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Juros da dívida portuguesa caem para mínimos de Agosto de 2010 após leilão

Taxas de juro a cinco e dez anos desceram para o valor mais baixo de Agosto de 2010, reduzindo-se o risco da dívida nacional.

15 de Janeiro de 2014 às 11:55
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No dia em que Portugal foi ao mercado primário vender dívida com uma “descida muito significativa” dos custos, o alívio também se sente no mercado secundário, onde os investidores trocam dívida entre si.

 

A tendência das taxas de juro associadas à dívida portuguesa tem sido de queda desde o início do ano, mantendo-se esse comportamento esta quarta-feira, o que reflecte uma subida do preço dos títulos de dívida.


A taxa de juro implícita das obrigações portuguesas a dez anos desliza 8 pontos base para se fixar nos 5,12%, um valor inédito deste Agosto de 2010, de acordo com as taxas genéricas da agência Bloomberg. Com esta descida, a diferença face à taxa de juro da Alemanha, que se encontra a subir, estreitou-se. Esta diferença sinaliza a rendibilidade que um investidor exige para comprar dívida nacional em vez de adquirir títulos germânicos, os considerados mais seguros na Zona Euro - mas que não dão tanto retorno. O movimento de diminuição desse diferencial sinaliza que o risco da dívida portuguesa recuou – neste caso, para níveis que não eram vistos há cerca de três anos.

 

Todas as rendibilidades exigidas pelos investidores para transaccionar títulos de dívida soberana nacional estão em queda face à sessão de ontem, como tem acontecido, na sua generalidade, desde o início de Janeiro. A cinco anos, a “yield” perde 7,9 pontos base para os 3,85%, mínimo também de Agosto de 2010. A taxa de juro associada à dívida a dois anos perde 3,5 pontos base para 1,97%.

 

Leilão animou mercado

 

Este comportamento no mercado secundário intensificou-se depois de o IGCP, organismo que gere a dívida pública nacional, ter realizado um leilão no mercado primário (quando a dívida é vendida pelo emitente pela primeira vez, neste caso, o emitente é o próprio Estado).

 

O IGCP anunciou que o Estado obteve 1.250 milhões de euros, o máximo que tinha previsto, no leilão de bilhetes do Tesouro com prazos a três e 12 meses. Os custos caíram e, nos títulos com maior maturidade, a taxa foi a mais baixa desde 2009.

 

Os analistas estão a elogiar a operação. “Os leilões correram bem e era difícil esperar melhor”, sintetizou, numa nota enviada às redacções, Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa, acrescentando que “a percepção de risco que os investidores têm sobre a dívida portuguesa está a descer bastante”.

 

Europa também com tendência de queda

 

“Mais uma vez, esta emissão foi um sucesso”, opinou, por e-mail, o gestor da XTB Portugal Tiago da Costa Cardoso, que relembrou que hoje a Alemanha foi ao mercado emitir dívida a cinco anos, com uma “yield” mais elevada que a anterior. “O que acaba por ser positivo, pois um menor diferencial entre a ‘yield’ portuguesa e a alemã significa um aumento do apetite pelo risco”.

 

Portugal tem beneficiado da tendência geral da Zona Euro, que tem verificado uma quebra geral da percepção de risco desde o início do ano. Neste momento, as taxas de juro implícitas à dívida espanhola e italiana também estão a perder terreno. “Estamos ainda bastante optimistas em relação à periferia. Ao longo deste ano, acreditamos que os diferenciais [face à dívida alemã] venham a cair. É ainda uma oportunidade de compra”, considerou à Bloomberg o estratega do Credit Agricole Peter Chatwell.

 

Depois do final do resgate à Irlanda, no final do ano passado, Portugal tem a 17 de Maio a data para o término do seu programa de ajustamento económico e financeiro. Tem-se discutido de que forma será feito esse caminho: se através de uma saída limpa (sem qualquer tipo de ajuda, como optou a Irlanda); se através de um programa cautelar (uma linha de crédito europeia para se utilizar em casos de dificuldade); ou ainda um segundo resgate (ideia que tem sido rejeitada pelo Governo português).


Para ajudar nesse trajecto, Portugal quer já ir explorando oportunidades de financiamento no mercado com a emissão de dívida a mais longo prazo. Segundo o programa de financiamento da entidade presidida por João Moreira Rato, em 2014, Portugal deverá emitir entre 11 e 13 mil milhões de euros em Obrigações do Tesouro (títulos de dívida com prazo superior a 18 meses). Durante o resgate, em que tinha o financiamento assegurado pelos credores, o país só foi ao mercado de dívida colocar títulos a curto prazo (como hoje), à excepção de emissões sindicadas (com a ajuda de bancos) para "medir" a temperatura dos mercados.

 

 

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