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A banca de futuro vai ser um serviço all-in

Segundo Nuno Fernandes, professor catedrático de Finanças no IESE Business School, a gestão de ativos ou as transações internacionais vão cada vez mais ser atacadas por players especializados.

17 de Outubro de 2019 às 16:00
Nuno Fernandes avisa que a banca europeia tem sérios problemas por causa da digitalização. Roger Rovira Rius
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Para Nuno Fernandes, a banca europeia tem problemas sérios no horizonte por causa da digitalização, novos players, alterações nos consumidores. A que se adicionam as baixas taxas de juro, que obrigaram os bancos europeus a "medidas draconianas de corte de custos para compensar as perdas nas margens financeiras de intermediação" e a obter rentabilidades acima do custo de capital. O resultado foi "a perda de competitividade em relação aos bancos globais dos EUA ou da Ásia", assevera Nuno Fernandes.

Por isso, a banca de futuro será "cada vez mais como um serviço all-in, e não como um retalho de produtos. Tal como temos TV/Net/voz em nossas casas. Não nos preocupamos com quantos megabits de net usamos, ou quantos minutos falamos ao telefone. Vejo cada vez mais que existem menus, com pacotes com preço fixo, e obviamente, com serviços distintos".

Perda do lucro tradicional

"Grandes áreas de lucro tradicional, como gestão de ativos ou transações internacionais, irão cada vez mais ser atacadas por players especializados", diz Nuno Fernandes. Dá como exemplo os robo-advisors, que, com custos baixíssimos para o cliente, conseguem resultados de diversificação e gestão de risco muito bons.

Verifica um esbatimento das linhas setoriais com players da área tecnológica a entrarem com passados moderados na banca. Por exemplo na China, o equivalente ao Whatsapp lançou um serviço de pagamentos, Ant Financial, que hoje é muitas vezes maior que o Paypal e já entrou na gestão de ativos e poupanças. Nos vários fundos de investimento, o Ant Financial tem neste momento um volume de ativos sob gestão superior ao da maioria dos grandes bancos mundiais.


Os dados são o novo dinheiro

Para António Miguel Ferreira, managing director da Claranet Iberia e América Latina, "tal como os bancos foram e são os locais mais seguros para se guardar dinheiro, no futuro poderão ser os locais mais seguros para se guardarem os dados".

A tecnologia não é o limite
As tecnologias são uma alavanca para a mudança e evolução do setor, criando muitas oportunidades... os próximos 10 anos vão ser um condensado semelhante ao que aconteceu nos últimos 30. O limite está na capacidade de cada banco se reinventar e inovar e não na tecnologia em si. Nos próximos 10 anos as principais tecnologias que influenciarão o setor bancário são: IA, blockchain, biometrics, 5G, cloud, IoT, AR/AV.

Os dados são o novo ouro
Tal como os bancos foram e são os locais mais seguros para se guardar dinheiro, no futuro poderão ser os locais mais seguros para se guardarem os dados. Os dados são propriedade dos clientes e estes vão-se consciencializar cada vez mais do poder que têm, exigindo mais transparência, mais segurança, serviços de maior valor acrescentado.

Novos modelos de negócio
A disponibilidade de mais dados, que os clientes poderão optar por partilhar, potenciará o surgimento de novos modelos de negócio, tal como já acontece com as fintech e começar a acontecer com as techfin (exemplo: Facebook), empresas tecnológicas de grande escala que entram nos serviços financeiros.

Cibersegurança
Aumento significativo do investimento nesta área, crucial para manter a confiança dos clientes e para proteção à crescente digitalização dos processos e da relação bancária. A cibersegurança vai-se socorrer também da inteligência artificial para proteger dados e sistemas, devido ao aumento da complexidade dos riscos.

Regulação
A regulação tem de ser mais ágil e adaptar-se à nova forma de se identificarem e gerirem riscos, assim como aos novos entrantes nos serviços financeiros.


Guião para a conferência Banca do Futuro

A conferência Banca do Futuro vai ter na sua sessão de abertura Carlos Costa, governador do Banco de Portugal

Ao longo de uma manhã a conferência Banca do Futuro, uma organização do Jornal de Negócios com o apoio da Claranet, Cuatrecasas e Deloitte, vai debater os desafios e as mudanças, as vulnerabilidades e os passos dados de um setor fundamental para a economia portuguesa. Realiza-se das 9h-13h, a 22 de outubro, no Ritz Four Seasons Hotel em Lisboa.

Tema
"Bringing Innovation from Europe to the World" às 9h55

Orador
Sarunas Legeckas, General Manager, N26

Sarunas Legeckas ingressou na N26 este ano como geral manager para os Mercados de Expansão Europeus, onde é responsável pelos 18 mercados principais em toda a Europa, e que inclui Portugal.

Nascido em Vilnius, licenciou-se em Física e Eletrónica de Telecomunicações na Universidade de Vilnius e fez um MBA pela Universidade de Newcastle. Iniciou a sua carreira na JSC Fima, seguiu-se o Barclays Bank. Foi o cofundador e CEO da PlaceILive.com, uma plataforma imobiliária e da Hyperb, software para o domínio imobiliário. Foi consultor em tecnologias do ministro da Segurança Social e do Trabalho da Lituânia e participou na carVertical, um registo de histórico de carros com tecnologia blockchain.

Tema
"Transformação digital do setor bancário" às 10H15

Oradores
António Miguel Ferreira, managing director da Claranet Portugal
Paulo Costa Martins, sócio da Cuatrecasas
João Freire de Andrade, presidente do Portugal FinTech
João Sales Caldeira, sócio da Deloitte.

Contexto
As tecnologias são uma alavanca para a mudança e evolução do setor, como a IA, blockchain, biometrics, 5G, cloud, IoT, AR/AV, que aumenta a importância dos dados, da cibersegurança, da regulação e da supervisão. Os novos modelos de negócio e novos players, a colaboração banca e fintechs, cibersegurança.

Tema
"Banca do Futuro" às 11h30

Oradores
António Ramalho, presidente da Comissão Executiva do Novo Banco
Miguel Maya, presidente da Comissão Executiva do Millenniumbcp
Pablo Forero, presidente da Comissão Executiva do BPI
Paulo Macedo, presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos

Contexto
Um dos principais desafios é o rácio dos empréstimos non-performing (NPL), a elevada exposição ao setor imobiliário e a títulos de dívida pública, o ambiente prolongado de baixas taxas de juro. A progressiva digitalização da banca, a segurança das operações, a equidade dos serviços para salvaguardar a exclusão digital, a entrada de novos players, intensidade concorrencial e as questões sobre o futuro da regulação e supervisão bancárias.

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