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A independência do CFP

Nos últimos dias, o timbre dos bardos políticos tem-se elevado por causa da independência de algumas instituições. No caso do Banco de Portugal e do Conselho das Finanças Públicas (CFP). É uma lacrimejante preocupação que toca o coração dos portugueses.

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O país precisa de instituições independentes e não de correias de transmissão dos poderes instalados. Mas, claro, todos falam mas poucos praticam as suas ínclitas palavras. Sobretudo alguns que agora pedem a independência do BdP e do CFP. Sobre a independência lembramos um pequeno episódio. Em finais da década de 1920, o Banco de Portugal estava a ser reorganizado. E o Banco de Inglaterra tentou utilizar o Barings, um banco habituado a fornecer liquidez a Portugal, para ser parte integrante do processo. Oliveira Salazar, que não desejava ter ouvidos e mãos estrangeiras numa instituição central nacional, deixou o Banco de Inglaterra a falar sozinho. Fez bem.

 

Agora outros valores de "independência" parecem ser hegemónicos. A gritaria por causa do Conselho das Finanças Públicas, criado em 2011, num período crítico para o país, merece alguma reflexão. No seu órgão central tem assento um professor alemão, o que não deixa de ser sintomático sobre o período em que foi nomeado. Teve a sua nomeação algo que ver com a nossa curvada atitude perante a Alemanha? Embrulhada na discussão ficou a nomeação de novos membros para o CFP, incluindo a célebre Teresa Ter-Minassian, que fez toda a sua carreira no FMI. E que seria sempre uma voz sonante da ideologia que o organismo de que fez parte sempre defendeu. É a isto que se chama "independência" de um organismo como o CFP, que deve ter um papel de análise sensata das finanças portuguesas? É nestes momentos que os que batem no peito como Tarzan pela "independência" deveriam olhar para a História.

 

Grande repórter

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