Opinião
Bye bye, Brasil
Como todos os bons negócios em Portugal, o futebol é muito mal gerido. Escrevo isto antes do jogo de Portugal com o Gana, mas, independentemente do resultado, basta ver cinco minutos da conferência de imprensa de Humberto Coelho para perceber tudo
Como todos os bons negócios em Portugal, o futebol é muito mal gerido. Escrevo isto antes do jogo de Portugal com o Gana, mas, independentemente do resultado, basta ver cinco minutos da conferência de imprensa de Humberto Coelho para perceber tudo: nem uma ida ao Museu do Campino em Santarém estes indivíduos organizavam como deve ser. Aquela conferência equivale a um 12-0 do Gana.
Pelo que me foi dado a ver, o Humberto Coelho é o Poiares Maduro da Federação. As desculpas são impressionantes. Parece o António Silva em mau. Estou convencido de que ganhávamos o Mundial de Desculpas Esfarrapadas sem grande esforço.
O nível do discurso numa conferência de imprensa é: "Ó pá, ó pá, então xico, tu sabes, pá. Já andamos todos nisto há muita tempo." É de um profissionalismo, só falta o prato de caracóis. Se isto é assim à nossa frente (quando é suposto ter de mostrar profissionalismo), como será quando não estamos a ver?!
No essencial, o discurso da FPF é: "Eu penso que nós andamos há muito tempo no futebol e nós conhecemo-nos, o país é pequeno... temos de ser positivos, deixar as discussões, e o dizer mal, para trás e unir-nos todos à volta da selecção." Não há dúvida: o Cavaquismo instalou-se.
Humberto Coelho conclui a conferência com um "é preciso calma, depois vamos ver o que correu mal e o que correu bem" - o sortudo que ficar responsável pelo que correu bem vai fazer o relatório em dois minutos. Boa sorte, para ontem.
Mais uma crónica sobre futebol num jornal de economia - devem estar a resmungar os meus estimados leitores (os 2). É uma crítica injusta: o futebol é um negócio. Estamos no Jornal de Negócios - por acaso, não é bem assim. Estamos num suplemento de fim-de-semana onde cabe tudo - e recordo que, por exemplo, até o Goldman Sachs palpitou resultados para o Mundial.
A notícia apareceu neste jornal. O Goldman Sachs indicava a Espanha como a selecção favorita a vencer o Mundial do Brasil. Uma excelente previsão do Goldman Sachs. Há quem diga que a selecção espanhola foi vítima desta previsão. Os jogadores acharam que, tendo o Goldman Sachs apostado neles, eram "too big to fail". Ou seja: nem era preciso jogar grande coisa, e safavam-se na mesma.
Portanto, se apostou todo o seu dinheiro nos espanhóis, pode considerar que é mais uma vítima dos mercados especulativos. Não devia ter seguido o conselho do Goldman Sachs em detrimento do polvo alemão que palpita resultados; e que nunca se dirigiu à caixa de sardinha dos espanhóis (pudera, são congeladas).
Resumindo, na parte financeira, o Goldman Sachs foi o que se viu. No desporto, é o que se vê. Resta-lhes ir prever o tempo. Vou ver o boletim meteorológico do Goldman Sachs para saber se dão sol para amanhã que é para eu levar o guarda-chuva.
TOP 5 de Gana
1 "Homem esteve morto três anos no seu apartamento. Não deram por isso porque tinha as contas de gás, água e electricidade em dia." - Ficou sem dinheiro para comer.
2 "O Ministério da Educação anunciou ontem que vai encerrar 311 escolas do 1.º ciclo do ensino básico com menos de 21 alunos." - A ideia do Crato é fechar as escolas com os miúdos lá dentro.
3 "Cavaco diz ao Presidente alemão que Portugal aprendeu 'a lição'." - Não é verdade, a prova é que no 10 de Junho houve quem fosse em seu auxílio.
4 "Isaltino 'feliz' deixa a prisão de saco de plástico na mão." - Segundo os presos, ele prometeu um túnel e não cumpriu.
5 "CIP - Empresas que exijam compromissos para não engravidar devem ser severamente punidas." - Castração química do administrador.