Outros sites Medialivre
Notícia

O regresso dos produtos financeiros com garantia

Estão a ser lançados produtos financeiros dos seguros com garantias, que fazem parte da história do setor segurador, mas ainda não se refletem no volume de novas subscrições.

Filipe S. Fernandes 30 de Novembro de 2022 às 15:00
José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores Pedro Catarino
  • Partilhar artigo
  • ...
Em 2022, a área não vida tem mantido o seu crescimento, o que, segundo José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores, esse mantém há alguns anos e, no final de setembro de 2022, estava a crescer 6,6%, em termos nominais. Mas "tem de se começar a olhar para os crescimentos nominais e os crescimentos reais, uma vez que estamos a viver um momento de inflação", sublinhou José Galamba de Oliveira na abertura da conferência Os Seguros em Portugal, uma iniciativa do Jornal de Negócios que vai na 9.ª edição. Alertou para a correlação do ramo não vida com o crescimento do PIB e a atividade económica.

Na área vida, a realidade é diferente. Nos anos de 2018 a 2020, a atividade vida decresceu devido sobretudo às baixas taxas de juro, enquadramento que mudou recentemente com o BCE a subir as taxas de juro de referência. Depois 2021 foi um ano excecional para o mercado de seguro vida com um crescimento de 68%. Mas as condições atuais dos mercados e da macroeconomia fazem com que a área vida esteja a cair cerca de 20%.

Esta área é marcada pelo crescimento em todos os ramos, mas o maior crescimento é registado no seguro de saúde. "Por razões que todos sabemos, cuja principal é a dificuldade de acesso ao Serviço Nacional de Saúde, porque é um seguro muito apreciado pela população. Hoje mais de três milhões de portugueses têm uma cobertura de seguro de saúde, dos quais mais de metade com seguros de grupo, que é um benefício muito valorizado pelos colaboradores", considerou José Galamba de Oliveira.

Sublinhou que é nos seguros de saúde individuais que tem havido um maior crescimento, representando hoje 46-47%, sendo o restante seguros de saúde de grupo. Adiantou ainda que o peso dos seguros de saúde na despesa global em saúde é de apenas 4% enquanto a dimensão do gasto out-pocket, o pagamento direto, atinge os 30%, que é um dos mais altos da Europa.

Resultados em linha

"As seguradoras têm feito uma aposta grande na colocação de produtos de seguros financeiros, chamados seguros de capitalização unit-linked, com uma correlação direta aos mercados, por isso, quando estes caem, os produtos financeiros deixam de ser apelativos", explica José Galamba de Oliveira. No entanto, estão a ser lançados produtos financeiros dos seguros com garantias, que fazem parte da história do setor segurador, mas ainda não se refletem no volume de novas subscrições.

No primeiro semestre de 2022, os resultados das seguradoras mantiveram-se em linha com os três anos anteriores, e um pouco abaixo dos resultados em 2018, que foi um ano recorde para o setor segurador. José Galamba de Oliveira manifestou alguma preocupação com o segundo semestre porque "os custos estão a aumentar por causa da inflação. Por exemplo, no ramo automóvel os custos de resolução de sinistros estão muito acima dos crescimentos da nova produção porque as peças estão mais caras, o custo homem-hora é mais elevado, as peças que chegavam em três dias chegam numa semana, o custo dos rent-a-car é superior".

Desde que entrou em vigor o regime de Solvência II, o rácio de solvabilidade tem vindo a subir gradualmente, e no primeiro semestre de 2022 manteve-se o rácio que está ligeiramente acima dos 200%. O que se explica com a queda dos mercados financeiros, o que levou a um repricing dos ativos das carteiras das seguradoras.

Os desafios imediatos
• A inflação, que está na agenda dos gestores hoje em dia, para os quais gerir em inflação é uma novidade.
• A subida das taxas de juro, que pode ter uma vertente positiva do lado do ramo vida. Mas como esta subida pode impactar se houver uma queda do PIB e uma recessão e pode atingir o ramo não vida.
• Os desafios regulatórios, como a IFRS 17 que entra em vigor em 1 de janeiro de 2023. É um novo paradigma e uma mudança muito grande contabilística. Vai ter influência no modelo de gestão das seguradoras.
• A discussão da nova lei do seguro obrigatório automóvel, que vem na sequência da diretiva europeia do seguro automóvel que deve ser transposta para a legislação nacional.
• O reporting da sustentabilidade.
• A revisão do regime de Solvência II, que se está a realizar a nível europeu.
• A regulamentação do novo produto europeu de poupança em Portugal.

Os desafios estruturais
• As alterações climáticas, os riscos catastróficos, os riscos climáticos, os riscos ambientais.
• A evolução demográfica, que tem impacto nas pensões e nos seguros de saúde.
• As novas tecnologias, sobretudo as relacionadas com a inteligência artificial, machine learning.
• As mudanças de comportamento da população no pós-pandemia, que levanta questões na conectividade, mobilidade, partilha de ativos.
• A sustentabilidade, o ESG.
• A cibersegurança.
• Os riscos sísmicos.
• Os investimentos verdes.
• A diversidade, a inclusão.
Mais notícias