Opinião
SAD de futebol dão mau nome à bolsa
A cotação em bolsa das sociedades anónimas desportivas não aumentou a transparência da gestão dessas empresas, nem foi um bom negócio para os investidores.
Quando as SAD (Sociedades Anónimas Desportivas) entraram em bolsa, muitos ingénuos acreditaram que o futebol iria entrar num patamar diferente, com mais "fair play", transparência, melhor gestão e rigor nas contas. Muita coisa mudou: as estruturas estão mais complexas, mais profissionais, empregam mais gente, há mais dinheiro dos direitos televisivos e algumas transferências atingem valores estratosféricos, como se houvesse investidores no futebol a fabricar notas.
Mas em Portugal muita gente já perdeu dinheiro com um investimento que só se justifica por paixão. Milhares de pequenos accionistas perderam o dinheiro aplicado nas SAD e em muitos casos, o custo de manutenção das acções em carteira já representa um peso muito superior ao valor dos títulos detidos. Mas também grandes investidores e bancos credores perderam milhões neste mundo estranho do futebol cotado em bolsa.
Apesar de haver cada vez um aperto maior ao branqueamento de capitais por parte das autoridades judiciais, o mundo do futebol ainda é um "offshore" de opacidade, em que comissões milionárias são divididas por muitos agentes, e provavelmente, em alguns casos, o lucro individual não tem origem na boa gestão ou nos títulos desportivos conquistados, mas na quantidade de transferências e na percentagem que cada negócio rende. Seja compra ou venda, há comissões chorudas a rodar e não se sabe, nem as administrações tributárias investigam convenientemente, quem é que são os últimos beneficiários desses milhões transaccionados nessa rede de luvas.
E como mostra a recente instabilidade criada numa das SAD cotadas, quem manda na empresa é uma pequena minoria de sócios que controla os destinos de um clube. No Sporting, o presidente do clube e da SAD marcou uma assembleia-geral do clube, em que referendará a esmagadora maioria que o elegeu recentemente. Num mundo onde a paixão impera sobre os resultados, a lógica da boa gestão nem sempre prevalece e os golpes de teatro são abundantes.
A assembleia do Sporting anunciada para amanhã pelo presidente da direcção, em vez de ser convocada em primeiro lugar pelo presidente do órgão que representa os sócios, não passa de uma encenação de um líder errático que ainda não conseguiu cumprir a promessa de ser campeão.
Com as claques transformadas em guardas pretorianas de quem manda no clube, não há condições para um debate sereno, nem para uma oposição isenta de riscos físicos na assembleia. E é esta assembleia que determina o rumo de uma SAD cotada em bolsa.
Saldo positivo: receitas do turismo
É dos motores da economia. Gera receitas e é dos sectores que mais cria emprego. O turismo está a revelar-se um sector dinâmico, beneficiando do reforço das ligações aéreas do facto de Portugal estar na moda. O aumento das receitas de alojamento turístico desde 2012 ilustra o crescimento impressionante: de 1.856 milhões para 3.391 milhões em 2017. E esta é uma pequena parte do bolo, porque há muitos outros negócios que o turismo alimenta, desde a restauração até inúmeros serviços.
Saldo negativo: euforia do crédito
O Banco de Portugal já alertou para os riscos do excessivo endividamento bancário das famílias. Mas os bancos voltaram a uma verdadeira guerra para captar clientes e emprestar dinheiro. E não é só no crédito à habitação, mas também no crédito ao consumo e em mensagens de incentivo para levantamento de dinheiro com cartões de crédito. Agora há mais regras e mais obrigações de informação, mas é curioso notar que as pessoas têm memória curta e já não se lembram dos sustos do passado.
Algo completamente diferente: cinema português à caça do urso em Berlim
O cinema português sonha com o terceiro urso de ouro para curtas metragens num dos mais emblemáticos festivais europeus, Berlim. Há dois anos, foi Leonor Teles a conquistar o galardão e, no ano passado, foi a vez de Diogo Costa Amarante. Nesta edição, as apostas lusas em curtas são obras de David Pinheiro Vicente, João Salaviza e João Viana. Mesmo que não se repita o galardão máximo, a presença portuguesa de referência em Berlim é um bom indício para a cultura portuguesa e reforça a boa imagem de Portugal, que também é um activo fundamental para a economia.