco Central da Líbia, que funciona como verdadeiro Ministério das Finanças da Líbia. Mas, na realidade, isto é um desafio à comunidade internacional.

 

Com isto Haftar reforçou a sua legitimidade do leste da Líbia, onde se vê desafiado por algumas tribos locais (o país tem uma forte base tribal, que só Kadhadi conseguiu de alguma forma unificar). A economia líbia está à beira do colapso e o bloqueio à sua capacidade de exportação de petróleo será catastrófica para a população, já que implicaria ainda mais aumentos dos bens essenciais. É neste quadro de instabilidade que se move a política europeia para a Líbia e para a zona mediterrânica. Onde continua a não ter uma estratégia clara.

 

Xi Jinping: visita Portugal em Dezembro

 

O Presidente da República Popular da China Xi Jinping vai visitar Portugal no início de Dezembro, poucas semanas antes de se iniciar, em 2019, o Ano da China em Portugal e o Ano de Portugal na China. Em 2019 comemoram-se quatro décadas das relações diplomáticas entre Portugal e a China, mas também 20 anos do regresso de Macau à administração chinesa.

 

China: aposta no Brasil

 

Os projectos já confirmados de investimento de empresas da China no Brasil no decurso do primeiro semestre ascenderam a 1.343 milhões de dólares, número que representa um acréscimo de 343% relativamente aos 302,9 milhões de dólares contabilizados no período homólogo de 2017. Relativamente aos projectos anunciados os valores divulgados são relativamente semelhantes, com 286,49 milhões de dólares no primeiro semestre de 2018 e 198,87 milhões de dólares no período homólogo de 2017. De 2003 a Junho de 2018 as empresas chinesas anunciaram 161 projectos de investimento no Brasil com um montante de capital a aplicar de 71,5 mil milhões. Em Maio/Junho de 2018 foram anunciados três projectos, um deles da China State Grid e outro da China Three Gorges.

 

Macau: BNU acorda com CGD

 

O Banco Nacional Ultramarino (Macau) assinou um acordo de cooperação com a sua accionista, a Caixa Geral de Depósitos (CGD), para através da rede das duas instituições obter e partilhar informação de mercado sobre a China e os países de língua portuguesa. O Banco Nacional Ultramarino (Macau), que faz parte do grupo estatal português, é um dos dois bancos emissores de Macau, estando igualmente presente em Zhuhai-Hengqin e em Xangai, dispondo de uma forte plataforma para estabelecer a ligação da China e de Macau com os países de língua portuguesa.

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