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Bricolage na PSP, ou a destruição do Estado

Há anos tive de ir a uma esquadra da PSP de Lisboa. O que vi deixou-me estarrecido: paredes a escorrer humidade, salas sem aquecimento e condições de trabalho humilhantes.

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O agente que me atendeu, ao ver o meu ar horrorizado, comentou: "Isto está assim há anos. Se lhe mostrasse as condições das camaratas, você caía para o lado." E complementou o comentário, enumerando as esquadras da Grande Lisboa com o mesmo problema.

Na altura comentei o assunto com o ministro da tutela, que me explicou ser um problema de cabimento orçamental. Lembro-me de lhe ter dito que aquilo era uma confissão de incompetência.

Ontem lembrei-me deste episódio ao ver no DN a notícia de que o sindicato da PSP convidou o programa "Querido, mudei a casa" para remodelar a esquadra de Oeiras. Obra que acabou "patrocinada" pela cadeia de lojas Leroy Merlin…

Não podia haver pior sinal da degradação do Estado: uma instituição que zela pela segurança, vital para a democracia, sem condições para funcionar por falta de verba?  E o problema tem décadas? Não é aceitável. Sob pretexto nenhum.

Em Portugal, o Estado (central, regional, autarquias…) arranja dinheiro para tudo e mais alguma coisa. Até para apoiar festivais e "festarolas" de duvidosa utilidade, como acontece no Carnaval e final do ano. Mas não arranja dinheiro para acabar com a chuva nas camaratas das esquadras onde pernoitam agentes deslocados. Nem para pagar a farda dos agentes. Se isto não é má gestão, não sei o que é. 

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