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28 de Outubro de 2020 às 21:01

O mundo pós-covid: crónica de uma evolução anunciada

Do atual contexto de incerteza nascem oportunidades para as empresas fazerem melhor, integrando a reinvenção económica, social e ambiental a que assistimos. Tecnologia, novas formas de trabalho, modelos de negócio inovadores, sustentabilidade e propósito são alguns dos motores desta evolução.

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O mundo como o conhecíamos está a sofrer profundas alterações e vai deixar de existir, exatamente como era, em muitas das suas dimensões. Neste ano tão atípico, o último trimestre vai revestir-se de importância crítica para as empresas. Este é o momento para as organizações reencontrarem o seu rumo numa economia que, desde o início da pandemia, se reinventa à escala global.

 

Ainda em contexto de covid-19, atualmente num novo movimento crescente, mantemos a certeza de que é preciso agir e construir sólidos alicerces para fazer mais e diferente. Da reação para a adaptação. Da resolução do problema de agora para a visão estratégica e pensamento futuro. Da tomada de decisão excecional para uma mudança estruturada e alinhada com o desenvolvimento sustentável. Da evolução do efémero e do curto prazo para a visão do longo prazo em que se interligam os riscos de hoje com os riscos e desafios de amanhã - da antecipação e gestão de todos estes riscos sobressairá a capacidade empresarial vencedora.

 

Temos assistido, um pouco por todo o mundo, a sinais desta vontade de adaptação e de evolução empresarial. Sinais que apontam, por exemplo, para a adoção de novos modelos de trabalho, híbridos entre o regresso ao escritório e o teletrabalho. Um inquérito de setembro do Institute of Directors dá conta de que metade dos empresários do Reino Unido pretende reduzir o espaço de escritórios para acomodar esta nova realidade e nos outros países dos vários continentes a tendência será semelhante. A cultura organizacional avança para maior flexibilidade e colaboração, privilegiando o equilíbrio entre a esfera pessoal, familiar e profissional.

 

A alteração dos espaços empresariais traz novas questões. Mais espaços vazios de escritórios, que terão de ser repensados e até alocados a diferentes usos. Novos riscos para os colaboradores, associados ao maior sedentarismo, isolamento e individualismo e ausência de ergonomia no teletrabalho, a que as empresas não podem ficar indiferentes. E, necessariamente, uma alteração da geografia empresarial das cidades, em que ecossistemas de serviços e comércio local - anteriormente "alimentados" pelos escritórios - terão de encontrar novos motores de consumo. Também aqui a adaptação é essencial para construir oportunidades e criar diferenciação. Ficar colado ao chão, paralisado, à espera para ver o que acontece, é a pior decisão que pode ser tomada.

 

As mudanças não se resumem aos espaços empresariais. O confinamento abriu caminho à adoção tecnológica numa velocidade sem precedentes, transversal a todos os setores e a todas as gerações do mercado de trabalho. Em poucas semanas, alteraram-se processos de trabalho, necessidades de consumo, cadeias de abastecimento e formas de entrega.

É agora tempo de sedimentar o salto tecnológico que foi feito, com consciência dos novos riscos e oportunidades emergentes: da cibersegurança e proteção de dados à capacidade de reinventar modelos de negócio e até setores de atividade. Integrar estrategicamente a mudança, com um reposicionamento rápido, é crucial para prosperar nesta nova era.

 

Aproveitar o momentum de mudança

 

A diferentes ritmos - resultantes também de distintas maturidades na gestão do risco e na flexibilidade para a mudança -, o tecido empresarial nacional tem dado provas da sua resiliência, da sua capacidade de adaptação e da vontade de seguir em frente. Assistimos a modelos de trabalho inovadores, operações reinventadas, novos produtos e serviços de empresas que aproveitam o cenário atual como oportunidade de conquistar o ciclo de adaptação, transformação e evolução.

 

O ajuste a uma nova realidade está longe de terminado. Tem de ser feito diariamente, não como um "salto de fé" no vazio, mas refletindo continuamente sobre como gerir os novos riscos e sobre como aproveitar este momentum para fazer mais e melhor. A modificação dos modelos de trabalho e a transformação digital são passos importantes, mas a evolução empresarial não pára aqui.

 

Este último trimestre será o ponto de partida do futuro que se começa a anunciar: mais tecnológico, humano e sustentável, em que o propósito das organizações será o fator diferencial. Um futuro no qual a proteção e o bem-estar das pessoas - dimensão que tão bem conhecemos no setor segurador - se destacam como motor para ultrapassar a crise, dando maior segurança a quem trabalha nas organizações e a quem depende, diariamente, dos seus produtos e serviços. É um futuro que se anuncia já hoje, diferente para melhor, mais próximo e com oportunidades que urge agarrar desde já.

 

CEO da Zurich Portugal

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