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13 de Janeiro de 2021 às 16:21

O ainda maior desafio das empresas portuguesas no pós-pandemia: crescer

Quando é que os comentadores de pensamento liberal compreenderão que é à iniciativa privada – e não apenas aos Governos – que cabe corrigir as insuficiências de competitividade do tecido empresarial português?

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Portugal está estagnado! As empresas portuguesas – e, por extensão, também o país – têm um problema de crescimento e de produtividade, que não conseguiram resolver na última década. Os números não deixam margem para dúvidas. Segundo a Pordata, o crescimento da faturação média das empresas portuguesas entre 2008 e 2018 foi de 0%, com as grandes empresas a registarem decréscimos de 10%. Adicionalmente, Portugal foi referido como um dos países do mundo com menor crescimento entre 2001 e 2019 pelo think tank brasileiro Instituto Braudel: 93.º entre 101 países. Por outro lado, também de acordo com a Pordata, o país situa-se em 7.º lugar a contar do fim no ranking de produtividade da União Europeia.

 

E porque é que é tão urgente dar resposta a este problema? Porque, como escreveu Philip Kotler, "If you stand still, you get shot". Sobretudo, num cenário de crise como o que vivemos, e que as estimativas apontam para que, em certa medida, perdure durante 2021.

 

Para dar resposta a esta necessidade de crescimento, é tempo de as empresas fazerem uma reflexão profunda sobre os seus níveis de competitividade em cada etapa da sua relação com os clientes, debatendo, nomeadamente, as seguintes questões: i) Atracção: quão visível é a minha empresa e qual o nível de confiança que inspira nos atuais e potenciais clientes? ii) Aquisição: como consigo captar novos clientes, incluindo em mercados externos? iii) Receita Média por Cliente: como posso aumentar o gasto médio dos meus clientes com os meus produtos e/ou serviços? iv) Retenção: como posso prolongar o tempo médio de relação com os meus clientes? v) Referências: como faço para que os meus clientes sejam os principais defensores da minha marca?

 

Naturalmente, ser melhor do que a concorrência (incluindo a internacional) em cada uma destas etapas dá mais trabalho do que crescer através de aquisições, mas nem tudo são más notícias: os líderes de empresas e as áreas de Marketing & Vendas têm hoje uma panóplia de soluções de crescimento muito mais vasta (oferecidas por empresas tradicionais e em especial por empresas digitais) que as podem ajudar, de modo assertivo, a vender mais, multiplicando a sua probabilidade de sucesso. Existe um outro fator de esperança: o crescimento de plataformas digitais que surgem para ajudar as empresas a encontrar as soluções de crescimento que melhor se adequem aos seus setores e posicionamento de mercado. Cabe aos gestores e empresários encontrar formas de se modernizarem e estabelecerem pontes com quem sabe e pode ajudá-los, nesta difícil missão, que é também uma urgência coletiva – as empresas precisam de crescer, e Portugal precisa que elas cresçam, para que a retoma da economia seja real.

 

E qual é o timing ideal para fazer esta mudança? Ontem. Sem crescimento das empresas, não há crescimento da economia nacional; e, sem crescer, Portugal não pode continuar a redistribuir a riqueza que não gera: não conseguirá nunca resolver a sua dependência da dívida, fazendo perigar o Estado Providência.

 

E, já agora, uma última pergunta: quando é que os comentadores de pensamento liberal compreenderão que é à iniciativa privada – e não apenas aos Governos – que cabe corrigir as insuficiências de competitividade do tecido empresarial português?

 

Cofundador da BridgeWhat

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