Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Opinião
03 de Fevereiro de 2017 às 10:18

Trump lovers

É ridículo tentar deitar amaciador em Trump, Maduro, Erdogan ou outros líderes com a justificação do 'democraticamente eleitos'. Ser democraticamente eleito não faz de ti um democrata.

  • ...
Após os primeiros dez dias de Trump na presidência dos EUA, ainda há quem arranje uma dúzia de razões para justificar, ou defender, Trump. O argumento mais comum é o "ao menos ele cumpre o que prometeu", muitas vezes dito pelas mesmas pessoas que diziam (para justificar o que Trump afirmava durante a campanha): "Está a exagerar. Depois não vai ser assim, é só para ganhar uns votos, vai ser um bom Presidente."

O amor é cego. Por isso, Nuno Rogeiro cegou e veio à SIC Notícias dizer, em jeito de resumo, que nesta primeira semana de Trump o que tinha sido muito mau foi o conjunto de "mentiras contra Trump usadas pelo media". Até pôs em causa a foto do discurso de inauguração de Trump usada pelos jornais americanos onde havia menos gente do que nas festas de bunga bunga do Berlusconi. Das duas uma, ou Nuno Rogeiro é intelectualmente desonesto, ou só é possível todo este entusiasmo, simpatia e manipulação de números porque ele e o Trump têm o mesmo cabeleireiro. É uma mistura de taxidermia de esquilos com penteado. Não é por mero por acaso que Nuno Melo também alinha com este discurso.

Há um discurso de justificação, das atitudes de Trump, que é uma espécie de versão Caras do habitualmente usado para justificar o comportamento de muitos criminosos oriundos de classes baixas: "Há que lhe dar um desconto e mais algum tempo e uma segunda oportunidade. Ele é um milionário, veio de um mundo complicado de quem está habituado a ter tudo. Teve uma infância difícil, fechado em condomínios de luxo. Ficou traumatizado e ainda acorda a meio da noite, em suítes de luxo, com chichi na cama; apesar de não ser dele."

É ridículo tentar deitar amaciador em Trump, Maduro, Erdogan ou outros líderes com a justificação do "democraticamente eleitos". Ser democraticamente eleito não faz de ti um democrata. A democracia é tão permissível a ponto de permitir a vitória de um ditador. Mas, se for uma saudável democracia, terá anticorpos e uma Constituição que lhe permita voltar a ser o que era.

Em relação a Trump, não pode haver um meio-termo - "eu gosto de umas coisas dele, mas esta última não aprecio muito". Não estamos a falar dos Capitão Fausto. Trump é daquelas pessoas que ou se ama (e recebes uma mesada e levas uns apalpões) ou se odeia, se és uma pessoa. Quem ama que se assuma sem justificações que acabam por trair esse amor.

Os EUA entraram numa fase, prevista no "1984" do George Orwell, onde o governo nos diz para não acreditarmos no que vemos e ouvimos e apenas no que ele nos diz. Eu vou alinhar nessa ideia. Por exemplo, quando Trump diz que é mentira que o busto de Martin Luther King tenha sido retirado da Sala Oval e que foi tudo mentira dos media, acredito nele e imagino que, na realidade, o busto não foi retirado, saiu por vontade própria. Foi a rebolar e pirou-se. Tinha vergonha de estar ali. Ainda aparecia a malta do KKK toda contente por o Presidente dos Estados Unidos ter a cabeça decepada de um negro ao lado da secretária.

top 5

Banidos

1. Sócio-gerente da Padaria Portuguesa quer "prémios variáveis conforme a performance" - era o fim do Quintela nos Gato Fedorento.

2. A parceria da revista de Cristina Ferreira com a editora, Masemba, chegou ao fim - a última capa é a Cristina Ferreira vestida só com um barril.

3. Gaspar acusa governos europeus de prometerem défices que não cumprem - é a chamada "mea culpa".

4. Miguel Relvas na lista para o Conselho Leonino de Bruno de Carvalho - também não podem ser só doutores.

5. José Diogo Quintela. "Basicamente, ambicionava parasitar empregados" - é uma especialidade melhor do que o Pão de Deus: depois de parasitar o RAP, foi fazer negócios com o Dias Loureiro. 



Ver comentários
Mais artigos do Autor
Ver mais
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio