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UBS: Lagarde deve começar cortes de juros no verão, mas "seria melhor se fosse mais cedo"
O economista-chefe do UBS Wealth Management, Paul Donovan, antecipa um descompasso entre Fed e BCE, na hora de cortar os juros diretores, com Jerome Powell a dar o pontapé de saída. Para o especialista, este "delay é denecessário". Paul Donovan aponta para "três a quatro" reduções nas taxas de juro este ano de ambos os lados do Atlântico.
Para Paul Donovan este "delay" entre Fed e BCE "não é deastroso", mas "é desnecessário". O economista-chefe do banco suíço considera que a forma de tomada de decisão do conselho do banco central da Zona Euro pode ser demorada. "O problema é que o conselho do BCE é composto por 22 membros. É preciso um forte empurrão", explicou.
"A questão do ano é que os bancos centrais querem manter as taxas de juro estáveis, ajustadas à inflação real". "Esperamos que o primeiro corte dos juros ocorra em maio [nos EUA] e que haja uma redução de 0,25% na inflação nos próximos meses", defende o economista-chefe do UBS.
"[Os preços da] energia começaram a descer. Apesar do que está a acontecer no Golfo - e a menos que aconteça algo de terrível no Médio Oriente - e não creio que aconteça -, penso que estamos num ambiente de inflação neutra ou ligeiramente mais baixa", acrescentou o economista-chefe do UBS. Aliás, no que diz respeito à energia, o economista-chefe acredita mesmo que o barril de petróleo Brent será negociado num intervalo "entre os 80 e os 85 dólares na maior parte do ano", pelo que "não temos um problema na energia".
Além dos preços da energia, o economista-chefe do BCE recordou que há outro elemento "controverso" que promoveu a inflação, mas sobre o qual também há sinais de esperança sobre a sua redução: as margens de lucro das empresas, em específico do retalho.
Em suma, houve "um aumento das margens de lucro, um aumento dos preços de retalho, da inflação", frisa o economista-chefe. No entanto,"a dada altura, o consumidor apercebe-se de que é preciso esperar". Essa altura parece mesmo que já chegou, o que pode ser um bom sinal para os bancos centrais, no seu combate contra a inflação.
"O que está a acontecer agora é que os clientes estão a revoltar-se e as empresas estão a descobrir isto", explicou o economista-chefe, salientando mesmo que este sentimento de preceção já está expresso no último livro bege da Fed. Assim "estamos a reduzir as margens de lucro", acredita Paul Donovan.
Dependência de dados: um gatilho de volatilidade
Durante a apresentação do "Global Market Outlook", Paul Donovan deixou ainda claro que "para este ano a tendência é a aterragem suave" das políticas levadas a cabo pelos bancos centrais, o que significa que em termos económicos "o crescimento será inferior à tendência".
Ainda assim, apesar de estar "convencido de que o crescimento das economias desenvolvidas está a abrandar", Paul Donovan salvaguarda "não é uma catástrofe" e salienta que os "consumidores são o grupo que realmente importa para este crescimento".
O economista-chefe do BCE foi ainda crítico do mantra repetido pelos dois bancos centrais relativamente à dependência face aos dados macroeconómicos para tomar decisões de política monetária, sublinhando que "a dependência de dados pode aumentar a volatilidade porque basta um número errado".
No entanto, olhando para o mercado como um todo e o impacto de múltiplos fatores no sentimento dos investidores, Paul Donovan mostrou-se "confiante quanto à direção e à tendência dos números económicos, por isso temos duas semanas em que os mercados de ações são voláteis".
(Notícia atualizada às 12:07 horas).