Opinião
Vacinação covid-19: 5 considerações-chave
Vem aí a mais complexa campanha global de vacinação jamais feita na história. Desenvolver e planear com segurança a imunização de Portugal e da população mundial contra a covid-19 é agora o maior desafio das instituições governamentais e entidades públicas e privadas.
É, por isso, urgente preparar e treinar recursos humanos, mas também é preciso planear a logística, comunicação e gestão, para que a campanha de vacinação seja eficiente. Neste sentido, os Sistemas de Informação Geográfica (SIG), tais como cartografia, inteligência de localização e análise espacial, podem fazer a diferença nesta campanha de vacinação. Os SIG permitem delinear o processo de distribuição de vacinas, identificar lacunas, apresentar alternativas, perceber como está a correr a campanha e até identificar efeitos adversos nas populações.
Por isso, nesta fase é extremamente importante que as instituições de saúde e os governos sejam capazes de:
1. Identificar as instalações capazes de armazenar e distribuir a vacina - Ambos os principais candidatos requerem o armazenamento da vacina a frio, sendo que uma delas exige armazenamento ultra-frio a -70 graus Celsius. Outros fatores como estacionamento, acessibilidade às populações vulneráveis, distância até às instalações de produção da vacina, tráfego e tamanho geral serão determinantes para perceber que instalações podem armazenar e distribuir adequadamente a vacina.
2. Identificar e dar prioridade aos grupos de risco - No imediato, não haverá doses suficientes da vacina disponíveis para garantir que todos os que precisam dela se possam vacinar. A DGS (Direcção-Geral da Saúde) recomenda que os profissionais de saúde, os trabalhadores essenciais, pessoas com idade igual ou superior a 65 anos e grupos de risco sejam os primeiros a serem vacinados.
3. Identificar lacunas no acesso e avançar com opções de distribuição alternativas - Depois de terem sido identificadas as potenciais instalações de distribuição de uma vacina e as populações de risco que devem ser priorizadas, será possível compreender onde existem potenciais lacunas na distribuição da vacina a grupos prioritários e avaliar cenários de solução para a mitigação.
4. Implementar um sistema de gestão de vacinas - Uma vez que ambos os candidatos requerem duas doses para a inoculação, será essencial compreender quem recebeu a primeira dose de uma vacina, qual a vacina que receberam, e quando deverão receber a segunda dose. É igualmente importante conhecer a capacidade diária de fornecimento de vacinas a cada região. À medida que as vacinas vão sendo distribuídas, o Estado e as comunidades precisarão saber como está a correr o processo de distribuição em cada uma das instalações, se as populações estão a sofrer efeitos adversos, bem como a percentagem da comunidade que já foi vacinada.
5. Comunicar e partilhar informação - A tecnologia SIG permite comunicar e partilhar informação valiosa entre as partes interessadas e os cidadãos, tais como até onde terão de se deslocar para serem vacinados.
Globalmente, os governos e as organizações precisam de considerar estes fatores, à medida que desenvolvem planos para a distribuição da vacina. Devem também comunicar claramente e com grande transparência para conduzir uma campanha de vacinação eficaz e reforçar a confiança do público no processo de distribuição da vacina.
Business Director da Esri