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UBS: Lagarde deve começar cortes de juros no verão, mas "seria melhor se fosse mais cedo"

O economista-chefe do UBS Wealth Management, Paul Donovan, antecipa um descompasso entre Fed e BCE, na hora de cortar os juros diretores, com Jerome Powell a dar o pontapé de saída. Para o especialista, este "delay é denecessário". Paul Donovan aponta para "três a quatro" reduções nas taxas de juro este ano de ambos os lados do Atlântico.

Economista-chefe do UBS Wealth Management, Paul Donovan.
Paulo Calado
31 de Janeiro de 2024 às 11:51
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A poucas horas de serem conhecidas as mais recentes decisões da Reserva Federal (Fed) norte-americana, o economista-chefe do UBS Wealth Management, Paul Donovan, esteve num encontro com jornalistas em Lisboa, onde apontou para que a Fed comece a cortar as taxas de juro em maio, devendo o BCE começar a fazer o mesmo "em junho ou julho". Ao todo, o economista-chefe espera que haja nas duas regiões entre "três a quatro" reduções dos juros este ano.

Para Paul Donovan este "delay" entre Fed e BCE "não é deastroso", mas "é desnecessário". O economista-chefe do banco suíço considera que a forma de tomada de decisão do conselho do banco central da Zona Euro pode ser demorada. "O problema é que o conselho do BCE é composto por 22 membros. É preciso um forte empurrão", explicou. 

Assim, ainda que este desfasamento de política monetária entre os dois lados do Atlântico seja "não seja um desastre", "seria melhor se fosse mais cedo".

"A questão do ano é que os bancos centrais querem manter as taxas de juro estáveis, ajustadas à inflação real". "Esperamos que o primeiro corte dos juros ocorra em maio [nos EUA] e que haja uma redução de 0,25% na inflação nos próximos meses", defende o economista-chefe do UBS.

"[Os preços da] energia começaram a descer. Apesar do que está a acontecer no Golfo - e a menos que aconteça algo de terrível no Médio Oriente - e não creio que aconteça -, penso que estamos num ambiente de inflação neutra ou ligeiramente mais baixa", acrescentou o economista-chefe do UBS. Aliás, no que diz respeito à energia, o economista-chefe acredita mesmo que o barril de petróleo Brent será negociado num intervalo "entre os 80 e os 85 dólares na maior parte do ano", pelo que "não temos um problema na energia".

Além dos preços da energia, o economista-chefe do BCE recordou que há outro elemento "controverso" que promoveu a inflação, mas sobre o qual também há sinais de esperança sobre a sua redução: as margens de lucro das empresas, em específico do retalho.

"Trata-se de uma inflação induzida pelos lucros. Não se trata de algo que aconteça em toda a economia, mas sim no setor do retalho", começou por referir Paul Donovan, lembrando que ainda assim é algo que "difere de país para país".

Em suma, houve "um aumento das margens de lucro, um aumento dos preços de retalho, da inflação", frisa o economista-chefe. No entanto,"a dada altura, o consumidor apercebe-se de que é preciso esperar". Essa altura parece mesmo que já chegou, o que pode ser um bom sinal para os bancos centrais, no seu combate contra a inflação.

"O que está a acontecer agora é que os clientes estão a revoltar-se e as empresas estão a descobrir isto", explicou o economista-chefe, salientando mesmo que este sentimento de preceção já está expresso no último livro bege da Fed. Assim "estamos a reduzir as margens de lucro", acredita Paul Donovan.

Dependência de dados: um gatilho de volatilidade

 

Durante a apresentação do "Global Market Outlook", Paul Donovan deixou ainda claro que "para este ano a tendência é a aterragem suave" das políticas levadas a cabo pelos bancos centrais, o que significa que em termos económicos "o crescimento será inferior à tendência".

Ainda assim, apesar de estar "convencido de que o crescimento das economias desenvolvidas está a abrandar", Paul Donovan salvaguarda "não é uma catástrofe" e salienta que os "consumidores são o grupo que realmente importa para este crescimento".

O economista-chefe do BCE foi ainda crítico do mantra repetido pelos dois bancos centrais relativamente à dependência face aos dados macroeconómicos para tomar decisões de política monetária, sublinhando que "a dependência de dados pode aumentar a volatilidade porque basta um número errado".

No entanto, olhando para o mercado como um todo e o impacto de múltiplos fatores no sentimento dos investidores, Paul Donovan mostrou-se "confiante quanto à direção e à tendência dos números económicos, por isso temos duas semanas em que os mercados de ações são voláteis".


(Notícia atualizada às 12:07 horas).
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