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Alcácer-Quibir na banca  

Nunca alinhei no coro da cantiga dos centros de decisão nacional, até porque ao ritmo dessa música alguns vende-pátrias aproveitavam apenas para vender mais caro activos a estrangeiros.

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Mas agora, particularmente depois da venda do Novo Banco, que seria mais bem descrita como a entrega barata a um fundo norte-americano, o fim da propriedade dos grandes bancos por parte de entidades nacionais merece alguma reflexão.

 

Não é normal, em nenhum país, que todos os bancos privados sejam controlados por accionistas estrangeiros. É evidente que as elites económicas e financeiras, descapitalizadas, têm culpa no cartório, assim como a gestão dos próprios bancos que acumulou imparidades gigantescas, destruindo o valor dos bancos. Neste aspecto, a história em volta do haraquíri da dinastia Espírito Santo é uma tragédia que ilustra o que aconteceu à banca nacional.

 

Tal com um dominó, todos os accionistas nacionais de referência da banca (e há 25 anos todos os bancos privados tinham controlo nacional) foram perdendo a sua posição.

 

 Também o novo contexto de regulação torna muito difícil manter um músculo financeiro de base nacional. Com juros tão baixos, margens apertadas, os rácios de capital agora exigidos tornam o retorno do investimento na banca muito complicado. É o que já descobriram os accionistas forçados da Caixa Geral de Depósitos, nós contribuintes, e que provavelmente descobrirão a Santa Casa e as misericórdias, se entrarem no capital do Montepio.

 

Com montanhas de imparidades e uma pressão regulatória europeia que tenderá a forçar que os bancos portugueses sejam engolidos, assistimos a uma mudança de paradigma no sistema financeiro, que ainda há duas décadas se mostrava saudável e era exemplo de inovação. Uma verdadeira Alcácer-Quibir da banca nacional. E desta vez não consta que alguém espere por um salvador numa manhã de nevoeiro.

 

Director-adjunto do Correio da Manhã

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