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18 de Novembro de 2020 às 09:40

A esperança pode ser uma escolha deliberada

Fazer diagnóstico é importante. Mas ficar agarrado aos diagnósticos negativos – apenas – é uma escolha deliberada!

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No espaço de poucos dias/horas – tivemos três boas notícias:

– Nova administração americana (que todos desejávamos);

– Uma vacina com 90% de probabilidade de sucesso (que todos esperávamos);

– Bolsas mundiais em ascensão como consequência dos pontos anteriores (esperando agora alguma correção, naturalmente).

Seria bom agarrar nalguns pontos positivos – têm de se procurar –, e ver se conseguimos injetar de novo energia e motivação na sociedade.

Fazer diagnóstico é importante. Mas o que vemos é muitos “opinadores” ficarem agarrados ao diagnóstico negativo, sem passarem à ação positiva e executiva.

1. Estudos de Alison Ledgerwood

Alison Ledgerwood, PhD em psicologia social, que lidera o “Attitude and Group Identity lab” na Universidade da Califórnia, diz em variados estudos do seu grupo de trabalho que a falha prevalece na nossa mente muito mais tempo do que um sucesso: as pessoas não conseguem pensar nos empregos que foram salvos, depois de se falar nos empregos que foram perdidos. É fácil – mentalmente – vermos o mundo de forma negativa. Demoramos mais a fazer a viagem para ver os pontos positivos à nossa volta: mesmo que eles existam de forma clara e bem visível.

Há dois aspetos dos estudos que Alison liderou que importa sublinhar:

a) Encontrar o sentido positivo do que nos rodeia, quando o que nos chega todos os dias é muito negativo, dá mesmo muito trabalho. Ora isto implica muito esforço para cada um de nós. E esforço é, para mim, uma palavra apagada do nosso vocabulário corrente;

b) Podemos partilhar com os outros as boas notícias em vez de, por desporto, apenas partilhar as más notícias (o chefe que já não aguento mais, o trânsito que é horrível todos os dias, a reunião que acabou fora de horas…).

Quer isto dizer que precisamos de treinar a nossa mente para podermos procurar o que acontece de positivo nos dias que correm. Isso dá trabalho! Trabalho implica esforço!

2. Tempo para o luto da dor

O tempo para o luto tem de existir. Devemos, como sociedade, dar-nos tempo a estar “down”, a estar tristes. Triste sociedade que não empatiza com a dor do outro. Triste organização que espera da Super-Mulher ou do Super-Homem, um estado feliz e contente diário… (só poderia ser de faz de conta). Dar espaço à dor, respeitando os tempos de “luto” – não o luto literal, mas o luto que fazemos às vezes, de pequenas (ou grandes) tristezas da nossa vida, deve fazer parte do exercício diário: atenção, lideranças, fica para nós esta chamada especial!

Mas este luto da dor tem um tempo. A certa altura, temos de mudar de página…

3. Energia e motivação, que transformam resultados

Agora que sabemos isto (ponto 1 e ponto 2), acrescento mais uma linha de pensamento: “energia” e “motivação”, utilizados com forte dose – até com um pouco de overdose – apoiados por decisões racionais, transformam “vontade” em resultados!

Arrisco deixar um apelo a todas e todos que inspiram equipas todos os dias, que ensinam os nossos filhos, que trabalham em equipa com outros colegas, que opinam sobre muita coisa e escrevem por aí, e também – talvez até sobretudo – aos que nos fazem chegar notícias todos os dias aos nossos ecrãs – texto, áudio ou vídeo – que possam trazer, de vez em quando, alguns pontos positivos que até sabemos que existem: e fiquem lá – nesses pontos – algum tempo, porque a nossa natureza faz-nos focar, mais rapidamente, nos pontos negativos! … a bem da energia e motivação, que nos dão a vontade de levar tudo à frente para forçar a recuperação em toda a linha da nossa vida!!!

Fazer diagnóstico é importante. Mas ficar agarrado aos diagnósticos negativos – apenas – é uma escolha deliberada!

A esperança é a luz que ajuda a recuperação, persegui-la é também uma escolha deliberada!

P.S.1: No dia em que escrevo este artigo, faz 31 anos que se deu a queda do Muro de Berlim... “à procura de boas notícias”!

P.S.2: Podia dizer que este é um texto otimista... mas depois os pessimistas poderiam cair-me em cima, então é melhor dizer que é um texto que parte do pessimismo e tenta construir um realismo-positivo!

 

Demoramos mais a fazer a viagem para ver os pontos positivos à nossa volta.

 

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