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Argumento a favor de corte de juros está a “reforçar-se”, admite BCE

Os relatos do último encontro indicam que os governadores não esperam ter informação suficiente este mês para avançar com cortes.

Christine Lagarde disse que o BCE vai estar “particularmente atento” à evolução dos salários e das margens.
Christopher Neundorf/EPA
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A decisão tomada a 7 de março de manter as taxas de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE) teve o apoio de todos os membros do Conselho - um grupo onde Portugal é representado por Mário Centeno. Apesar disso, mostram os relatos do encontro divulgados esta quinta-feira, a ideia de cortar está a ganhar ímpeto.

"Embora fosse sensato aguardar os dados e as evidências que vão chegando, os argumentos a favor da redução das taxas estavam a reforçar-se", indica o documento relativo à reunião de política monetária, na qual foi decidida a quarta pausa consecutiva no ciclo de subidas. Este dura desde julho de 2022, depois de terem sido concretizados 10 aumentos, num total de 450 pontos base, para tentar domar a inflação na região.

A taxa de depósitos mantém-se, assim, no máximo de sempre de 4%, a aplicável às operações principais de refinanciamento em 4,5% e a de cedência de liquidez em 4,75%.

Na altura, o BCE reviu também em baixa as estimativas de crescimento económico e de inflação na Zona Euro para 2024, esperando que o PIB cresça 0,6% e que os preços aumentem 2,3% este ano. Cortou também a estimativa para a inflação em 2025, para 2%, e manteve os 1,9% esperados para 2026.

Esta atualização de projeções é uma das razões para o tal reforço de expectativas face a um eventual corte de juros. Ainda assim, "foi consensual que seria prematuro discutir cortes nas taxas na presente reunião", referem as atas. "Em vez disso, foi afirmado que era importante avançar mais no processo de desinflação e acumular provas adicionais para que o Conselho do BCE estivesse suficientemente confiante de que a inflação iria regressar ao objetivo de forma atempada e sustentável".

Os governadores sublinharam a necessidade de a política permanecer "dependente" dos dados – tal como a presidente Christine Lagarde tem reiterado. "Foi salientado que, além das novas projeções dos especialistas, o Conselho do BCE disporia de muito mais dados e informações até à reunião de junho, especialmente sobre a dinâmica salarial", indica, sinalizando que será apenas nessa altura que irá avançar e não na próxima semana, data em que os governadores voltam a encontrar-se para decidir a política monetária da Zona Euro.

"Em contraste, a nova informação disponível a tempo da reunião de abril seria muito mais limitada, tornando mais difícil estar suficientemente confiante quanto à sustentabilidade do processo de desinflação nessa altura", acrescentam os relatos.
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