- Partilhar artigo
- ...
Aguentar os primeiros embates do mercado, ganhar capacidade de resistência às adversidades e não viver dos sucessos já alcançados. Do passado ao futuro, passando pelas incertezas do presente, estes são os maiores desafios que se colocam às empresas portuguesas que suportam os negócios na exportação e internacionalização.
Quando começou a exportar nos anos 1980, o "made in" Portugal era um obstáculo para a Rodi e "foi precisa muita tenacidade e mostrar aos clientes que conseguia fazer tão bem ou melhor que os concorrentes europeus". Mas hoje que é a maior fabricante europeia de rodas de bicicleta, exportando 95% da produção anual de 4,5 milhões de peças sobretudo para a Alemanha e Holanda, o CEO, Armando Levi, sabe que esta indústria de Aveiro só continuará a ser uma "referência" se não deixar todos os anos de fazer chegar produtos novos ao mercado. Muitos deles desenvolvidos com os clientes, numa "sintonia para seguirem as tendências".
Ao contrário da Rodi – que tem também uma divisão de lava-louças em aço inoxidável que vende em 60 países –, a Feedzai nasceu em 2008 "logo numa perspectiva de se globalizar", colocando a gestão de topo nos EUA, "onde está o dinheiro" e tem três escritórios. E onde "a cultura das start-ups falharem é bem aceite" e foi mesmo decisiva para focar a empresa num segmento de negócio: a banca. O que aconteceu a pedido dos investidores, relatou a directora de operações, Mariana Jordão, e só foi possível porque antes tentou, sem sucesso, trabalhar com clientes na área da saúde.
Criada em Coimbra e com instalações também no Porto e Lisboa, esta "fintech" que combate a fraude nos pagamentos com recurso à inteligência artificial faz questão de manter o pólo tecnológico em Portugal e aqui empregar dois terços dos funcionários. A "grande aposta" no futuro é na Ásia. Este ano abriu escritório em Hong Kong e é "muito possível que venha a ter mais presença física" nesta região. Mais certa é a relevância da inovação. "Enfrentamos uma concorrência feroz e, se não inovarmos todos os dias, não iremos crescer à mesma velocidade", detalhou a gestora.
Numa mesa-redonda que antecedeu a entrega dos Prémios Exportação e Internacionalização, que decorreu esta terça-feira, 23 de Outubro, no Palácio da Bolsa, o economista Alberto Castro, membro do júri, frisou que "as empresas exportadoras e internacionalizadas têm uma qualidade de gestão muito acima das outras", o que considerou decisivo neste processo.
A seu lado, outro jurado deste concurso, Gonçalo Lobo Xavier, destacou que "a performance financeira destas empresas é extraordinária e melhora também a sua capacidade de investimento". O novo director-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição sublinhou ainda a realização desta cerimónia, pela primeira vez, no Porto. "É a centralização dos prémios. As outras edições é que foram descentralizadas em Lisboa. A maioria das empresas exportadoras e internacionalizadas estão a norte de Leiria", concluiu.