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20 de Fevereiro de 2014 às 00:01

Carta aberta: desertificação do Turismo em Natal

Eu, como a minha família, somos amantes do Brasil em geral e de Natal, em particular. Se provas fossem necessárias, apresentaria os investimentos aí feitos em Natal, Rio de Janeiro e S. Paulo.

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Cheguei com a família há dias, mais exatamente no dia 30/1, depois de uns bons 36 dias passados em Salvador, Porto Seguro e Natal. Mas nem tudo são rosas, neste país irmão, como já escrevi anos atrás, quando o atual Prefeito, nos caçou uma licença de construção de um prédio em Natal, por motivos não muito bem esclarecidos, uma vez que o projeto obedecia ao plano diretor vigente, foi tratado com total transparência e assim recebido o alvará para a construção. Esse facto obrigou-nos a colocar o assunto na justiça. Mas cá como lá, a justiça "vai indo"…. Persistentes como somos e empreendedores genéticos, decidimos abrir uma empresa industrial em S. Paulo, que se encontra em plena laboração. Esperamos melhor sorte para este empreendimento.

Mas o que gostava de fazer, era uma leve radiografia à vida em Natal, embora que, necessariamente, de forma superficial, mas sentida, séria, construtiva e transversal. No final de 2012, como habitualmente, chegamos a Natal para mais um período de descanso de cerca de um mês. Encontramos os muros de suporte (cortinas de contenção) e os guarda-corpos das praias entre a Praia dos Artistas e o Forte, partidos em alguns locais, montes de areia nos passeios e ruas e verificamos, para espanto nosso, que só no dia 4 de janeiro, começaram a limpar esta areia, para a população em geral, poder tranquilamente circular, ou fazer a caminhada matinal, até ao Forte dos Reis Magos.

Esta situação não era inédita, mas gostaríamos de ver melhorias a cada ano; melhorias contínuas. O custo de vida, tem subido assustadoramente, perdendo já competitividade para muitos outros destinos de maior qualidade, com mais asseio, segurança, acessos rodoviários, etc. Mas nesse ano, estivemos mais três vezes no Brasil, entre Natal e S. Paulo, em lazer e trabalho. Vimos os muros de contenção e os guarda-corpos ainda caídos e outros em vias de caírem, mostrando um desprezo total pela população que paga os seus impostos e merece mais respeito, bem como em Ponta Negra, a colocação de um talude de pedra para defesa de terra, desde a zona do Morro do Careca, até próximo dos principais hotéis. Os acessos estão como estavam, alguns com perigosos remendos e buracos. Os esgotos continuam a entrar nas praias, especialmente quando chove, numa estudada mistura de resíduos e águas pluviais…

Em janeiro do corrente ano, deparamos com os ditos muros e passeios em tal estado de conservação, que nem nos atrevemos a ensaiar a habitual caminhada acima citada. Em plenas férias, estavam as praias de Ponta Negra num estado lastimável, com obras que deviam ter sido atempadamente construídas, para atrair turistas, mas fez-se o contrário. Passeios impedidos, com trabalhos em execução, provavelmente para tudo estar pronto na ocasião da copa, como agora é voz corrente, na maioria dos brasileiros, como se a copa fosse o princípio da vida do Brasil. Quanto a turistas, desapareceram os cerca de 250 000 que anualmente viajavam do estrangeiro para Natal, para terem agora menos, penso que muito menos de 100 000. O que ainda vai tapando esta realidade, é o aparecimento de turistas internos. Todavia, os nórdicos, italianos e até portugueses que por aí se viam, estão, por um motivo ou outro, a zarparem para outros países, ou outras cidades, onde são condignamente recebidos. Entretanto, com aumentos salariais anuais da ordem dos 10%, os condomínios duplicaram em poucos anos, o custo de vida multiplicou algumas vezes, bastando comer num restaurante, para o comprovar.

Disse que faria uma leve radiografia a Natal, terra que eu e a minha família adotamos para ontem, hoje e amanhã. Mas o amanhã, exige um projeto, uma visão, uma missão, respeitos pelos cidadãos. Ou os governantes preferem mandar de volta todos quantos, como eu, se fixaram na Cidade das Dunas? Se não, mostrem serviço, através de melhor formação das pessoas, segurança, saúde, saneamento, vias de comunicação, promoção no turismo, etc. Gostaria muito de ver a minha segunda terra com outra face. Ainda tenho esperança.

Chairman do Grupo A. Silva Matos

Este artigo de opinião foi escrito em conformidade com o novo Acordo Ortográfico.

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