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"Apesar da inquestionável importância da otimização interna de processos, o objetivo final da transformação digital é materializado, em última instância, no fortalecimento da relação e na concretização das expectativas e necessidades de clientes", diz João Sales Caldeira, sócio da Deloitte, que tem vindo a especializar-se ao longo do seu percurso profissional em diferentes áreas de tecnologia tanto para banca como para seguros.
A banca tradicional/legacy esteve durante alguns anos limitada na sua capacidade de investimento nomeadamente em tecnologia. Como é que está a recuperar o "tempo perdido"?
A grande pressão regulatória e as plataformas legacy em que têm assentado as atividades core da banca (depósitos e crédito), muitas delas com décadas de existência, dificultaram durante alguns anos a inovação e capacidade de investimento do setor em tecnologia.
No entanto, tem existido nos últimos uma mudança de paradigma. Os principais focos de modernização assentam em três principais áreas: criação de novas plataformas de canais, que proporcionem melhores experiências para os clientes, sobretudo nos canais web e mobile; modernização de sistemas de integração, de forma a garantir a convivência entre as plataformas modernas de canais e os sistemas legacy e, por fim, a movimentação para ambientes na cloud, um processo que em Portugal ainda está no início mas que já vem sendo adotado em aplicações não críticas, permitindo tirar partido de infraestruturas mais eficientes e a menor custo.
Quais são os grandes desafios da transformação digital da banca tradicional hoje? Como é que estão a reagir ao desafio colocado pela capacidade de inovação das fintechs como os bancos digitais, nomeadamente com plataformas mais integráveis e ágeis?
A transformação digital da banca tradicional é um processo complexo que tem vindo a ser acelerado pela entrada de novos players no mercado, como é o caso das fintechs. Contudo, a transformação digital de uma organização não vive sem uma efetiva transformação cultural, que promova um call to action interno para a mudança e minimize as naturais resistências em organizações mais tradicionais.
"O conhecimento é fundamentalno processo de transformação de uma organização."
"A grande pressão regulatória dificultou durante alguns anos a inovação."
Nesse sentido, têm sido criadas estruturas responsáveis pela transformação digital na organização dos bancos tradicionais e que têm funcionado como alavanca para a evangelização das competências e conhecimento digital dentro das organizações.
De facto, o conhecimento é outro dos pontos fundamentais no processo de transformação de uma organização. De acordo com um estudo da Deloitte, entre 1998 e 2018, o número de profissionais com mais de 55 anos praticamente duplicou nas instituições financeiras enquanto a percentagem de colaboradores com menos de 25 anos quase caiu para metade. Os bancos têm vindo a tentar lidar com este desafio, apostando no desenvolvimento do seu capital humano, seja através de formações e coaching, seja por intermédio de uma revisão dos próprios processos de recrutamento para aumentar a atratividade.
Adicionalmente, perante a agilidade e heterogeneidade das fintechs, a banca tradicional tem vindo a promover metodologias de trabalho inovadoras, privilegiando equipas de trabalho multidisciplinares, de forma a assegurar o aumento da flexibilidade e da capacidade de resposta necessárias à redução do time-to-market das soluções em desenvolvimento.
As cinco tendências
Tecnologias emergentes e digitalização
O ritmo de adoção de novas tecnologias tais como inteligência artificial, blockchain ou cloud tem vindo a acelerar.
Tornar-se digital
Para os bancos pode ser crucial para ter sucesso.
O futuro do trabalho
A automatização e a inteligência artificial estão a substituir o pensamento humano e a levar as instituições a revisitar a sua visão quanto ao talento e às competências necessárias para se manterem à frente do seu tempo.
Potencialização de plataformas e monetização de dados
Os bancos vão ter de decidir de que forma querem utilizar as plataformas e os dados, de forma a que possam manter o seu crescimento.
Criação de um ecossistema financeiro
Reguladores, fintechs, big techs, bancos e outros players têm de trabalhar em conjunto à medida que nos aproximamos do ano 2030.