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Lagarde rejeita seguir Fed: "Estamos em posições muito diferentes"
A presidente do BCE reiterou que a região do euro está numa fase muito diferente dos Estados Unidos, afastando seguir o exemplo da Fed e subir juros mais rapidamente.
A presidente do Banco Central Europeu (BCE) voltou a rejeitar os apelos para seguir o exemplo da Reserva Federal dos Estados Unidos e para que o BCE seja mais rápido a mudar a sua política monetária para responder à subida da inflação.
Numa entrevista a uma rádio francesa, Christine Lagarde argumentou que o banco central tem "todas as razões" para não ser tão rápido, nem agressivo a responder à inflação. "Estamos em posições muito diferentes", realçou a presidente do BCE, adiantando que a inflação na Zona Euro é "claramente mais fraca", com a recuperação da economia na região ainda numa fase menos avançada do que nos Estados Unidos.
A Fed deverá realizar a primeira subida de juros já em março, para conter a inflação no país, que está em máximos de duas décadas. Na Europa, o banco central tem dado indicações de que não deverão existir mexidas nos juros em 2022, ainda que o debate dentro da instituição sobre quando começar a remover apoios esteja a aumentar.
Apesar de rejeitar seguir a Fed, Lagarde sublinhou, na mesma entrevista, que o BCE está preparado para agir se as condições se alterarem.
A taxa de inflação atingiu os 5%, na Zona Euro, em dezembro. Um valor que está a fazer soar os alarmes na região. Mesmo assim, o BCE mantém a convicção de que a subida do índice de preços vai normalizar para níveis mais próximos do objetivo do banco central (2%).
Pablo Hernandez de Cos, membro do conselho de governadores do BCE, adiantou também esta quinta-feira, à TVE, que, face às condições atuais, "um aumento das taxas de juro não é esperado em 2022".
Mesmo com vários membros do BCE a afastarem mexidas nos juros, as taxas das obrigações soberanas têm estado a subir na região. As "bunds" alemãs voltaram a negociar, esta quarta-feira, pela primeira vez em três anos acima de zero. E a expectativa é de que o aumento de juros na dívida se mantenha ao longo do ano.