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Rússia volta a falhar meta para colocação de obrigações
A Rússia conseguiu colocar apenas cerca de metade do valor em obrigações definido pelo Kremlin, o que acontece pela segunda semana consecutiva. Isto depois de a S&P ter cortado o “rating” do país para “lixo” e naquela que foi a primeira emissão de títulos com taxa variável desde 2004.
A economia da Rússia continua a ser penalizada pelas sanções económicas e pela desvalorização do preço do petróleo, o que está a afectar a sua capacidade de financiamento. A Rússia falhou, esta quarta-feira, pela segunda semana consecutiva, a meta para a captação de recursos financeiros definida pelo Ministério das Finanças russo.
Segundo a Bloomberg, as Finanças russas conseguiram colocar 2,51 mil milhões de rublos em títulos com maturidade de Dezembro de 2017, que contrasta com a meta de 5 mil milhões de rublos avançada pelo próprio Ministério esta terça-feira. Na semana passada, a Rússia conseguiu apenas vender cerca de um quinto das obrigações que pretendia colocar.
A incapacidade de Moscovo para atingir o objectivo a que se tinha proposto verifica-se naquela que foi a primeira tentativa de colocação de títulos com taxa variável desde Novembro de 2004, que aconteceu depois de na segunda-feira a agência de notação Standard & Poor’s ter atribuído um "rating" de "lixo" à economia russa.
A capacidade de financiamento da Rússia está a ser fortemente posta em causa pelas sanções económicas aplicadas pela União Europeia, Estados Unidos e Canadá que incidem sobre várias áreas, entre as quais o sistema financeiro russo. Também a acentuada perda de valor do barril de petróleo, cujas exportações representam mais de 40% das vendas para o exterior da Rússia, levou à revisão em baixa das perspectivas económicas do país e à maior desvalorização do rublo face ao dólar desde a crise cambial de 1998.
O aumento registado nos custos de financiamento para a Rússia levou já ao cancelamento de 27 leilões de dívida. É perante este cenário, envolto ainda pelas ameaças de reforço de sanções feitas esta semana por Bruxelas e Washington na decorrência do agravar dos confrontos no leste da Ucrânia, que o Kremlin tentará colocar 150 mil milhões de rublos durante o primeiro trimestre de 2015.
As obrigações vendidas esta quarta-feira estão indexadas ao valor médio de seis meses do índice Ruble Overnight Index Average.
Entretanto, os juros da dívida russa trocada entre si pelos investidores no mercado secundário seguem a subir nas maturidades de curto-prazo e a descer nos prazos mais alargados. A 3 meses a taxa de juro avança 39,8 pontos base para 15,33% e a 6 meses sobe 14 pontos para 15,2%. Já na maturidade a 10 anos a taxa de juro exigida pelos investidores recua 28,26 pontos base para 13,34%.
Tendo em conta a degradação das expectativas económicas da Rússia, o Kremlin anunciou que vai reduzir em 10% os gastos públicos em 2015, num corte que abrangerá a generalidade das áreas, excepção feita à agricultura, apoios sociais e Defesa. O Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BERD) estima que em 2015 o produto interno bruto (PIB) da Rússia contraia 4,8%, um registo penalizado pela acentuada desvalorização do preço do barril de petróleo.