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Paulo Freitas: "Tivemos de aguentar os cavalos no recrutamento" para o centro de nanotecnologia de Braga

A forte concentração industrial no Norte de Portugal e na Galiza foi um argumento "chave" para a escolha de Braga para a instalação do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia. O vice-director do centro, Paulo Freitas, explica a escolha ao Negócios.

25 de Novembro de 2014 às 00:01
Paulo Duarte/Negócios
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Por que é que os dois países escolheram a nanotecnologia para a colaboração científica?
É estratégica: os EUA começaram a investir forte em 2000, a Europa também meteu muito dinheiro e vai continuar no Horizonte 2020. É uma área que está por detrás das grandes tecnologias. Nem damos por ela, mas está nos telemóveis, computadores, medicamentos, cosméticos... são aplicações transversais.

 

E porquê em Braga? 
Como grande parte dos fundos europeus para construir o laboratório eram de origem transfronteiriça, tinha de estar perto da fronteira e escolheu-se Braga – podia haver outro em Badajoz, que acabou por não ser construído. Esta é a zona mais desenvolvida da fronteira e onde temos a indústria mais concentrada.

 

Qual a importância da proximidade com as indústrias?
Esta zona e a Galiza têm muita indústria tradicional, as pescas, têxteis, novas tecnologias que estão a ser desenvolvidas. E quis-se alavancar novas áreas industriais a médio prazo – 5 a 10 anos, nunca menos do que isso. Por exemplo, na área médica e de controlo de qualidade alimentar e ambiental, onde há muito trabalho que já se está a fazer.

 

E vão surgir esses "clusters"?
De certeza. A questão é quão rápido vamos conseguir. Porque o tecido empresarial aqui e no Norte de Espanha é bastante clássico. Demora algum tempo a arranjar sinergias reais com este mundo, embora já se esteja a fazer alguma coisa na área dos têxteis avançados, na área da metalomecânica, na área alimentar, nos moldes.


Em Janeiro de 2013 cortaram 20% nos salários. Porquê?
Os Estados-membros disseram-nos que tínhamos de baixar os custos e aguentar os cavalos no recrutamento. Baixámos 20% nos salários e mais ainda nas despesas de funcionamento. Nunca se falou em colocar pessoas fora, isso não faria sentido. Agora, elas podiam querer sair.

 

Podiam perder atractividade.
Sim. Mas não fazia muito sentido, pois vieram para cá com [boas] condições. Não é só o salário, são laboratórios excelentes e isso continuou. Querem ter os seus grupos de investigação e têm-nos. Isto continua a ser – e será ainda mais – atractivo.

 

O corte salarial é definitivo?
Se houver capacidade financeira para levantá-los outra vez iremos fazê-lo, mas temos de pesar se é melhor fazer isso ou começar a contratar mais.

 

Face ao projecto inicial, qual é hoje a taxa de execução?
Estamos a metade da capacidade e metade do edifício ainda não está utilizado. A nível de pessoas estamos quase a chegar a um terço [face ao projectado]. E das 40 equipas de investigação que esta estrutura deve acolher, neste momento já estão instalados 18 grupos principais de investigação. Além disso, temos um grupo grande de jovens investigadores, financiados por projectos europeus, que estão a ser treinados nas várias áreas.

 

Está a 50% da capacidade e tem um terço das pessoas previstas. 
Paulo Freitas
Vice-director do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia

 

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