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A era política da geometria variável 

O Governo de António Costa pode sonhar com acordos variáveis, umas vezes com a esquerda, outras vezes com o PSD de Rio. É a nova geometria política. 

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Quem acompanhou o debate quinzenal que marcou a estreia de Fernando Negrão na liderança do grupo parlamentar do PSD, num estilo suave, que contrasta com a agressividade dos líderes parlamentares durante o consulado de Passos Coelho à frente do partido, percebeu que algo está diferente na política portuguesa. O tom cordato e até o facto de António Costa ter ido cumprimentar na bancada o homem que lidera as despesas parlamentares do maior partido da oposição indiciam que a geometria da política está a mudar.

 

Curiosamente, na véspera do debate, Jerónimo de Sousa, provavelmente o homem mais decisivo para a actual solução governativa, porque foi ele que deu a aval a Costa para a formação de um Governo minoritário com o apoio parlamentar do PCP, já tinha pressentido mudanças e alertou que a vida do país "não vai lá com geometria variável".

 

A geometria variável é mesmo o que está no horizonte mais próximo. Costa continua com o apoio da maioria parlamentar de esquerda, mas já há reuniões para acordos de regime sobre fundos comunitários e descentralização com o PSD de Rui Rio, enquanto à esquerda já se nota alguma fadiga, com o Governo a recuar na reversão das leis laborais alteradas durante a troika e no recuo em relação à penalização da TSU para as empresas que recorrem mais a trabalho precário.

 

Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, já criticou o Governo pelo travão nas mexidas da TSU. Tal como o PCP não gosta de o Executivo ainda ter desmoronado a reforma laboral de Álvaro Santos Pereira.

 

Provavelmente a prova dos 9 da nova geometria variável será a discussão do Orçamento do Estado para 2019, o ano das eleições. Quer PCP quer o Bloco defendem mais investimento público e aumentos salariais, que o Governo não vai poder cumprir. Podem regatear e, se não conseguirem, aprovar na mesma o Orçamento, ganhando algum capital de crédito para não perderem eleitorado para o PS, tal como aconteceu nas últimas eleições autárquicas.

 

Na actual conjuntura, a esquerda não pode chumbar o Orçamento do Estado e precipitar eleições antecipadas. Esse chumbo seria um favor a António Costa, que ficaria com a missão de conquistar uma maioria absoluta mais facilitada. Mas no próximo ano, se não houver nenhum desastre financeiro e os juros não sofrerem subidas significativas, o actual primeiro-ministro tem todas as condições para ficar em primeiro lugar nas legislativas. Se não alcançar maioria absoluta, pode escolher o parceiro mais adequado neste baile de geometria variável. 

 

Saldo positivo: negociações sobre fundos

 

A abertura para negociações entre os maiores partidos para discutir as prioridades do próximo quadro comunitário de apoio é um sinal positivo. Em causa está um período temporal (2020-2030) que vai abranger várias legislaturas, e por isso convém haver o maior consenso possível. A reunião entre Castro Almeida, do PSD, e o ministro Pedro Marques parece ter corrido bem e o país prepara um argumentário em Bruxelas, com reforço político, para lutar por um indispensável quadro financeiro adequado.

 

Saldo negativo: uma cerveja suspeita

 

 O vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, disse, no Parlamento Europeu, que  o encontro com Durão Barroso  foi  "uma cerveja com um amigo". O "chairman" do  Goldman Sachs  garantiu que não iria usar a sua influência nas instituições europeias à frente do gigante  financeiro norte-americano,  mas o encontro num hotel  de Bruxelas, onde a oferta de cerveja é vasta,  pode ter quebrado a promessa do antigo primeiro-ministro português perante as instituições europeias.

 

Algo completamente diferente: a festa de Olivença que marca nova temporada   

 

O traçado intramuros e as jóias manuelinas não enganam. Olivença é terra de matriz portuguesa, ocupada por Espanha na guerra das laranjas em 1801. Esta vila raiana tem uma feira de touros que marca o início da temporada tauromáquica em Espanha. Toiros de morte, a poucos quilómetros de Elvas, com grandes artistas. Amanhã, na corrida matinal, Padilha, Garrido e Luís David. Da parte da tarde o cartel é composto por El Juli, Perera e Talavante. Domingo de manhã entram em praça Ponce, Ferrera e Roca Rey. O encerramento é com um mano a mano El Juli-Ginés Marin. 

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