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Trump vs. Macron

"Make our planet great again" foi a resposta de Emmanuel Macron à decisão de Donald Trump de abandonar os acordos de Paris.

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Apropriando-se do slogan de campanha do Presidente dos Estados Unidos, "Make America great again", o Presidente francês deu as boas-vindas a França e a todos os profissionais que queiram continuar a trabalhar para combater as alterações climáticas.

 

No entanto, o propósito deste artigo não é o aquecimento global. A razão pela qual resolvi destacar esta interação, advém antes da revelação que esta faz transparecer sobre as semelhanças e diferenças entre ambos.

 

À primeira vista, Trump e Macron destacam-se pela total oposição na maneira como cada um vê o mundo. Os dois slogans revelam esta divisão.

 

O "Make America great again" de Trump é uma afirmação direta sobre o foco do Presidente: a América. A visão mundial de Trump está profundamente enraizada na crença de que a globalização foi prejudicial para a América e que é hora de reverter o rumo. Essa intenção materializa-se pela vontade do Presidente de pôr em causa todos os principais acordos de cooperação internacional em que os Estados Unidos participam. Esta é uma visão nacionalista que prega o protecionismo e políticas de identidade.

 

Contrariamente, Macron defende uma sociedade aberta, comércio livre e cooperação internacional. O slogan "Make our planet great again" revela um compromisso com o último ponto. O Presidente francês acredita que mais cooperação e integração acrescentam ao potencial de França em vez de diminuí-lo. A sua eleição trouxe uma nova vida ao projeto europeu. E, Macron revela ainda abertura no tema da imigração, em forte contraste com a posição de Trump.

 

No entanto, o que eu considero particularmente interessante não é o que os separa, mas sim, o que os aproxima: "Make… X …great again." Para mim, esta é a questão fundamental para o futuro da democracia ocidental. Tanto Trump quanto Macron são "outsiders" do sistema político. Ambos foram descartados no início das eleições como não tendo hipóteses. Ambos ganharam.

 

A força subjacente que os impulsionou para os mais altos cargos de duas das nações mais poderosas do mundo foi na realidade o descontentamento dos eleitores com o sistema político das últimas décadas. As pessoas estão cansadas de "estar em crise", estão cansadas de promessas vazias e, principalmente, estão cansadas de votar nos mesmos partidos e de nada mudar. As pessoas querem mudança. As pessoas querem ser "great again".

 

O que este fenómeno revela é fundamentalmente a rejeição do sistema político tradicional. O paradigma já não é "esquerda ou direita?", ambos utilizam livremente políticas de cada ideologia. Nem sequer é sobre o mundo corporativo, ambos os candidatos são um produto deste. Trata-se sim, de uma nova liderança. Trata-se de um desejo de mudança. Trata-se de impacto.

 

Na minha opinião, o futuro da democracia ocidental irá depender do sucesso que cada um irá trazer à mesa. Não me refiro a mais cooperação internacional ou menos. Refiro-me sim ao impacto real no dia a dia do cidadão comum. Será ele que vai determinar o veredito, e este não será medido em "travel-bans", acordos renegociados ou aumentos de cooperação. Este será medido em "o que realmente mudou para mim nestes anos?".

 

Membro do Nova Investment Club

 

Artigo em conformidade com o novo Acordo Ortográfico 

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