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Portugal emite três mil milhões em dívida a 10 anos com juro a disparar para 1,67%

O forte apetite pelas obrigações do Tesouro portuguesas não travou o agravamento dos juros. O recuo dos bancos centrais e o medo de que a guerra acelere ainda mais a inflação penalizaram o país.

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Portugal esteve no mercado esta quarta-feira para uma venda sindicada de dívida pública, na qual colocou 3 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) a 10 anos. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP tinha contratado um sindicato bancário para a operação, que acabou por fechar com um forte agravamento nos juros.

A "yield" para a nova linha "benchmark" fixou-se em 1,67%. "Assistimos a uma subida da taxa face à emissão comparativa de 7 de abril de 2021, altura em que emitimos o benchmark", diz Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, num comentário por escrito à operação.

Os livros de ordens abriram esta manhã apontando para um prémio de 36 pontos base face à taxa "mid-swap" do euro a 10 anos, que negoceia esta quarta-feira nos 1,32%, tendo acabado por recuar para 35 pontos base.

A quebra foi ligeira apesar do forte apetite pelos títulos, já que os livros superaram os 15,5 mil milhões de euros, o que representa uma procura 5,2 vezes superior à oferta. Assim, o cupão das OT com maturidade em julho de 2032 fixou-se em 1,67%.

"Há um ano o cupão tinha sido de 0,3, o que representa uma subida de cerca de 137 pontos base no custo desta nova emissão. A subida acaba por refletir o momento que temos no mercado de dívida", sublinha Filipe Silva. 

À antecipação da normalização da política monetária pelos principais bancos centrais juntou-se, mais recentemente, o receio sobre o impacto da guerra na desaceleração económica, levando a uma subida nos juros. Em simultâneo, chegou em março ao fim o mega programa pandémico do Banco Central Europeu (BCE) que garantia a compra de grande parte da dívida europeia que chegava ao mercado. 

 

Desde o início do ano, os custos de financiamento de nova dívida portuguesa subiram para 1,1%, o que compara com 0,6% em 2021 e 0,5% em 2020. O mesmo acontece em mercado secundário. Após ter ultrapassado ontem a barreira de 1,5% pela primeira vez em três anos, as obrigações portuguesas a 10 anos negoceiam esta quarta-feira nos 1,553%.


"Apesar do aumento dos prémios de risco que estamos a verificar globalmente e que podem vir a prejudicar os países mais endividados, ainda estamos longe dos níveis críticos de taxas", ressalva o diretor de investimentos do Banco Carregosa.

Apesar das vendas sindicadas terem tendencialmente um juro mais elevado do que os leilões, são uma forma de garantir uma fatia considerável de financiamento ao Estado. Desta vez, o IGCP contratou o Barclays, o BBVA, o CaixaBI, o Deutsche Bank, o J.P. Morgan e o Santander como "joint lead managers" da operação.

 

Esta é a segunda venda sindicada de dívida pública portuguesa deste ano. Na primeira, o país emitiu três mil milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) a 20 anos com um juro próximo de 1,2%. O montante arrecadado representou mais de metade das necessidades de financiamento do país no primeiro trimestre, tendo sido também realizados dois leilões, nos quais o Tesouro angariou 2,25 mil milhões de euros.

(Notícia atualizada às 12:15 horas com dados finais da operação)

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