Opinião
Mutualidades, economia social e eleições europeias
Há que ver quem nos defende, quem está disposto a lutar por nós cidadãos, pela defesa da nossa cidadania, pela defesa da economia social, das suas organizações, pelo modelo social europeu, pela defesa dos direitos sociais e, como se propõem fazê-lo… lá, em Bruxelas.
A tradicional apatia dos portugueses perante as eleições europeias não nos deixa descansados. Nem a nós, nem a todos aqueles que de alguma forma têm conhecimento da influência que as eleições europeias podem ter nas nossas vidas e na vida das organizações que integram o universo da economia social, onde sobressaem as mutualidades.
O último mandato dos órgãos eleitos da União Europeia foi um eloquente exemplo disso mesmo. Na verdade, no fim do mandato anterior a esse, o que terminou em 2014, havia legítimas expectativas provenientes da Comissão Europeia, relativamente a algumas soluções políticas e legislativas, a nível europeu, para algumas organizações da Economia Social, mormente para as fundações e as mutualidades.
Tomada posse, a Comissão que agora termina o mandato, depressa se encarregou de gorar as expectativas criadas. Estatutos europeus? Nem pensar, o Conselho não aprova!
É também neste balanço e equilíbrio, ou desequilíbrio, de forças entre os vários órgãos da União Europeia que temos de avaliar aquilo que os candidatos nossos eleitos no Parlamento Europeu se propõem fazer e defender. São já várias as vezes em que o órgão democrático, por excelência, da União Europeia, aquele que é eleito pelos cidadãos, o Parlamento Europeu, delibera sobre vários assuntos referentes às organizações da economia social e, depois, essas deliberações são filtradas ou desrespeitadas, ou pela própria Comissão Europeia, órgão não eleito, ou pelo Conselho Europeu, composto de representantes dos vários governos nacionais, nem sempre resultando, quando resultam, atos consentâneos com as orientações desse órgão democraticamente eleito. É uma estranha democracia esta, a Europeia!
Tudo isto para ajudar a pensar melhor sobre a importância da escolha daqueles que nos vão representar!
Neste quadro, a Federação Nacional da Mutualidade Francesa lançou uma consulta pública sobre aquilo que os cidadãos pensam da "Europa Social". Convidou, entre outras mutualidades europeias, a Associação Mutualista Montepio a associar-se neste projeto. A ideia era, é, confrontar os candidatos a membros de Parlamento Europeu, numa sessão em direto, não só com as conclusões, como com várias questões ligadas à Europa Social.
O Montepio associou nesta ação em Portugal a CNIS e a APM-RedeMut.
Em Paris, dia 11 de abril, na Maison de la Radio, em sala a abarrotar, assistimos às intervenções e respostas dos cabeças de lista franceses. Grande sessão. Candidatos da extrema direita à extrema esquerda. Uns com ideias, outros com desideias. Uns, menos Europa, outros mais Europa. Quem assistiu, e foi transmitido pela televisão, pode ter ficado mais esclarecido!
Aqui, em Lisboa, a sessão ocorrerá no auditório do Montepio Geral, pelas 14h30 do dia 10 de maio.
Há que acordar!
Não basta ler os programas dos candidatos. Há que ver, há que sentir, quem tem ideias para a Europa, quem tem conhecimentos sobre o difícil e intrincado sistema de funcionamento dos órgãos europeus, quem tem capacidade e…quem tem vontade!
Há que ver quem nos defende, quem está disposto a lutar por nós cidadãos, pela defesa da nossa cidadania, pela defesa da economia social, das suas organizações, pelo modelo social europeu, pela defesa dos direitos sociais e, como se propõem fazê-lo… lá, em Bruxelas.
Sentados na cadeira do Parlamento só, não chega!
Construir a Europa Social de amanhã
Realiza-se no próximo dia 10 de maio, a partir das 14h30, no auditório do Montepio Geral, em Lisboa, a sessão de apresentação das conclusões da consulta pública realizada sobre o tema "Vamos construir juntos a Europa Social de amanhã", iniciativa que contará com a presença de candidatos às próximas eleições para o Parlamento Europeu.
Este encontro é promovido pela Associação Mutualista Montepio que integra a Plataforma Europeia de Defesa da Economia Social e que associou, para este evento, a Associação Portuguesa de Mutualidades e a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade.
4.º Encontro de Economia Solidária
Sob o lema "Os jovens, força motriz - oportunidades e desafios", realiza-se, nos dias 10 e 11 de maio, o 4º Encontro de Economia Solidária.
A iniciativa tem lugar na Casa do Oeste, em Ribamar, Lourinhã e é organizada pelos Amigos de Aprender (Lisboa), Fundação João XXIII (Lourinhã), Cooperativa Terra Chã (Rio Maior) e Centro de Desenvolvimento Comunitário do Landal (Caldas da Rainha).
No programa constam diversas atividades culturais, duas mesas redondas sobre os temas "Os jovens continuam na linha da frente" e "Desafios inadiáveis" e uma Assembleia final. Mais informações em www.animar-dl.pt.
Vice-presidente da Associação Internacional da Mutualidade (AIM)