Desde o início do ano, a Caixa Geral de Depósitos já recebeu mais de mil contactos de empresários, a pedir aconselhamento para se candidatarem às linhas de apoio comunitário do Portugal 2020. O banco tem mil milhões de euros previstos para apoios a projetos, segundo revelou o seu vice-presidente, Nuno Fernandes Thomaz.
O interesse pelo novo programa de apoios comunitários foi a nota dominante na primeira de cinco conferências do Ciclo Caixa 2020/Bridges a que a CGD se associa. No Estoril, em 29 de junho, e perante uma plateia com mais de 300 pessoas, Paulo Portas revelou que as candidaturas a algumas linhas de apoio do Portugal 2020 atingiram já os 3100 milhões de euros. Sendo que "a verba disponível é cerca de três vezes menos".
Na opinião do vice-primeiro-ministro, trata-se de "um indicador muito positivo que a procura seja três vezes superior" à verba prevista nos concursos destinados a financiar projetos de inovação, de qualificação de recursos humanos e de internacionalização de empresas. Mais ainda, quando muitos dos que se candidataram "o fizeram pela primeira vez".
A conferência Caixa 2020 – Serviços, Comércio e Restauração confirmou ainda que a área dos serviços é responsável por dois terços dos empregos e representa 76 por cento do produto interno bruto (PIB) português. Sendo também o setor para o qual "o investimento em investigação e desenvolvimento tem sido fundamentalmente dirigido", segundo Jorge Jordão, presidente da Confederação dos Serviços de Portugal, o que o torna essencial para o relançamento da economia.
Já João Vieira Lopes, sustentando-se num estudo encomendado pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal a que preside, frisou que o setor "representa 30 por cento das exportações nacionais e destes apenas 40 por cento são turismo". No painel de debate, acusou, contudo, "a banca de ter uma tara pelas garantias reais, pelo cimento", dadas "as grandes dificuldades que todos têm em conseguir financiamento".
A resposta surgiu pouco depois da parte de Francisco Santos Silva, diretor de empresas da CGD, lembrando que "os bancos têm de fazer uma gestão rigorosa, avaliar os riscos, ser prudentes e aplicar os princípios básicos da concessão de crédito", sendo fundamental "que apareçam projetos bem estruturados e sustentáveis".
Considerando que a primeira responsabilidade dos bancos é "para com os depositantes", o diretor da CGD sublinhou que a avaliação dos pedidos de crédito se foca cada vez mais "no mérito das operações" das empresas e na sua sustentabilidade.
O debate destacou ainda que nem só com financiamento se apoiam as empresas, mas também com serviços complementares de aconselhamento. Um fator crítico de sustentabilidade nos negócios – a que a CGD se vincula na sua ambição de chegar "a 20 por cento da quota de mercado a nível das PME", vincou aquele responsável.