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13 de Dezembro de 2012 às 23:30

O novo Álvaro

Peço aos meus estimados leitores (aos dois) que tentem encontrar os três erros existentes no parágrafo que se segue.

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Seguro admite que os salários em Portugal são "demasiado baixos". Para o líder do PS, "Portugal precisa da solidariedade da Europa e a Europa precisa da solidariedade de Portugal". O líder socialista não hesita em afirmar: "a Europa precisa de mudar de rumo".

 

Já descobriram? Não, o erro não está na utilização da expressão líder socialista. Acabou o tempo. A resposta correcta é, onde se lê "Seguro", "líder do PS" e "líder socialista", deve ler-se, respectivamente: Álvaro, o ministro da Economia e Santos Pereira.

 

É verdade. Por incrível que pareça, estas declarações foram produzidas pelo ministro da Economia do governo de Passos e Gaspar. Na minha opinião, Gaspar cometeu um erro. Ao tirar todo o dinheiro a Santos Pereira, deixou-o com muito tempo disponível. Em vez de ficar sentado no super-ministério, a contar rachas no tecto, o ministro da saudosa Economia foi arranjar "hobbies" para se entreter.

 

Álvaro parece o herói de um filme catástrofe que caminha no sentido contrário ao dos outros. Agora, o pastel de nata ficou para trás, os seus sonhos são maiores e até já vislumbra uma indústria europeia envolta numa nuvem de canela. Álvaro, apesar de dizer "rindustrialização", quer apostar na reindustrialização do país, e tem um plano Marchallito para a Europa. O chamado: Plano Alvarinho. Segundo as suas próprias palavras, quer "recuperar a indústria que Portugal perdeu nos últimos 30 anos". Ui, que ainda acaba o Sporting e regressa a CUF.

 

A última vez que ouvimos falar na estratégia do fomento industrial, tinha eu 4 anos e Salazar tinha tido um acidente com uma cadeira, que o fez regressar à meninice. Foi Marcelo Caetano quem teve a ideia. Mas eram outros tempos, e era mais fácil implementar uma ideia porque Portugal era um país muito diferente do que é hoje.

 

Nesses tempos, a RTP era controlada pelo Estado, as indemnizações por despedimento valiam cerca de 12 dias por cada ano de contrato, e não existiam preocupações ambientais. Ciente dessas limitações, Álvaro veio afirmar que a UE tem regras ambientais "fundamentalistas" que prejudicam a economia, e que a Europa tem de deixar de ser "naïf" em matéria de política ambiental. Resumindo: Álvaro acha que o aquecimento global é treta, e que é mentira que os doces façam engordar.

 

Ontem, foi apresentada a iniciativa "Portugal Sou eu", promovida pelo Ministério da Economia. Uma ferramenta que permite calcular o valor nacional incorporado nos produtos e aplicar-lhes uma espécie de selo que garanta pelo menos 50% de incorporação nacional, para que os portugueses possam optar por comprar o que é português. A ideia não é má, mas este programa, se aplicado igualmente por outros Estados europeus, pode dar cabo das nossas exportações. Acho a minha ideia melhor - podíamos pôr os produtos não portugueses a dar choques eléctricos em quem lhes pega. Electrificar, nos supermercados, tudo o que vem de outros países era essencial para a nossa economia e evitava que se gastasse dinheiro com campanhas. Pensem nisso. Aposto que a EDP, dos chineses, alinha.

 

Eu acho que a vida do ministro da economia ficou para sempre marcada pelo nome com que o baptizaram. Nunca perdoou terem-lhe posto o mesmo nome do Barreirinhas. É um nome com que ele tem de lutar. Se ao menos lhe tivessem chamado Manuel Tiago, talvez, hoje, fosse uma pessoa mais calma e de bem consigo.

 

Até para a semana, camaradas.

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