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Powell: "Estamos preparados para subir mais os juros se for necessário"

O discurso do presidente da Fed era o momento mais aguardado em Jackson Hole. O norte-americano sinalizou que a autoridade monetária irá continuar o caminho se tal for necessário para travar a inflação.

Jim Urquhart / Reuters
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O ciclo de subidas das taxas de juro de referência nos Estados Unidos pode ainda não ter chegado ao fim. O presidente da Reserva Federal (Fed) norte-americana garantiu que está "preparado" para novos aumentos, se for necessário para travar a escalada dos preços. A partir de Jackson Hole, onde decorre o simpósio económico anual da Fed, Jerome Powell alertou que a inflação continua "demasiado elevada".

"No simpósio de Jackson Hole do ano passado, transmiti uma mensagem breve e direta. O meu discurso este ano será mais longo, mas a mensagem é a mesma: o trabalho da Fed é levar a inflação de volta à meta de 2% e vamos fazê-lo. Apertámos significativamente as políticas ao longo do ano passado. Apesar de a inflação se ter movido em baixa face ao pico - um desenvolvimento positivo -, mantém-se demasiado elevada. Estamos preparados para subir mais as taxas de juro, se necessário, e tencionamos manter a política num nível restritivo até estarmos confiantes de que a inflação está a diminuir de forma sustentada no sentido do nosso objetivo", garantiu Powell.

A Fed deu início à estratégia em março de 2022 tendo, desde então, aumentado os juros 11 vezes, num total de 500 pontos base. No último encontro, em julho, o Comité Federal do Mercado Aberto (FOMC) decidiu subiu o intervalo para 5,25% a 5,5%, após uma pausa no mês anterior. O mercado ainda espera mais uma subida este ano, mas começa a questionar quando é que o ciclo irá chegar ao fim (e quando será a primeira descida).

No entanto, Powell ainda não está satisfeito. O pico da inflação geral, nos 7%, ficou para trás em junho de 2022, mas a taxa ainda se situou em 3,3% em julho deste ano. Já a inflação subjacente - que exclui preços mais voláteis dos alimentos e energia - chegou a tocar os 5,4% em fevereiro de 2022, estando agora nos 4,3%. "As leituras mais baixas da inflação subjacente em junho e julho são bem-vindas, mas dois meses de bons dados são apenas o início daquilo que será necessário para construir confiança", sublinhou o presidente da Fed.

"Dois por cento é e continuará a ser a nossa meta de inflação. Estamos empenhados em atingir e sustentar um posicionamento de política monetária que seja suficientemente restritivo para trazer a inflação de volta a esse nível ao longo do tempo. É desafiante, claro, saber em tempo real quando é essa posição foi alcançada", referiu Powell. "Essa avaliação é ainda mais complicada pela incerteza sobre a duração do desfasamento entre o aperto monetário e os seus efeitos para a atividade económica e especialmente a inflação".

A estratégia tem por base um arrefecimento da economia norte-americana. Para já, esta tem surpreendido pela positiva, tendo ganhado novo fôlego no segundo trimestre, impulsionada pelo consumo e pelo investimento empresarial. O produto interno bruto (PIB) cresceu 2,4% em termos anualizados, acima dos 2% dos três meses anteriores. A forte procura interna não só ajuda a diminuir os receios de recessão como previne os riscos de desinflação – numa altura em que já há sinais de desaceleração no crescimento dos salários.

"Como é frequentemente o caso, estamos a navegar à vista. Em tais circunstâncias, é crítico considerar a gestão de risco. Nas próximas reuniões, iremos avaliar os nossos progressos com base na totalidade de dados e na evolução do 'outlook' e dos riscos. Com base nessa avaliação, iremos proceder cuidadosamente na decisão sobre se apertamos mais ou, em alternativa, mantemos as taxas de juro à espera de novos dados", acrescentou Jerome Powell.


(Notícia atualizada às 15:45)
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