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20 de Dezembro de 2018 às 20:40

Quem vive do passado é museu

No filme "A Ponte dos Espiões", realizado por Spielberg, há um personagem central, um tipo franzino acusado de alta traição que, mesmo sabendo que a sua condenação poderá levar à pena de morte, mantém-se completamente despreocupado.

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Quando confrontado por não estar nervoso, olhava no fundo dos olhos do interlocutor e dizia: "Adianta? É que, se adiantar, eu fico..."

 

A vida é assim. Stress nada resolve. Stress é problema, nunca solução.

 

Passei o ano inteiro com um irritante otimismo que se sobrepôs a qualquer evento negativo que tenha acontecido.

 

Até achei 2018 um ano jeitoso, diferente do funesto 2016 (que nos levou David Bowie, Leonardo Cohen e tantos outros). Achei este um ano vigoroso (mesmo que isto tenha tirado do armário os piores sentimentos políticos de algumas pessoas; ao menos saíram do estado de torpor).

 

Como já disse sobre um ano muito antigo, 2018 vai ser lembrado como um ano em que nada foi resolvido, em que o planeta esteve onde sempre esteve, mas, como diria Galileu, no entanto, moveu-se.

 

Vamos ter saudades de 2018? Talvez.

 

Costumamos querer recordar do passado como o tempo em que as coisas eram mais bonitas, melhores, mais ricas. As nossas memórias são sempre em polaroids antigas, descoloridas pela ação dos anos. A crueza daquilo que é contemporâneo são imagens que não temos dificuldade de lidar e deixar ocupar espaço no disco rígido das nossas almas.

 

2019 está aí à nossa frente prestes a acontecer. E vai acontecer. Porque, fora quem trabalha em museu, ninguém vive de passado.

 

Como afirmava Gandhi: "Não sou um utópico, sou um idealista prático." Ou Churchil: "Eu sou um optimista. Não me parece muito útil ser outra coisa." Ou o meu Tio Olavo, citando Armando Nogueira: "É sempre melhor ser optimista do que pessimista. Até que tudo dê errado, o optimista sofreu menos."

 

É isso aí: 2019 ainda não deu errado. Pode ser que dê certo. Todos os anos há sempre a hipótese de tudo dar certo. Quem sabe não é dessa vez. Canja de galinha e de esperança nunca fizeram mal a ninguém.

 

Tenha um feliz 2019. E o mais importante: tente ter.

 
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Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico

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