As máquinas vão ou não ficar mais inteligentes do que as pessoas? Em muitas actividades já são mais inteligentes do que as pessoas; nos mercados financeiros, nas fábricas industriais, onde muito do trabalho é feito por robôs, ou a jogar xadrez; desde 1997, quando o computador Deep Blue venceu o campeão mundial Gary Kasparov, que os triunfos da inteligência artificial se têm acentuado.

Em actividades específicas, sujeitas a codificação crescente, a inteligência artificial, os robôs, tenderão a dominar. No entanto, isto não quer dizer que um robô esteja perto de se parecer com uma pessoa. O robô Sofia, que toda a gente viu na televisão e muitos viram ao vivo em Lisboa, é uma actuação. O robô não sente coisa alguma, não tem consciência de si mesmo, nem enquanto pessoa, nem enquanto robô. É interessante naquilo que é, sem dúvida; mas está longe de se aproximar do que sugere ser: uma pessoa.

Inteligência não é consciência: este é um aspecto central para se perceber o rápido avanço da inteligência artificial. Inteligência é a capacidade de resolver problemas. Consciência é a capacidade de sentir esses problemas, de sentir a existência, a nós mesmos e ao mundo.

O ser humano é o ser vivo mais inteligente e mais consciente - as duas qualidades têm andado juntas na evolução da vida. "Mas estão a separar-se," comenta Yuval Harari, historiador israelita, autor da obra Homo Deus. A inteligência artificial avançou muito, "mas na consciência artificial o progresso foi zero", acrescenta Harari. Nada nos últimos anos, defende Harari, sugere que as máquinas estejam a aproximar-se do mais rudimentar desenvolvimento de consciência. Não quer isto dizer, evidentemente, que depois da internet a inteligência artificial não venha a ser a causa da próxima grande vaga de mudança societal.