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Draghi, Carney e Kuroda não vão a Jackson Hole
Os principais banqueiros não se deslocam ao vale do Wyoming para o encontro anual organizado pela Fed de Kansas City. Powell centra atenções.
Arrancou ontem ao final do dia o maior simpósio de política monetária do mundo, mas o evento conta com ausências de peso, com os líderes dos principais bancos centrais a falharem o encontro no vale do Wyoming. Mario Draghi, Mark Carney e Haruhiko Kuroda não vão marcar presença em Jackson Hole.
Até quinta-feira ao final do dia apenas o governador do Banco do Canadá, Stephen Poloz, estava confirmado na conferência de Jackson Hole. E a divulgação oficial da agenda do evento, durante a madrugada, veio confirmar que Poloz será o único banqueiro a marcar presença no evento.
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que no ano passado alertou para os riscos do proteccionismo, vai falhar o simpósio deste ano. Além disso, nenhum outro membro do conselho de governadores da entidade vai estar presente no evento. Já em representação do Banco de Inglaterra, na ausência do governador Mark Carney, vai o economista-chefe do banco central, Andy Haldane.
Fora da lista de participantes da conferência está ainda Haruhiko Kuroda, ainda que nos últimos dias já tenham surgido notícias a dar conta que o governador do Banco do Japão não estaria presente no evento organizado anualmente pela Reserva Federal de Kansas City.
Powell em destaque
Confirmadas estas ausências de peso, todos os olhares se voltam para Jerome Powell, que vai pela primeira vez como presidente da Fed a Jackson Hole. O discurso do presidente da Reserva Federal dos EUA abre o simpósio esta sexta-feira, com os investidores à espera de pistas sobre a política de taxas de juro da instituição.
Depois de nos últimos dias Donald Trump ter voltado a criticar a política de subida de juros nos EUA, os investidores tentam agora perceber se as palavras de Trump vão influenciar as decisões da Fed. "Não, não estou entusiasmado com a subida de juros da Fed", reiterou o presidente norte-americano em entrevista à Reuters, numa crítica directa à postura da entidade liderada por Powell.
As minutas relativas à última reunião da Fed, conhecidas esta semana, deixam antever um aumento da taxa directora já no próximo mês, mas está tudo em aberto para uma nova subida em Dezembro. Enquanto os especialistas acreditam que não são descabidas quatro subidas em 2018, Powell poderá sentir-se pressionado pelo ambiente de instabilidade devido à guerra comercial, mas a robustez da economia e os máximos dos mercados abrem espaço para novas mexidas.
Assim, Powell deverá "sinalizar um nível de optimismo cauteloso", apesar da situação que se vive na Turquia e na Argentina, afirma Gregory Perdon, da Arbuthnot Latham, ao Financial Times. Já Sandra Crowl, da Carmignac, também ao Financial Times, argumenta que o presidente da Fed vai tentar "ancorar o ritmo de subida de juros da Fed no ambiente económico". E num ambiente marcado pela recuperação do mercado laboral, com a economia e a inflação a crescer, "ele tem boas razões para aumentar os juros", refere Crowl.