Opinião
Moçambique – trabalho, oportunidades e vontade
Escrevo a presente crónica acabado de chegar a Lisboa, vindo de Moçambique, de um périplo intenso de três dias de contactos relacionados com as diversas funções e atividades que desempenho.
Gostaria de transmitir a todos os que me lêem que, de facto, Moçambique apresenta um conjunto significativo de oportunidades de crescimento e desenvolvimento económico, julgando ser fundamental as empresas portuguesas focarem-se nas possibilidades que estão a mais de oito mil quilómetros de distância, mas muito perto em termos de reconhecimento mútuo dos dois povos de que todos podem ganhar com o relacionamento económico, social e afetivo.
Um dos aspetos que me levaram a Moçambique, especificamente à sua capital, Maputo, foi o desenvolvimento de uma parceria entre a Fundação Aragão Pinto, de Portugal, e o Governo de Moçambique, designadamente o Ministério da Juventude e Desporto e o Ministério da Educação, com o Grupo Ensinus, ao qual pertence o ISG - Instituto Superior de Gestão e instituições de ensino superior, profissional e outras, com o fim de criação da Academia Social e Desportiva de Moçambique. O desafio foi lançado a todos pelo Presidente da Fundação supracitada, o Dr. Bruno de Carvalho, com o fim último de constituir um projeto de âmbito nacional que pudesse de uma forma integrada criar academias que tivessem no desporto, na educação formal e vocacional e na componente de apoio social a crianças e jovens carenciados os seus vetores principais de crescimento como Mulheres e Homens do futuro.
1. Foco importante no conhecimento intercultural e de estabelecimento de parcerias locais, como fator primordial de sucesso integrado nas atividades a desenvolver (1);
2. Reconhecimento de que as parcerias devem ser assumidas sempre numa perspetiva "win-win" e que não compete aos portugueses assumirem uma posição paternalista de ajuda a Moçambique, mas sim de uma ajuda e interação mútua com ganhos económicos evidentes para os dois países;
3. Importância a dar à componente social e de formação profissional a todos os projetos de investimento, devendo ser importante as empresas assumirem claramente um papel de sustentabilidade (onde se inclui claro o papel da responsabilidade social e ambiental) que permita a que parte dos lucros sejam afetos, em permanência, a apoios diretos e indiretos às comunidades, reforçando por um lado os investimentos na saúde (por exemplo no combate ao flagelo que é o HIV/SIDA) e por outro na educação e na qualificação profissionais;
4. Necessidade de criação de laboratórios e modelos de transferência de conhecimento e de divulgação das boas práticas nacionais, que permitam uma maximização do retorno face ao investimento feito – neste aspeto o exemplo do modelo de organização e de financiamento do ensino profissional em Portugal poderia ser muito facilmente ser divulgado às entidades governativas moçambicanas e adaptado à realidade local, com o apoio pontual de técnicos, professores e formadores portugueses e com a criação de modelos de intercâmbio dos mesmos com elementos moçambicanos.
O modelo que prosseguimos na Ensinus e no ISG, e que desenvolvemos com parceiros das mais diversas entidades económicas públicas ou privadas, é mesmo este de procurar a criação de valor não com a simples transferência de conhecimentos mas com a efetiva transmissão de competências teóricas, técnicas e pedagógicas. É esse o caso da colaboração que o ISG tem vindo a fazer nos últimos meses e que contribuirá, para o desenvolvimento de duas novas instituições moçambicanas de ensino superior – o Instituto Superior de Gestão, Administração e Educação (em Maputo) e o Instituto Superior Mutasa (em Manica). Desejo a estas instituições os maiores sucessos. Estamos juntos!
*(1) A este propósito aconselho a leitura dos livros "Parcerias - Como Criar Valor com a Internacionalização" e "Compreender + África - Fundamentos para competir no mundo" do docente do ISG, Prof. Doutor Rui Moreira de Carvalho
Administrador ISG