Opinião
O Princípio de Peter do adepto Bruno
Bruno de Carvalho é a prova de que o Princípio de Peter se aplica. Um adepto fervoroso, com todas as qualidades para ser um bom chefe de claque, chegou à liderança de um grande clube. Pouco aprendeu ao longo do exercício do cargo e acaba por prejudicar a instituição.
Há um presidente de uma empresa cotada em bolsa que desvaloriza os activos da entidade com ameaças de suspensão desses activos e continua ao leme da empresa.
Recentemente escrevi a propósito da gestão de Bruno de Carvalho no Sporting que as SAD davam mau nome à bolsa. Nessa altura estávamos na véspera de uma assembleia-geral extraordinária destinada a plebiscitar o líder leonino. Mas no futebol, como tudo muda em função dos resultados, o ex-bestial Bruno mudou rapidamente o seu estatuto e após declarações infelizes e ameaças de suspensão aos jogadores, o homem que teve a maioria esmagadora dos votos no pavilhão é agora vaiado e insultado no estádio.
Esta não é uma mera discussão sobre futebol. Este desporto hoje é um importante produto económico, é o conteúdo mediático mais importante do país e o Sporting é uma das três empresas e marcas mais relevantes em Portugal nesse negócio.
Numa empresa normal cotada em bolsa, um gestor com este desempenho já teria sido destituído pelos accionistas, mas neste caso ele ainda tem o poder do accionista maioritário e só uma mudança no clube pode desencadear alteração na SAD.
Além dos accionistas da SAD, dos bancos credores, está também em causa o dinheiro dos obrigacionistas. Gerir uma empresa cotada não é compatível com a revelação de estados de alma tão díspares em redes sociais.
Bruno atingiu o Princípio de Peter do adepto de futebol. Ninguém duvida de que seja adepto empenhado, mas o seu perfil seria mais adequado para chefe de claque, estágio pelo qual não passou, apesar da natural aptidão demonstrada, do que gestor do clube e da SAD.
O futebol e a política são áreas em que é possível alcançar um nível elevado sem grande preparação para o cargo. Bruno chegou à liderança do clube por insistência, com um passado empresarial irrelevante e pouco escrutinado.
Sem experiência empresarial em organizações complexas, o adepto Bruno até fez algumas coisas com mérito, mas na gestão, sem experiência, ou qualificação adequada, dificilmente se tem sucesso.
Nos activos da SAD estão jogadores valiosos, que arriscaram sofrer algum dano reputacional com a ameaça de suspensão, que nunca passou de desabafos em redes sociais. Em todas as organizações tem de haver pressão e exigência para bons resultados, mas não é com estes métodos.
Ao fim de tanto tempo e mantendo as boas graças da massa associativa, Bruno desperdiçou oportunidade de aprender e acabou por cometer erros infantis, prejudicando a marca e o clube que serve.
Saldo positivo: criação de emprego
Há várias notícias que indiciam que a economia real está a evoluir de forma positiva e há uma procura significativa de pessoas para trabalhar. A criação de emprego parece uma tendência consolidada. Até o triste caso do encerramento da fábrica de calçado Sozé, em Felgueiras, prova esse dinamismo. Segundo fontes sindicais citadas pela agência Lusa, a maioria dos trabalhadores lesados pelo fecho da fábrica já encontrou alternativa de emprego noutras unidades fabris do concelho.
Saldo negativo: a instabilidade de trump
É muito mais poderoso do que Bruno de Carvalho, mas o Presidente dos Estados Unidos partilha do mesmo vício do ainda presidente do Sporting por publicações em redes sociais. É por Twitter que ameaça a China de guerra comercial e a Rússia de conflito bélico na Síria. A instabilidade revelada pelo inquilino da Casa Branca é uma das ameaças globais. O Twitter sobre a Síria provocou um calafrio nas bolsas e a guerra comercial, se for para a frente, causará uma quebra da economia. O mundo está perigoso.
Algo completamente diferente: o herói que virou Milhões na tragédia de Lys
A 9 de Abril celebrou-se o centenário da batalha de La Lys, uma das mais pesadas derrotas militares dos quase 900 anos da história portuguesa. Entre mortos, feridos e prisioneiros encontravam-se pobres soldados, vítimas do abandono de um regime em decadência. Mas dessa triste batalha também ficou um herói que com uma metralhadora, sozinho na trincheira, terá salvo centenas de compatriotas. Esse herói improvável, com pouco mais do que metro e meio, chamava-se Milhais, mas ficou conhecido como soldado Milhões. A sua história é agora lembrada em filme.