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24 de Fevereiro de 2014 às 00:01

A neuroplasticidade ao serviço do Gestor

Quanto mais alto é o cargo de gestão mais as competências comportamentais são valorizadas e exigidas, e como ficou provado ou temos a plasticidade cerebral ajustada às nossas exigências ou os circuitos neuronais serão ocupados por competências que em nada nos serão úteis.

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Desde as experiências de Merzenich, entre outros cientistas, nas décadas finais do século XX, que temos provas fundamentadas da plasticidade do nosso cérebro ou mais concretamente da neuroplasticidade.

 

Através desta característica do nosso cérebro os neurónios formam ligações novas e quebram ligações anteriores, o que se consubstancia em novas células nervosas. Neste sentido o nosso cérebro tem a capacidade de se reprogramar alterando o seu modo de funcionamento. Segundo Nicholas Carr, autor do livro "Os Superficiais", cada vez que executamos uma tarefa ou experimentamos uma sensação, física ou mental, um conjunto de neurónios é ativado no nosso cérebro, gravando nas ligações celulares aquilo que aprendemos e vivemos.

 

Ainda segundo o mesmo autor "embora diferentes regiões estejam associadas a diferentes funções mentais, os componentes celulares não formam estruturas permanentes, nem interpretam papéis rígidos. São flexíveis, eles mudam com as experiências, circunstâncias e necessidades. Várias experiências relatam o exemplo de pessoas que ficaram cegas. O impacto é que o córtex visual que é responsável pelo processamento de estímulos visuais, em pouco tempo é transformado num circuito de processamento de som. Se ficarmos surdos o que acontece é que ficamos mais dotados de visão periférica, o que aumenta a nossa visibilidade permitindo ver o que antes ouvíamos. Segundo Alvaro Pascual-Leone, conceituado investigador em neurologia da Escola de Medicina de Harvard, "a plasticidade é o estado normal do sistema nervoso ao longo de toda a nossa vida".

 

Segundo esta breve fundamentação podemos concluir que a boa e má gestão também se poderão treinar. Ao contrário do que alguns gestores pensam, tudo influencia o seu cérebro, desde os seus costumes enraizados até às novas experiências. Aliás, o simples facto de lermos este artigo em papel ou via web impacta no nosso cérebro. Para Small, se quisermos treinar a linguagem, a memória e o processamento visual deveremos ler este artigo em papel, já se desejarmos treinar a tomada de decisão ou a resolução de problemas deveremos ler o mesmo artigo via web.

 

Neste contexto é determinante termos gestores que saibam treinar as suas competências para que o seu cérebro fique dotado de coordenadas que os ajudem no seu dia-a-dia. Mas temos que ter em consideração que quando falamos de competências não são apenas as competências técnicas. É fundamental um treino e desenvolvimento de competências conceptuais e principalmente comportamentais.

 

Quanto mais alto é o cargo de gestão mais as competências comportamentais são valorizadas e exigidas, e como ficou provado ou temos a plasticidade cerebral ajustada às nossas exigências ou os circuitos neuronais serão ocupados por competências que em nada nos serão úteis.

 

É de todo fundamental que tenhamos gestores que não cristalizem com o seu curso superior e que sim estejam em constante desenvolvimento. Como sabemos para nos desenvolvermos temos que sair da nossa zona de conforto e assim desbravar novas ligações neuronais que nos ajudem a desempenhar devidamente o nosso papel.

Gestor e Professor Universitário
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Este artigo de opinião foi escrito em conformidade com o novo Acordo Ortográfico.

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