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26 de Maio de 2020 às 09:20

Estamos do lado do problema ou da solução?

Mas se guardarmos os trocos debaixo do colchão, a economia teimará em não acelerar. Para os que puderem ser social será, neste contexto, manter o nível de consumo que tínhamos antes da covid, pelo menos para os que não tiveram redução de rendimentos.

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Estão por apurar todos os indicadores macroeconómicos sobre potenciais impactos disto tudo que estamos a viver. Parece que os números – surpresa? – são desagradáveis!

Ora bem, cada um vai fazendo o seu trabalho, mas o meu – e o de muitos – é na microeconomia. Há alguns detalhes concretos – porque as empresas vivem de ação, de concretização e de execução, mas também de motivação, de emoção e de coração – que seria interessante incorporar para sabermos ao que vamos e qual o ponto de chegada:

1. Os estados em geral – os europeus em particular – decidiriam alocar meios, ou melhor, dinheiro, de curto prazo para combater o choque sanitário e económico. É bem!

2. As ajudas de hoje serão impostos amanhã, sejam caras ou baratas: ou seja, com juros altos ou baixos. Essas ajudas serão pagas mais tarde pelos acionistas do Estado. Nós: pessoas e empresas!

3. Os pontos 1 e 2 são factos. Na engenharia aprendemos que quando um problema não tem solução é um facto! A partir dessa constatação, trabalhamos com esse facto para orientarmos o nosso pensamento para chegarmos a possíveis soluções. É a realidade!

4. Para pagar estas ajudas – isto aplica-se a uma família, empresa ou estado – precisamos de i) aumentar o que ganhamos ou ii) reduzir o que gastamos. Aprendi isto com a minha mãe em casa, que tendo uma educação académica relativamente curta, foi a minha grande professora de Gestão! Estou grato à minha mãe por isso!

5. Mas se guardarmos os trocos debaixo do colchão, a economia teimará em não acelerar. Para os que puderem – nunca pensei um dia dizer isto, pelo descrito no ponto 4 – ser social será, neste contexto, manter o nível de consumo que tínhamos antes da covid, pelo menos para os que não tiveram redução de rendimentos. Muitos mantiveram as mensalidades dos colégios privados, ou pagam a empregadas domésticas mesmo sem estas virem trabalhar. Por estes dias, já será social tomar o café na pastelaria, almoçar no restaurante da esquina, e pedir o takeaway daquele restaurante do bairro que teve de se reinventar. Consumir, gastar – nos níveis pré-covid –, pelo menos nesta fase de arranque, para voltar a dar vida a tantos empregos e pequenas empresas. É social e é bem!

6. Como não vivemos sozinhos no mundo, a brutalidade do que se está a passar precisa de solidariedade. Neste momento é o valor essencial para que a vida tenha o mínimo de humanidade. Aprendemos a partilhar, e isso – de forma egoísta – faz-nos sentir muito bem! Sejamos, neste sentido, egoístas. Giving back, solidariedade, muito bem!

7. Mas precisamos de mais uma coisa: de criatividade para dar a volta à vida. Cada um – pessoa, família, empresa – à sua maneira. A criatividade, combinada com a empatia, e o sentido de risco certo são os ingredientes para a base do empreendedorismo. Criatividade, bem!

 

Consumir, gastar – nos níveis pré-covid –, pelo menos nesta fase de arranque, para voltar a dar vida a tantos empregos e pequenas empresas.



Conclusão: precisamos de solidariedade (6) e criatividade (7) para trabalhar mais e no limite ganhar menos. Mas temos de ir mantendo alguns gastos “sociais” (5), fazendo um bom exercício de gestão como aprendi com a minha minha mãe (4), porque de facto os Estados – e bem – com base nos factos (3) meteram dinheiro nisto tudo (1), e nós teremos de pagar (2).

Está claro que temos de encontrar a nossa nova realização e felicidade, num cenário com menos meios do que antes disto tudo?

Se conseguirmos parametrizar isto no nosso sistema mental, evitamos depressões e ansiedades, estando do lado da solução em vez do lado do problema!

De que lado queremos estar?

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