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10 de Fevereiro de 2017 às 10:26

Os banqueiros também têm coração

A quantidade de cartas que o António Domingues escreveu a Centeno está ela por ela com a correspondência entre Pessoa e Ofélia. Mas as juras de amor entre banqueiros e políticos são como uma bola de sabão colorida nas mãos do Capitão Gancho.

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O grupo CaixaBank comprou 39,02% do BPI na OPA que lançou sobre o banco. Passou, assim, a controlar 84,5% do BPI. Isabel dos Santos vendeu, finalmente, os 18,6 % do BPI que lhe pertenciam. Conta que fizeram uma oferta à Isabel dos Santos que ela não podia recusar: "ou vendes o BPI aos espanhóis do CaixaBank ou, da próxima, ficas duas horas à espera no aeroporto de Lisboa." Não entendo como é que a Isabel dos Santos esteve trinta minutos à espera na pista do Aeroporto de Lisboa. Bastavam dois telefonemas e comprava a ANA. Se fosse argelina, queria ver se a impediam de ir apanhar um táxi.

Foi uma OPA bem sucedida e o Banco Português de Investimento passou a ser espanhol. Tenho a mesma opinião que o Doutor Artur Santos Silva, o ainda presidente do conselho de administração do BPI diz que "não me preocupa que o BPI seja uma sucursal de um banco espanhol". Concordo. Aliás, bem pelo contrário, sinto um enorme alívio porque isso quer dizer que, desta vez, se correr mal, quem paga é o contribuinte espanhol.

O alívio é notório nas palavras do ex-presidente executivo do Banco BPI e futuro chairman do banco espanhol, Fernando Ulrich: "Quero continuar a trabalhar muito, mas com menos stress". Menos stress, diz o senhor do "aguenta, aguenta". O que vale é que o CaixaBank não é a Padaria Portuguesa ou iria ganhar menos.

Vamos ao que interessa. Depois desta OPA espanhola, Ulrich passa a chairman do banco, o que, na prática, significa que, finalmente, vai ter mais tempo para estar com a família. Para mim, este facto é o mais importante disto tudo.

Nós últimos dias, descobri o lado romântico que existe nos banqueiros. Já andava desconfiado que os banqueiros também tinham coração, quando o Doutor Ricardo Salgado disse, aos jornalistas, à saída do DCIAP: "Está muito frio cá fora, tenham cuidado, ainda se constipam." Mostrou uma sensibilidade que não lhe conhecia. Vê-se que é uma pessoa que se preocupa mais com os outros do que com o dinheiro dos outros.

Mais recentemente, quando tomei conhecimento que a quantidade de cartas que o António Domingues escreveu ao ministro Centeno está ela por ela com a correspondência amorosa entre Fernando Pessoa e Ofélia Queiroz, fiquei definitivamente convencido de que o lado romântico dos banqueiros é uma realidade. É comovente ver aquela troca de correspondência porque, nos nossos dias, já ninguém escreve cartas e ninguém acredita em promessas de políticos. António pede a Lua a Mário e ele responde dizendo que vai buscar um escadote.

É bonito. Mas as juras de amor entre banqueiros e políticos são como uma bola de sabão colorida nas mãos do Capitão Gancho. Enfim, podemos dizer que todas as cartas de banqueiros são ridículas. Não seriam cartas de banqueiros se não fossem ridículas.

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"Nininha"

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2. Henrique Raposo escreve, no Expresso, que o twitter é para fascistas - "Usei o twitter durante um dia, talvez uma manhã. Quando desactivei a conta, disse à minha mulher: 'Isto é perfeito para comunas ou fachos, Maria Vieira.'"

3. Kate McCann concorre ao "Britain's Got Talent" - espero que não seja com um número de ilusionismo que consiste em fazer desaparecer uma criança do público.

4. Nova lei impediu mais de 11 mil acções de despejo por dívidas ao Fisco - é positivo mas, ao mesmo tempo, são menos sem-abrigo com que o Presidente da República pode ir almoçar.

5. Presidente dos EUA ataca uma empresa por não fazer negócios com a filha - Trump vai fazer uma cadeia de lojas para a marca da filha e vão ser os mexicanos a pagar.



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