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Um chamado desejo olímpico

No dia em que escrevo este texto, Portugal tem 2 medalhas conquistadas e a China é a primeira do ranking das medalhas com 159 (mais 67 que o segundo país - a Grã- -Bretanha). Se isto não é soft power não sei o que será!

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No dia em que escrevo este texto, Portugal tem 2 medalhas conquistadas e a China é a primeira do ranking das medalhas com 159 (mais 67 que o segundo país - a Grã- Bretanha). Se isto não é soft power não sei o que será!

Aproveitando a rentrée, ainda cansado de assistir ao Europeu de Futebol e aos Jogos Olímpicos, releio o artigo "Expectativas e realidades" publicado no Jornal de Negócios do passado dia 24 de Agosto1. De facto, a assustadora eficiência dos números permite-nos perceber que as nossas frustrações e desejos de mais medalhas esbarram nas realidades nacionais e nas capacidades de investimento dos diversos países envolvidos nestas competições.

A realidade olímpica já foi plenamente comentada por muitos, até pelos próprios atletas que estiveram em Londres, argumentando que infelizmente este é um país de futebol e que só ocasionalmente as restantes competições são tidas em consideração. É um facto. Mas também o é pois o futebol tornou-se uma indústria e a maioria dos restantes desportos olímpicos é, na sua grande maioria, alheia aos valores financeiros àquela associados.

Esta realidade remete-me para um artigo que escrevi no Negócios2 em Fevereiro último em que a propósito da noção de Soft Power, referia que um dos factores deste "poder" passa, entre outros, pela conquista de títulos em competições desportivas de variada ordem (onde o número de medalhas em JO é dos mais relevantes e fáceis de mensurar). É um facto que internamente se falou muito (e bem) da qualidade de alguns dos produtos têxteis na natação e dos kayaks NELO (com 25 medalhas!), entre outros. Isso é muito importante considerar e divulgar internacionalmente. Mas a realidade mediática é bem distante destes sucessos empresariais.

Assim, apresento um conjunto de sugestões para que se possa melhorar este factor:

1) Reforçar o estatuto político do Desporto retirando-o de uma mera Secretaria de Estado e dando-lhe o "poder" que merece, eventualmente num Ministério da Educação e Desporto (e já agora colocar a Ciência no Ministério da Economia);

2) Desenvolver o desporto escolar (do atletismo ao xadrez) em ambiente associativo, retirando os alunos dos espaços escolares e promovendo a captação e formação de jovens por parte dos clubes e associações desportivas, que poderiam financiar-se através destas actividades;

3) Estimular o desenvolvimento de centros de investigação que analisem desempenhos e que desenvolvam estudos sobre fisiologia humana, nutrição, materiais desportivos, etc.

4) Estimular as Forças de Segurança e Defesa para que desenvolvam projectos desportivos em áreas próprias, até como forma de captação de jovens;

5) Assumir, sem vergonhas, que o desempenho profissional de actividades desportivas merece cursos de dupla certificação ao nível do ensino profissional e dos cursos de educação e formação e assim profissionalizar agentes desportivos como árbitros, gestores, técnicos intermédios através das Federações respectivas;

6) Criar condições que promovam o mecenato desportivo por parte das empresas, sem desvirtuar o potencial publicitário que daqui poderá advir;

7) Vender o "Turismo em Portugal" associando-o ao desporto, com um enfoque muito especial nos períodos de Inverno em que as condições meteorológicas noutros países convidam a uma deslocação para Sul;

8) Potenciar projectos integrados de ensino, desporto e apoio às populações em risco, inclusive com a colaboração de ONGD's locais, nacionais e transnacionais;

9) Criar uma rede funcional de cooperação em sede da CPLP, que permita a potenciação de centros de treino conjuntos, nos diversos países;

10) Capacitar as diversas entidades envolvidas nos pontos anteriores para uma exportação de serviços, tecnologia e "know-how".

E por fim, perceber que todos contam! Acabo com um louvor a todos os atletas paraolímpicos que, contra todas as adversidades lutam por um ideal. No dia em que escrevo este texto, Portugal tem 2 medalhas conquistadas e a China é a primeira do ranking das medalhas com 159 (mais 67 que o segundo país - a Grã-Bretanha). Se isto não é soft power não sei o que será!


Administrador do ISG -Instituto Superior de Gestão

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