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Portugal emite três mil milhões em dívida a 10 anos com juro a disparar para 1,67%
O forte apetite pelas obrigações do Tesouro portuguesas não travou o agravamento dos juros. O recuo dos bancos centrais e o medo de que a guerra acelere ainda mais a inflação penalizaram o país.
Portugal esteve no mercado esta quarta-feira para uma venda sindicada de dívida pública, na qual colocou 3 mil milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) a 10 anos. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública - IGCP tinha contratado um sindicato bancário para a operação, que acabou por fechar com um forte agravamento nos juros.
A "yield" para a nova linha "benchmark" fixou-se em
"Há um ano o cupão tinha sido de 0,3, o que representa uma subida de cerca de 137 pontos base no custo desta nova emissão. A subida acaba por refletir o momento que temos no mercado de dívida", sublinha Filipe Silva.
À antecipação da normalização da política monetária pelos principais bancos centrais juntou-se, mais recentemente, o receio sobre o impacto da guerra na desaceleração económica, levando a uma subida nos juros. Em simultâneo, chegou em março ao fim o mega programa pandémico do Banco Central Europeu (BCE) que garantia a compra de grande parte da dívida europeia que chegava ao mercado.
Desde o início do ano, os custos de financiamento de nova dívida portuguesa subiram para 1,1%, o que compara com 0,6% em 2021 e 0,5% em 2020. O mesmo acontece em mercado secundário. Após ter ultrapassado ontem a barreira de 1,5% pela primeira vez em três anos, as obrigações portuguesas a 10 anos negoceiam esta quarta-feira nos 1,553%.
"Apesar do aumento dos prémios de risco que estamos a verificar globalmente e que podem vir a prejudicar os países mais endividados, ainda estamos longe dos níveis críticos de taxas", ressalva o
Apesar das vendas sindicadas terem tendencialmente um juro mais elevado do que os leilões, são uma forma de garantir uma fatia considerável de financiamento ao Estado. Desta vez, o IGCP contratou o Barclays, o BBVA, o CaixaBI, o Deutsche Bank, o J.P. Morgan e o Santander como "joint lead managers" da operação.
Esta é a segunda venda sindicada de dívida pública portuguesa deste ano. Na primeira, o país emitiu três mil milhões de euros em obrigações do Tesouro (OT) a 20 anos com um juro próximo de 1,2%. O montante arrecadado representou mais de metade das necessidades de financiamento do país no primeiro trimestre, tendo sido também realizados dois leilões, nos quais o Tesouro angariou 2,25 mil milhões de euros.
(Notícia atualizada às 12:15 horas com dados finais da operação)